Safra 2022/23: Mercado se prepara para receber novas informações de clima e área dos EUA

Publicado em 28/03/2022 17:01

Enquanto o mercado espera pelos novos números de área de plantio que o USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) a serem reportados nesta quinta-feira, 31 de março, os traders também monitoram as condições de clima no Corn Belt para o início da safra 2021/22. E ao lado dos dados de área e do cenário climático, os traders ainda seguem de olho nos elevados custos de produção - que são os mais altos em mais de duas décadas - que pegarão em cheio e primeiro os produtores norte-americanos. 

"Em meio aos preços historicamente altos dos fertilizantes, há muitas especulações interessantes, incluindo a perspectiva de que mais hectares serão plantados com soja versus milho este ano – um cenário que raramente acontece", afirmam os analistas do portal internacional Farm Futures.

A safra 2022/23 dos Estados Unidos já começa com uma responsabilidade grande de vir cheia para começar a equalizar as relações entre oferta e demanda de grãos, em um momento onde a disrupção nas cadeias de suprimento é uma das piores da história com o avanço na guerra entre Rússia e Ucrânia que vem logo na sequência de quebras severas nas últimas temporadas - em especial a safra 2021/22 de soja e milho na América do Sul - já deixando um déficit enorme nos estoques globais. 

CONDIÇÕES DE CLIMA

Segundo explica o consultor de mercado Aaron Edwards, da Roach Ag Marketing, as principais de produção de grãos dos Estados Unidos estão com chuvas dentro da normalidade e as que estavam sofrendo com menos umidade desde o ano passado - com as Dakotas e o Nebraska, por exemplo - ainda passam por essa condição. 

Observando os mapas dos últimos 30 dias, ainda como detalha Edwars, há áreas críticas de seca, mas já no mapa dos últimos 15, a situação é menos drástica dadas as boas chuvas que caíram no cinturão nas últimas semanas. 

Chuvas dos últimos 30 dias nos EUA - Mapa: World Ag Weather 
Chuvas dos últimos 15 dias nos EUA - Mapa: World Ag Weather 

"A grosso modo está cedo para se preocupar com o clima. As áreas principais do cinturão estão com chuva adequada por enquanto, o que deve ajudar o começo do plantio. As áreas do ano passado que estavam secas continuam secas. Essa é uma dúvida que ainda temos", afirma o consultor.

Os últimos dias também têm sido de chuvas consideráveis chegando a regiões importantes de produção nos Estados Unidos, e com a continuidade nos próximos. O mapa a seguir, do NOAA - o serviço oficial de clima dos EUA - mostram bons volumes chegando ao coração do Corn Belt nas próximas 72 horas. 

Chuvas previstas para os próximos 3 dias dias nos EUA - Mapa: NOAA

Nos mapas mais alongados, com a previsão para os próximos 6 a 10 dias, as precipitações também se concentram mais na região central dos EUA. 

"As previsões oficiais de 6 a 10 dias mostram um clima mais úmido para as Planícies Centrais entre 2 e 6 de abril, embora condições mais secas do que o normal possam se desenvolver na metade mais a norte do centro-oeste durante esse período. Condições generalizadas mais frias do que o normal também são prováveis ​​para o Cinturão do Milho na próxima semana", informam o NOAA o portal Farm Futures.

EXPECTATIVAS PARA ÁREA

Como afirmou Aaron Edwars, ainda é cedo para o clima, mas nem tanto para a área de plantio estimada. O novo boletim do USDA deste dia 31 é esperado com bastante ansiedade pelo mercado, principalmente depois da disparada dos preços dos trigo e do milho com o início da guerra. A expectativa do mercado é de que algumas mudanças se apresentem em relação aos números trazidos pelo USDA em seu Outlook Forum do dia 24 de fevereiro.

Para a soja, as projeções variam de 34,8 a 37,31 milhões de hectares, com média de 35,91 milhões. No fórum o número veio em 35,61 milhões de hectares, já superando a área da safra passada, de 35,29 milhões. 

Já no caso do milho, os números trabalham em um intervalo de 36,3 a 37,84 milhões de hectares, com a média das expectartivas em 37,23 milhões, alinhada com a projeção de 24 de fevereiro. Na safra 2021/22, os EUA cultivaram 37,78 milhões de hectares com o cereal. 

As expectativas indicam também um considerável aumento na área plantada com trigo nos EUA, a qual poderia ficar entre 18,58 e 19,79 milhões de hectares, com média em 19,33 milhões, e frente aos 18,9 milhões da safra anterior. No fórum, o USDA estimou a área dedicada ao cereal em 19,43 milhões de hectares.

"As estimativas estão bem abertas, principalmente para o milho e soja, refletindo as variáveis custo de produção, disponibilidade de insumos e preço. O interessante é que nenhuma das 40 estimativas (Reuters e Bloomberg) vê a área de milho acima do ano passado em 37,8 milhões de hectares (93,4 milhões de acres). Já para soja, muitas estimavas chegando ao recorde histórico em 36,42 milhões de hectares (90 milhões de acres) e poucas menores que o ano passado em 35,29 milhões de ha (87,2 milhões de acres)", explica Eduardo Vanin, analista de mercado da Agrinvest Commodities. 

Assim, o mercado também acompanha a janela de plantio que estará "disponível" para o produtor norte-americano - de olho nas condições e clima - e na disponibilidade de insumos. 

"O custo de produção e a disponibilidade é outro importante tema. Durante todo o mês de setembro até novembro, a relação de troca entre ureia e milho esteve muito alta, perto de 2,8:1,0 – 2,8 toneladas de milho para 1,0 de ureia. Isso pode ter impedido o produtor americano a aumentar a área de milho? Esse é o ponto chave para esse relatório. Para a soja, a disponibilidade de KCl também conta, mas agrônomos falam que não seria um problema para o meio oeste plantar com menos", complementa Vanin.

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Por: Carla Mendes | Instagram @jornalistadasoja
Fonte: Notícias Agrícolas

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