Atraso da soja coloca milho “safrinha” em risco, aponta FCStone
Os atrasos do ciclo da soja, que devem resultar em parte da safra de inverno de milho plantada fora da janela ideal, trazem preocupações quanto ao potencial produtivo do milho de inverno na safra 2015/16 que, de acordo com a estimativa da consultoria INTL FCStone, ficará em 53,27 milhões de toneladas.
Esse é o primeiro número estimado pela consultoria para a segunda safra do cereal. Apesar do aumento da expectativa para a área plantada, a queda da produção frente a 2014/15 considera os impactos de um clima menos favorável para o grão que será semeado mais tardiamente.
“A segunda safra de milho está sujeita a um maior risco climático, uma vez que as chuvas tendem a diminuir a partir de abril e maio e as temperaturas mais baixas podem contribuir para a ocorrência de geadas, por exemplo”, avalia Ana Luiza Lodi, analista da consultoria.
Safra de verão
Em sua revisão de dezembro, a INTL FCStone trouxe uma leve redução da estimativa de área plantada para a primeira safra 2015/16 de milho, em 27,86 milhões de toneladas, com os produtores dando cada vez mais preferência à soja no verão, concentrando o cultivo do milho no inverno.
O rendimento médio esperado para a primeira safra, no entanto, não sofreu ajustes, em linha com as expectativas favoráveis.
100 milhões de toneladas de soja por água abaixo
A produção brasileira de soja deve ser de 98,8 milhões de toneladas na safra 2015/16, segundo calcula a INTL FCStone em sua revisão de dezembro. No mês anterior a consultoria havia apontado uma tendência de queda no potencial produtivo da oleaginosa, devido a irregularidade climática nas regiões produtoras, que vem se confirmando.
“No Matopiba [Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia], a preocupação com o clima é ainda maior do que no Centro-Oeste, pois, ao contrário do que ocorre nesta última região (onde o volume de precipitação normal para a época é muito alto e além do necessário para o desenvolvimento da soja), se as chuvas são menos abundantes do que o esperado, isso provavelmente resultará em prejuízos para a produtividade”, explica a analista de soja, Natália Orlovicin, da INTL FCStone.
Apesar de o número romper com a expectativa inicial, de 100 milhões de toneladas, a produção é maior do que a atingida no ciclo anterior, em especial por conta do contínuo aumento na área plantada. No sul do país, as precipitações continuam acima do normal, beneficiando as lavouras de soja e trazendo perspectivas positivas para os produtores.