Falta de matéria-prima para produzir farinha de trigo força moinhos a importarem mais
O revés da última safra de trigo no Estado não afetou apenas a rentabilidade dos agricultores. Para os moinhos gaúchos, a quebra na produção significou necessidade de importar mais e levou o setor a perder competitividade na relação com as indústrias de outros Estados.
Estimativas do Sindicato das Industrias de Trigo do Rio Grande do Sul (Sinditrigo-RS) indicam que, este ano, a importação de matéria-prima - principalmente da Argentina, do Uruguai e do Paraguai - pode chegar a 500 mil toneladas, volume que seria 40% superior ao que precisou ser adquirido no Exterior ano passado. Em regra, o trigo importado chega ao Estado para ser moído entre 10% e 15% mais caro em relação ao produto gaúcho, calcula o presidente do Sinditrigo, Andreas Elter.
- Tradicionalmente os moinhos do Rio Grande do Sul mandam entre 35% e 40% da farinha produzida para outros Estados. Perdemos competitividade por não termos trigo em quantidade e qualidade. Enquanto isso, o Paraná colheu antes e teve safra plena - observa Elter.
A expectativa é de que, em 2016, os moinhos gaúchos produzam cerca de 1,6 milhão de toneladas, 7% abaixo do ano passado. Embora seja difícil mensurar a contribuição exata da crise, a queda no poder de compra dos consumidores também vai contribuir para a produção menor, diz Elter. Mesmo assim, os custos maiores com o trigo importado, tanto devido ao câmbio quanto pela logística, forçam os moinhos a reajustar os preços das farinhas. Ao longo do ano, o aumento variou de 8% a 9%, também devido à pressão de outros gastos como energia, frete, insumos, embalagens e salários.
Para o presidente da Câmara Setorial de Culturas de Inverno do Ministério da Agricultura, Flávio Turra, também gerente técnico e econômico da Organização das Cooperativas do Estado do Paraná (Ocepar), a moagem no país ficará estável em 2016 em 10 milhões de toneladas, depois de dois anos seguidos de queda. O quadro, avalia Turra, é resultado da recessão atravessada pelo país.
- A população está sentindo a crise. Com a renda em queda, há redução no consumo de massas e pães, principalmente massas - diz Turra.
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