Importações brasileiras de trigo devem ser as mais baixas desde a década de 90
O Brasil baixou as estimativas da demanda mundial de trigo ao revelar que suas importações cairão para o nível mais baixo desde a década de 1990, impulsionado por uma melhor safra neste ano.
A Companhia Nacional do Abastecimento (Conab) cortou em 200 toneladas, para 5,1 milhões de toneladas, sua estimativa para as importações brasileiras de trigo em 2016/17.
A Índia, onde os preços do trigo alcançaram recordes no mês passado, cortou seus impostos de importação em 10%, alimentando ideias de que a colheita no país estava abaixo da estimativa oficial.
Alguns especuladores acreditam que as compras indianas irão atingir 5 milhões de toneladas nesa temporada - uma cifra, agora, em linha com a do Brasil, que é um importador estrutural do cereal.
Resultados surpreendentes
A Conab afirmou que o corte para a previsão de importação refletiu em uma safra que deve atingir um recorde de 6,7 milhões de toneladas - 400 mil toneladas a mais do que o esperado no mês passado e um salto de 21% em relação ao ano anterior.
A atualização dos números refletiu em melhores esperanças para as colheitas nos dois principais estados produtores, o Paraná e o Rio Grande do Sul
A safra do Rio Grande do Sul caminha para sua etapa final, com "resultados surpreendentes", tanto em termos de qualidade quanto de rendimento, apesar das adversidades climáticas durante a fase de crescimento.
No Paraná, onde a safra já está praticamente terminada, houve um excelente rendimento, de cerca de 52 sacas por hectare.
A qualidade do grão também entra em destaque na safra, já que maior parte a colheita apresenta bons resultados nas análises.
Trigo argentino
A oferta de trigo no Mercosul será ampla, de acordo com a Conab. A Argentina deve aumentar sua produção de 11,3 milhões de toneladas para 14,4 milhões de toneladas, fornecendo trigo de boa qualidade ao mercado.
Com isso, haverá um superávit de 8 milhões de toneladas na Argentina, o que exige a continuidade de um bom padrão de exportações no país, para evitar o aumento das ações.
A Argentina deve exportar cerca de metade desse excedente para o Brasil, representando 78% do número que será importado pelo país.
Os outros 1,1 milhões de toneladas serão importados de outras origens, como Paraguai, Uruguai e Estados Unidos.
Tradução: Izadora Pimenta