Falta de chuvas castiga principal zona produtora de trigo na Argentina

Publicado em 29/11/2016 10:22

As chuvas do final de semana deixaram até 75 milímetros no oeste de Buenos Aires e no norte de La Pampa e agravaram a situação de excessos hídricos que há havia na região. Além disso, também caíram de 30 a 100mm em grande parte de Entre Ríos, no centro-norte de Santa Fe e de 20 a 30mm no norte de Buenos Aires. No entanto, faltaram chuvas no sudeste da província de Buenos Aires, a zona de maior potencial de rendimento para o trigo, no momento em que as precipitações eram muito aguardadas.

Nesta safra, o sudeste de Buenos Aires plantou 460.000 hectares de trigo. Junto com o sudoeste e o sul da La Pampa, onde foram plantados mais 515.000 hectares, forma uma macrorregião que representa quase 23% do trigo plantado no país (4,3 milhões de hectares). Há dez dias, o sudeste sofreu uma geada tardia que gerou sérios danos no cereal. Antes, também houve perdas por granizo.

"O Sudeste de Buenos Aires é uma zona agroclimática que possui uma falta de água muito grave. Desde 15 de setembro até agora, nenhuma chuva passou os 10mm desde Azul até Mar del Plata, Necochea, Balcarce, Tres Arroyos, San Cayetano e La Dulce", disse ao La Nación o gerente de produção do Grupo Los Grobo, Emanuel Bodega.

Na região, a data de plantio do trigo foi atrasada por conta de uma situação inicial de excesso hídrico. 70% da produção foi plantada entre julho e agosto. Por isso, segundo Bodega, já se estima 15% a menos de rendimento potencial em relação ao rendimento da janela ideal. De todos os modos, graças ao cereal que começou com um solo carregado de água, se pode compensar em parte a escassez de precipitações e isso permite que haja expectativas de safra regular a normal em algumas zonas. Para o gerente, as temperaturas e as chuvas das próximas duas semanas serão pontos chave para o resultado final.

"Os trigos estão em fase de enchimento de grãos e sem reserva de umidade no solo. O rendimento potencial já está afetado e depende de uma chuva em breve que não se converta em desastre", disse Esteban Bilbao, assessor da empresa Agroestudio Viento Sur SRL. O assessor não descarta uma baixa de até 30% no potencial somado também ao efeito das geadas.

Por sua parte, Esteban Copati, analista da Bolsa de Cereais de Buenos Aires, explicou: "é muito provável que grande parte do Sudeste e uma maior parte do Sudoeste (onde até a semana passada havia um déficit em menor proporção) comecem a complicar-se, sobretudo tendo em conta as temperaturas elevadas. Em alguns quadros, onde a falta de umidade se somou a geadas, a condição do cultivo é ruim e já está antecipando quedas abaixo da média histórica. A seca foi potencializada pela falta de umidade no solo", disse.

No Sudeste, a outra preocupação é com as geadas tardias de -2 a 1°C que ocorreram há dez dias em algumas localidades. Alguns lotes tiveram 70% de sua superfície afetada, com 40% de redução no número de grãos na zona de Balcarce e Mar del Plata.

Tradução: Izadora Pimenta

Fonte: La Nación - Campo

NOTÍCIAS RELACIONADAS

Ibrafe: Produtores armazenam feijão olhando para o final do ano
Ibrafe: Mercado do feijão indica novas desvalorizações
Chuva atrasou plantio da canola, mas lavouras estão se desenvolvendo bem no momento
Clima seco e quente, mutação da mosca branca e não cumprimento do vazio sanitário fizeram explodir as viroses do feijão
Ibrafe: Perdas em São Paulo não impedem recuo nos preços do Feijão-carioca
Câmara Setorial do Amendoim se reúne para discutir criação do Dia Nacional do Amendoim