Argentina abre portas à carne suína brasileira

Publicado em 28/12/2009 08:20
Depois de perder exportações para a Rússia, o Brasil deve conquistar, em 2010, um importante mercado para a carne suína: a Argentina. Isso porque o governo de Cristina Kirchner anunciou na semana passada planos de promover o consumo da carne de porco no país no próximo ano para compensar o déficit de 30% da carne bovina. A Argentina é o país que mais consome carne vermelha no mundo.

"A carne suína precisa fazer parte da alimentação da população argentina assim como acontece em outros países", afirmou Lorenzo Basso, secretário da agricultura da Argentina em entrevista na Bolsa de Cereais de Buenos Aires. "Estamos trabalhando em um projeto para promover o consumo de tipos diversificados de alimentos que não são habituais à dieta do argentino. Entre eles está a carne de porco", acrescentou o ministro. "Também temos o projeto de tornar a pecuária mais eficiente no país", completou.

De acordo com Arturo Llavallol, secretário da Sociedade Rural argentina, os criadores de gado da Argentina estão reduzindo o tamanho de seus rebanhos em função da restrições do governo Kirchner à exportação e devido à regulação de preços. "Haverá 4 milhões de cabeças de gados a menos no próximo ano na Argentina. Esse volume equivale a uma redução de 30% do rebanho do país", afirma Llavallol.

Ainda segundo o secretário da agricultura da Argentina, o governo de Buenos Aires está trabalhando em um projeto que tem como objetivo ajudar os criadores de gado a vender o rebanho quando cada animal atingir entre 240 quilos e 250 quilos. "É melhor do que a venda aos 160 quilos como é o que está acontecendo atualmente", acrescentou Basso.

De acordo com o secretário da agricultura da Argentina, o governo Kirchner deve, em breve, anunciar detalhes deste programa. Segundo dados da Bloomberg News, cada cidadão argentino se alimenta, em média, com 74 quilos de carne bovina por ano.

O governo argentino pretende também apoiar o aumento da capacidade produtiva do pecuarista em 2010. "Temos consciência de que não vamos conseguir, já no ano que vem, frear a queda da produção de carne bovina. A intenção é que o projeto tenha impacto em 2011, quando a Argentina aumentará o rebanho em 4 milhões de cabeças", disse Basso.

No dia 21 de dezembro, o governo russo reduziu as cotas de importação para a suinocultura, a serem aplicadas em 2010, em 11% para impulsionar a produção doméstica. A medida foi anunciada, na ocasião, pelo primeiro ministro russo Vladimir Putin. Moscou reduziu a cota de 531.900 toneladas praticadas este ano para 472.100 toneladas em 2010. Com essa medida, o Brasil deve ser seriamente afetado. Na ocasião, o governo também anunciou redução de 18% para a importação de aves. Com isso, o consumo de carne importada corresponderá a 25% no país em 2009. A Rússia introduziu cotas de importação em 2003 para auxiliar os produtores domésticos.

Importação de carne bovina

Hugo Biolcati, presidente da Sociedade Rural Argentina, disse que o país deverá importar carne bovina em 2010 para poder responder à demanda interna. E, 2008, produtores rurais e pecuaristas argentinos barraram os carregamentos de grãos e de gado por quatro meses em protesto contra a taxação da soja e também ao controle federal sobre a exportação agrícola. Em julho de 2008, Buenos Aires teve que retirar as tarifas depois que o projeto de lei foi rejeitado pelo congresso.

Fonte: DCI

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