Na Folha: Preço do feijão dispara, e medidas do governo devem ter pouco efeito
Na terra da soja, falta feijão. E os motivos são óbvios. Um hectare semeado com feijão rende 997 quilos. No mesmo espaço, colhem-se 3.000 quilos de soja.
A consequência é a alta de preço: o quilo do feijão, que estava de R$ 8 a 12 nos supermercados há duas semanas, já chega a R$ 14 a R$ 18, dependendo do tipo e da qualidade. Em 12 meses, a alta (IPCA15) do feijãocarioca, o mais consumido do país, com 70% da demanda, é de 58,6%. O produto passou a ser um dos principais fatores de pressão na inflação brasileira.
Para tentar reduzir o preço, o presidente interino, Michel Temer, anunciou nesta quarta (22) que o país irá aumentar a compra de feijão de três países do Mercosul: Argentina, Paraguai e Bolívia.
A medida, no entanto, deve ter pouco efeito, pois o feijão carioca, tipicamente brasileiro, praticamente não é encontrado para a importação em outros países.
Os custos de produção e os riscos da cultura do feijão são bem mais elevados do que os da soja, produto com mais resistência e maior liquidez no mercado internacional.
O preço da saca de feijão, em R$ 150 em períodos normais, vale mais do que o da soja (R$ 70), mas é um mercado mais incerto do que o da oleaginosa e tem grandes variações durante o ano.
Foi o que ocorreu neste ano. A área destinada ao cultivo do feijão na primeira safra foi 9% menor que a do ano anterior.
A segunda safra –que está sendo colhida– e a terceira também vão apresentar áreas menores.
Acrescentese uma dose de problemas climáticos à redução de área, a produção total de feijão neste ano deverá ser inferior a 3 milhões de toneladas. Em anos normais, o consumo é de 3,5 milhões de toneladas.
Com a provável ineficácia da importação, o ajuste de mercado vai ser pela queda na demanda, segundo Vlamir Brandalizze, analista da Brandalizze Consulting, de Curitiba. Com escassez de produto, dificuldades de importação e preços elevados, o consumo nacional deste ano deverá cair e reduzir a pressão nos preços.
A resposta do produtor também deverá reduzir a pressão sobre os preços, segundo Brandalizze, uma vez que essa é uma cultura muito rápida e se planta basicamente feijão o ano todo.
ALTERNATIVAS
O país deverá buscar a leguminosa na China e na Argentina. Os argentinos colherão pelo menos 130 mil toneladas de feijãopreto, e boa parte desse volume já é produzida tendo como meta o mercado brasileiro.
O Brasil poderá buscar também um pouco de feijãocarioca na Bolívia, produzido por brasileiros, mas o volume é muito pequeno em relação à necessidade nacional.
O México, país que também poderia fornecer feijão ao Brasil, passou a ser importador nos últimos anos, devido a problemas climáticos. Os mexicanos buscam feijão nos EUA e na China.
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Na Revista Globo Rural: Importar feijão ameniza, mas não resolve abastecimento
A decisão de autorizar a importação de feijão, anunciada pelo governo, ajuda a amenizar a atual situação de oferta e demanda do produto, mas parece mais uma resposta política para a população do que uma decisão de mercado. É o que afirma o presidente do Instituto Brasileiro do Feijão (Ibrafe), Marcelo Lüders, que concedeu entrevista, por telefone, a Globo Rural.
"Não há muito o que fazer neste momento simplesmente porque não tem feijão. Não há estoques, faltou apoio ao produtor. Mas o governo precisa dar uma resposta para a população", destaca Lüders.
Nesta quarta-feira (22/6), o governo federal informou que estuda como possibilitar a importação do grão de países como México e China, além das remessas da Bolívia, Argentina e Paraguai. A decisão foi tomada em meio aos altos preços no mercado interno, em função de problemas climáticos que afetaram a produção no país.
Leia a notícia na íntegra no site da Revista Globo Rural.