O WhatsApp por todos e todos pelo WhatsApp. Conheça a história do "Clube Só Feijão”

Publicado em 29/09/2016 14:45 e atualizado em 29/09/2016 16:07

Por João Henrique Bosco

O WhatsApp está incorporado ao nosso dia a dia. Já é tão comum que nas vezes em que foi retirado do ar, ficamos todos meio perdidos, não é mesmo?  Agora você já imaginou usar esta ferramenta para mudar a realidade de uma classe inteira? É o que está acontecendo com os produtores de feijão. A especulação dos atravessadores somada à falta de informação das transações em outros estados, sempre ajudaram a baixar o preço. Como dizem os próprios plantadores: "O comprador chega lá em casa e diz que nos outros estados estão vendendo a “tanto” e que o preço vai cair. Que o é melhor vender logo pra não perder mais dinheiro. Muitos acabam se rendendo".  

Pois não é que o WhatsApp está mudando esta realidade? Conectados pela tecnologia, Minas Gerais e Goiás unificaram os grupos e criaram o Clube Só Feijão. A virada iniciou pelo presidente do IBRAFE, o Instituto Brasileiro do Feijão e Pulses. Marcelo Luders sempre utilizou a ferramenta como instrumento de trabalho. Procurado diariamente por produtores para esclarecer dúvidas do mercado, resolveu democratizar as informações. Começou por Minas Gerais. No início eram poucos agricultores, mas logo o grupo cresceu. Conversando entre si ficou mais fácil saber o volume que cada um estava produzindo, a área plantada e o valor da venda.

Luders repetiu a estratégia com os produtores de Goiás e logo pensou, "porque não unificar os dois estados no mesmo grupo?" No início, segundo ele, foi difícil. Mas logo todos estavam entrosados. "Foi preciso criar um ambiente de confiança. Temos regras que precisam ser seguidas. Não se fala de política, não se conta piada, só se fala sobre o mercado do feijão. Isto logo deu resultado e eles sentiram os efeitos no bolso"

O DIA "D"

Poucas palavras com João Alves são suficientes para identificar nele um excelente comunicador. Talvez por isto tenha se adaptado tão fácil ao aplicativo. O agricultor de Paracatu, MG, é um dos mais atuantes e bem humorados. “Até dar bom dia é complicado. São 256 participantes, o máximo que o aplicativo permite. Se cada um entrar dando bom dia, o último já vai dar boa tarde.

Ele conta o episódio considerado por todos um divisor de águas.

"Com a pouca oferta de feijão o preço da saca estava na casa dos R$ 500,00. De repente se espalhou o boato que o preço havia despencado para R$ 200,00. Houve muita apreensão entre todos. Alguns já estavam pensando em vender pelo preço mais baixo. Uma desinformação total. Foi quando nosso grupo fez toda diferença"

Conectados, os produtores trocaram informações e chegaram à conclusão de que a notícia não fazia o menor sentido. "Era apenas mais uma, entre tantas tentativas de manipulação do mercado. Não fosse nossa união por meio do aplicativo perderíamos mais de R$100,00 por saca" constata João.

 

 

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Fonte: João Henrique Bosco

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