Colheita deve ganhar mais ritmo nos próximos dias, mas já pressiona preços e prêmios de soja e milho nos EUA

Publicado em 23/09/2020 15:43 e atualizado em 23/09/2020 16:20

A colheita da safra 2020/21 de grãos dos EUA está a pleno vapor e, como tradicionalmente acontece, exerce certa pressão sobre as cotações da soja e do milho na Bolsa de Chicago. Embora a demanda seja consistente e frequente - no caso de ambas as culturas - a entrada efetiva de duas ofertas robustas pesa sobre o andamento dos preços. 

"As previsões do tempo e as atuais condições favorecendo o ritmo rápido da colheita e melhorando as condições da safra, além das perspectivas de grandes estoques finais fizeram com que os futuros do milho recuassem no pregão desta quarta-feira. E a pressão da colheita pesou também sobre o mercado disponível norte-americano", explica Jacquie Holland, analista de mercado do portal americano Farm Futures. 

O mesmo, de acordo com a analista, pode ser observado entre as cotações da soja. "Os preços do mercado físico americano da oleaginosa continuam perdendo força diante dessa pressão nos elevators e nas plantas processadoras em todo Meio-Oeste. Os prêmios também se mostram mais fracos", explica Jacquie. "Assim, as vendas também se mostram mais estáveis nestes últimos dias, principalmente diante das previsões climáticas se mostrando favoráveis para a colheita nas próximas duas semanas". 

De acordo com os últimos números do USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) reportados na segunda-feira (21), são 6% da área de soja e 8% da área de milho já colhidas, e as expectativas são de que os trabalhos de campo ganhem mais tração e ritmo nestes próximos dias, especialmente neste final de semana, com o clima quente e seco previsto para quase todo o Corn Belt. 

Fotos: Joel Hemingway/Twitter

De acordo com informações da Reuters Internacional levantadas por sua especialista Karen Braun, os resultados do milho colhido no Kansas surpreenderam pela produtividade. 

Já soja que começa a ser colhida em Iowa trouxe números abaixo do esperado. Segundo os produtores, a falta de chuvas no final do desenvolvimento da oleaginosa - especialmente no período de enchimento de grãos - tirou um pouco de peso e tamanho dos grãos e reduziu, portanto, a performance das plantas. Para ao milho a colheita já começou em algumas regiões do estado, mas ganhará mais força no decorrer desta semana. "Os resultados iniciais do milho não foram piores do que o esperado após o derecho (vendaval do início do mês) e o final seco do mês passado, embora seja muito cedo para julgar", afirma a especialista.

Colheita em Carlisle, Iowa - Fotos de Derek Dunn, no Twitter

Em Illinois, o excesso de umidade em alguns campos vinha prejudicando o ritmo dos trabalhos e com o tempo mais seco esperado, pode haver uma retomada desse ritmo. 

Colheita em Beecher City, Illinois - Fotos de Blake McKay/Twitter

No Nebraska, bom avanço nas áreas mais secas, porém, com os primeiros índices de produtividade um tanto desapontadores. Já em Indiana, ainda segundo Braun, os produtores relatam um progresso ainda baixo, mas com boas condições senod verificadas para o milho.

Colheita em Indiana - Fotos de Drake Fleck/Twitter

Os trabalhos deverão ser iniciados com mais força e expressão no final desta semana em Ohio - para a soja - na Dakota do Norte e no sul de Minnesota. 

Ao portal Farm Futures, produtores de diversos estados vêm relatando condições diferentes em cada estado. No Kentucky, por exemplo, há boas perspectivas e índices de produtividade acima da média no caso do milho. Da mesma forma, de Minnesota e da porção leste do cinturão bons relatos também chegam. 

O ritmo da colheita, no entato, é que ainda se mostra um pouco mais lento do que o 'ideal'. E com isso, as perdas que foram provocadas pelo tempo muito quente e seco no final dos ciclos ainda não podem ser contabilizadas tanto para o milho, quanto para a soja. E por isso os primeiros números obtidos com as colheitadeiras em atividade ainda são bastante irregulares, de acordo com os analistas do Farm Futures. 

"Mesmo com o amadurecimento da safra, uma estação de cultivo marcada por danos causados ​​pelo vento, estresse por calor, seca, falta de nutrientes e até mesmo uma geada precoce poderia resultar em plantas de soja menos produtivas em 2020", diz o portal. 

Em seu último boletim mensal de oferta e demanda, o USDA estimou a safra norte-americana 2020/21 de soja em 117,387 milhões de toneladas, com produtividade média de 58,17 sacas por hectare, e a de milho em 378,48 milhões, e rendimento de 186,72 sacas/ha. 

"As condições de safra nos Estados Unidos voltaram a se elevar, justificando uma melhor saúde das culturas em campo que estão em reta final de desenvolvimento e se aproximando da colheita", resume bem a ARC Mercosul. 

Com informações do Farm Futures, USDA e Reuters Internacional e ARC Mercosul

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Por: Carla Mendes | Instagram @jornalistadasoja
Fonte: Notícias Agrícolas

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