Abatedouros avícolas recorrem ao escambo
Aguardava-se, por exemplo, uma maior demanda de aves vivas nesta semana, em função não só dos salários, mas também do menor número de dias de abate na semana que vem. Mas a demanda final não está permitindo que essa expectativa se concretize.
Não só isso: enquanto boa parte das empresas integradas dispõe de produto suficiente para atender seu mercado, outras continuam dependentes do mercado “spot”. Mas dizem encontrar dificuldades para fazê-lo, pois – alegam – há um desalinhamento de preços entre o frango vivo e o abatido. Como contornar esse obstáculo?
A solução informa-se, está sendo recorrer a uma espécie de escambo – pré-histórica modalidade de efetivação de negócios sem o uso de moeda sonante. Ou seja: abatedouros com eventuais excedentes em suas escalas de abate estão cedendo frango vivo a abatedouros que necessitam complementar a produção através de compras no mercado independente. E a moeda, no caso, é a simples promessa de devolução, mais à frente, do frango vivo ora recebido.
Em função disso e da própria desaceleração da demanda neste período, o mercado – que até o encerramento de fevereiro permanecia firme, a ponto de garantir ajustes de preço em pleno final de mês – agora registra fase de total acomodação, impeditiva até de novos e necessários ajustes.
Mas isso talvez seja até favorável ao setor, pois, no momento, o frango vivo alcança um valor 35% superior ao registrado um ano atrás – o que torna o produto personagem perfeito para ser aclamado como o “vilão da inflação” no mês.
Na realidade não é nada disso. O frango é apenas coadjuvante no mercado de carnes. E mesmo seu preço atual continua extremamente justo para cobrir a elevação de custos advinda principalmente do aumento do milho, sua matéria-prima básica. E, aqui, os que acusarem o frango pelos seus 35% de aumento, certamente irão ignorar que o milho, no mesmo período, aumentou mais de 75%.