Influência do câmbio sobre o preço dos grãos favorece localidades com logística complicada
Com uma taxa de câmbio mais elevada, a queda do preço do frete em dólar torna-se uma vantagem competitiva para o escoamento de grãos, com destaque para as regiões onde a logística é mais complicada.
Recente estudo divulgado pela consultoria INTL FCStone avaliou os impactos da alta do dólar sobre os custos da produção da soja e do milho no Brasil. A análise destacou a participação do frete, cujo valor tem um peso muito significativo no preço final do produto. “Esse ganho fictício de competitividade logística, sem a efetiva realização de obras de ‘infraestrutura’, deve ser levado em conta pelo produtor, pois pode se tornar uma vantagem muito significativa”, explicou a consultoria em relatório.
No Brasil, os problemas logísticos são amplos: se estendem desde a armazenagem insuficiente nas fazendas, à limitação da capacidade dos portos. Talvez ainda mais central seja a escolha histórica pelo modal rodoviário como base do transporte de cargas, completamente inadequado para atender um país de dimensões continentais, muito menos os produtores do Centro-Oeste, que podem estar até 2.000 km distantes do porto mais próximo.
A analista de soja da INTL FCStone, Natalia Orlovicin, avalia que a alta da taxa de câmbio imprime uma melhora na competitividade de algumas regiões em relação a outras praças e também na margem do produtor destes locais. “Observando os dados históricos das praças de Sorriso e Paranaguá, constata-se que há uma alta correlação entre a taxa de câmbio e a relação entre os preços das duas regiões. Isso quer dizer que, na maioria das vezes, a variação da moeda poderá levar a uma mudança nas relações de preços entre as praças”, destaca.
O milho com origem em locais mais distantes do porto também tende a melhorar sua relação de preços frente a praças mais próximas do ponto de escoamento, considerando que a diferença entre os preços nas diversas praças produtoras do país tem como principal determinante o custo do frete. De acordo com a analista de milho da consultoria, Ana Luiza Lodi, os preços sofrem uma pressão maior a partir de meados do ano, quando as expectativas para o resultado do cultivo de inverno já estão bastante consolidadas.