Estimativa da safra de grãos dos EUA deve ser reduzida, avalia INTL FCStone
Os últimos números do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) sinalizaram um caminho oposto do que acreditava o mercado. A produtividade estimada para a safra 2015/16 dos EUA em 168,8 bu/acre de milho e 46,9 bu/acre no caso da soja estão em níveis elevados, se comparados aos números apostados mesmo período do ano anterior (167,4 bu/acre e 45,4 bu/acre, respectivamente), momento em que ambas culturas apresentavam condições mais favoráveis das lavouras.
Para avaliar as diferenças entre as produtividades do milho e da soja divulgadas em agosto e em janeiro pelo USDA, a consultoria INTL FCStone lançou um estudo que analisa as estimativas de safra desde 2000. Para o milho, a analista Ana Luiza Lodi destaca que não há um padrão pré-definido nos números do Departamento. “Há anos em que a produtividade termina em um nível mais elevado que o estimado no relatório de agosto, como nas duas últimas safras, e há anos em que esse número acaba sendo revisado para baixo”, observa.
Produtividade da safra de milho (agosto e final)
Fonte: USDA
Em 2014 os milharais configuravam percentual bom/ excelente das lavouras em 72%, enquanto neste ano o alcançado está em 3 pontos percentuais abaixo. Para a soja, embora menos expressiva, uma queda também foi verificada: de 64% de lavouras em condições boas/ excelentes para 63% no atual ciclo. Esses fatores, que poderiam indicar uma previsão menos robusta, acabaram não sendo suficientes para configurar uma safra menor, segundo indicou o USDA.
Essa expectativa de redução da estimativa, por parte do mercado, vinha de uma percepção de que as chuvas registradas nas regiões produtoras durante a segunda quinzena de junho trariam um impacto negativo sobre as lavouras de milho e de soja, cujo plantio acabou ocorrendo fora da janela ideal.
“Como o poder de recuperação da soja é bem elevado e nesta fase a umidade é crucial para o potencial produtivo, há quem acredite que o número final de produtividade possa realmente chegar próximo ao estimado pelo USDA”, pondera a analista de soja da INTL FCStone, Natalia Orlovicin. Ainda assim, a especialista conclui que há maior possibilidade de uma redução até o relatório final de janeiro.
Entre as variáveis que poderiam levar o Departamento a reduzir sua estimativa de soja seria o clima mais seco no final de julho e início de agosto, especialmente no noroeste do cinturão, que pode ter prejudicado a produtividade, uma vez que boa parte das lavouras estavam em fase de enchimento de grão, quando a umidade é essencial. No caso do milho, o estresse hídrico em algumas regiões (de Ohio e Indiana) em julho e início de agosto também poderia reduzir o potencial produtivo.