Arroz: Fraca demanda e proximidade da colheita no Brasil pressionam cotações
Os preços do arroz no mercado interno brasileiro têm recuado nos últimos dias, segundo análises das cotações das principais praças de comercialização do país. Esse cenário, após altas recordes nos últimos meses, acompanha a fraca demanda pelo cereal desde meados de novembro com indústrias abastecidase menores temores de escassez do produto pelo menos até a colheita da nova safra que começará no início do próximo ano.
O Indicador ESALQ/SENAR-RS, 58% grãos inteiros, com pagamento à vista, registrou queda de 2,83% entre 14 e 21 de dezembro, fechando a R$ 94,30/saca de 50 kg nessa segunda-feira (21).“Conforme colaboradores do Cepea, boa parte das beneficiadoras está menos presente no mercado spot devido à redução da demanda dos setores atacadista e varejista nos grandes centros consumidores”, disse em nota oCentro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), da Esalq-USP, que acompanha as movimentações dos preços do arroz desde 2005 no Brasil.
Neste ano, o recorde do Indicador foi de R$ 106,34/saca em outubro. Em praças de comercialização do Brasil central, os preços também têm recuado. Em Sorriso (MT), a saca de 60 kg foi cotada em R$ 120,00/saca na segunda, sobre R$b 130,00/saca na semana anterior, segundo dados apurados pelo Notícias Agrícolas. No Oeste da Bahia, a saca está em R$ 75 e em São Paulo em R$ 124,11.
A colheita do arroz começa nas principais origens produtoras no início do próximo ano e, apesar da expectativa de uma safra menor do que a anterior, o mercado não teme desequilíbrios entre oferta e demanda. Diante desse cenário, a liberação das compras de arroz de fora do Mercosul com isenção da Tarifa Externa Comum (TEC) para 400 mil toneladas não deve ser utilizada totalmente neste ano.
A safra 2020/21 de arroz do Brasil tem estimativa de plantio em uma área de 1,72 milhão de hectares plantados entre sequeiro (394 mil ha) e irrigado (1,32 milhão de ha), segundo a última atualização de safra da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), sobre 1,66 milhão de ha na temporada anterior, e produção de 10,94 milhões de toneladas, sendo 9,99 milhões de t de irrigado e 950,1 mil t de sequeiro, ante 11,18 milhões de t em 2019/20.
Apesar das recentes oscilações de baixa no mercado interno do arroz, os patamares de preço nos últimos meses garantiram melhores margens de lucro aos rizicultores no Brasil, após anos amargando perdas e até migração para outras culturas por conta das baixas cotações. "Esse cenário melhorou as perspectivas de um setor que viu nos últimos anos diversos rizicultores migrarem de atividade", disse Angelo Maronezzi, engenheiro agrônomo e diretor da Agro Norte Pesquisa e Sementes, em entrevista. A Agro Norte Pesquisa e Sementes desenvolve e comercializa desde 1994 novas cultivares de arroz, feijão, soja convencional e outros grãos, além de tecnologias esistemas de produção para os agricultores.