Alianima promove I Seminário Bem-estar na Avicultura de Postura
O I Seminário Bem-estar na Avicultura de Postura, promovido pela Alianima, acontece hoje e amanhã, dias 28 e 29, e marcará o lançamento da segunda edição do Estudo de Caso: Abrindo as Gaiolas. Participam do evento especialistas da área, como o professor - doutor Celso Lemme Funcia, do Instituto de Pós-Graduação e Pesquisa em Administração da Universidade Federal do Rio de Janeiro (COPPEAD da UFRJ), e a médica veterinária Lizie Buss, da Inspeção de Produtos de Origem Animal do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (DIPOA/MAPA), além de produtores brasileiros de ovos em sistemas livres de gaiolas.
Desde 2016, a decisão de abolir as gaiolas na produção de ovos vem ganhando relevância nas principais discussões sobre bem-estar animal vigentes no Brasil. Mais de 140 empresas líderes em diversos setores no Brasil assumiram o compromisso de não utilizar ou comercializar ovos e/ou seus derivados provenientes de galinhas criadas em gaiolas. Com isso, ganhar espaço neste mercado onde o ganho com o preço do ovo aumenta 1,7 vezes comparado com o convencional tem sido a estratégia adotada por produtores para superar a crise econômica enfrentada pelo setor nos últimos dois anos, já que o sistema cage-free agrega mais valor ao produto.
É o que mostra a segunda edição do Estudo de Caso: Abrindo Gaiolas, com foco em três produtores brasileiros de ovos em sistemas livres de gaiolas que trabalham para melhorar a vida das aves poedeiras. Os cases trazem empresários que já migraram completamente ou estão em processo de transição para sistemas em que as galinhas são criadas soltas, com lotação controlada e aporte de elementos importantes, como poleiros, cama (para banho de terra/areia) e local para ninho.
“A produção livre de gaiolas apresenta um grande diferencial competitivo, sendo uma ótima alternativa não apenas para os grandes produtores, mas também para pequenos e médios se inserirem e se manterem no mercado. A viabilidade foi evidente entre os produtores entrevistados e, em alguns casos, esse mercado foi essencial para a saúde financeira da empresa”, observa Patrycia Sato, médica veterinária e presidente da Alianima.
De acordo com ela, outro diferencial do sistema de produção livre de gaiolas é a possibilidade da adoção de uma comunicação clara e transparente com o consumidor e os compradores. As estratégias de marketing e promoção dos produtos explicando como os ovos são produzidos e as diferenças entre os tipos de ovos disponíveis no mercado obtiveram excelentes resultados e se mostraram fundamental para aumentar as vendas. “O investimento em marketing deve ser tomado como exemplo por outros produtores que já possuem, estão em processo de transição, ou por aqueles que ainda estejam considerando iniciar uma produção de ovos livres de gaiolas” completa Sato.
Conheça os cases do estudo
Planalto Ovos -- Fundada em 2018, em Uberlândia (MG), a empresa desde o começo da sua existência optou em produzir 100% dos ovos em sistemas livres de gaiolas, hoje totalizando 440 mil aves com produção de ovos aproximada de 850 mil caixas por dia. Sua produção é totalmente certificada em bem-estar animal sem o uso de antibióticos. Utilizando para melhorar o desenvolvimento das aves: probióticos, óleos essenciais e ácidos orgânicos. Para Daniel Mohallem, médico veterinário e co-fundador da empresa, o modelo de produção livre de gaiolas é sustentável, coerente com as exigências cada vez mais rigorosas do consumidor e segue em alta no mercado. “Novos produtores têm aderido ao sistema, há uma evolução do mercado que vem confirmando as previsões otimistas que haviam sido feitas anteriormente. Seguimos confiantes que o ovo livre de gaiola, ao final de 2025, ocupará uma fatia de mercado entre 20% a 25%”, afirma o produtor da Planalto Ovos.
Sunny Eggs --Localizada na cidade de Catalão, em Goiás, a granja possui produção em sistema de gaiolas, mas a maior parcela das aves é livre de gaiolas, atualmente com 275 mil animais. Toda produção cage-fre também é certificada em bem-estar animal. Com a experiência de quem lida diariamente com os dois sistemas de produção, Hélio Paiva, presidente da Sunny Egges, se arrepende de ter implementado o sistema de gaiola e ressalta que o baixo valor desses ovos não compensam os custos que são parecidos para os dois meios.
“Me arrependo de ter investido num sistema de gaiolas. O manuseio é complicado, não é um negócio que se pague. Os ovos da marca produzida em gaiolas são cinco vezes mais baratos, mas as galinhas são as mesmas e recebem a mesma ração. E mesmo tendo um custo inicial de implementação mais barato, os ovos de gaiola não tem uma diferenciação de mercado e não compensam”, explica Paiva.
Investir em explicar para o consumidor o que são ovos cage-free foi a saída encontrada para a empresa continuar cada vez mais conquistando mercado.
“Temos qualidade que se reflete quando levamos ao consumidor ovos cage-free a um preço acessível, muito pouco acima do convencional e abaixo do caipira. A qualidade do meu produto faz a diferença, o meu ovo não para na gôndola. Temos um giro médio de 15 dias no supermercado e uma rentabilidade razoável, dentro das possibilidades do momento, no qual estamos sendo fortemente impactados pelos aumentos dos custos das matérias-primas ``, completa Hélio.
Ovos Mombuca -- Localizada na ex-capital nacional do frango na cidade de Descalvado, região de Ribeirão Preto (SP), a empresa realiza a transição do sistema de gaiolas para o sistema caipira faz cinco anos. Atualmente, a Mombuca tem 25% do seu plantel composto por aves criadas em gaiola (40mil) e 75% (110 mil aves) criadas no sistema livre de gaiolas. A margem de lucro maior dos ovos da produção livre de gaiolas fez com que a empresa não pretendesse investir para aumentar a produção em gaiolas.
“O ganho maior nos ovos orgânicos e caipiras é mais interessante para nós, pequenos produtores. Muitos produtores estão passando por um momento muito crítico. Devido à crise da pandemia do Covid-19, atravessamos uma crise setorial muito grande nos últimos dois anos. Vários dos nossos colegas quebraram, e a gente, graças ao sistema sem gaiolas, que agrega mais valor ao produto, conseguimos chegar até aqui”, afirma Tiago Wakiyama.
O caminho para conquistar mais consumidores também é investir na diferenciação dos tipos de ovos disponíveis no mercado. Imagens e vídeos da produção são constantemente compartilhados nas redes sociais e nas embalagens.
Transmitido pela plataforma Zoom, das 18h30 às 20h30, o evento é gratuito e recebe inscrições no link
Serviço:
Evento: I Seminário da Alianima Sobre Bem-estar na Avicultura de Postura
Dia: 28/06 e 29/06
Horário: 18h30 a 20h30
Inscrições: Via sympla
Transmissão via plataforma Zoom
Observatório Animal
São muitos os desafios e dificuldades enfrentados pelas empresas na adoção de práticas de bem-estar animal em seus processos. Paralelamente, o número de consumidores conscientes que exigem indústrias mais transparentes e engajadas com a causa é cada vez maior. É nesse contexto que surge o Observatório Animal, plataforma desenvolvida pela Alianima para dar visibilidade aos compromissos públicos anunciados pelas empresas no Brasil no que se refere ao bem-estar animal, a exemplo do Estudo de Caso “Abrindo as Gaiolas”. A plataforma também oferece conteúdos sobre a temática dos animais de produção, levando informação à sociedade e fomentando um consumo mais crítico e consciente. Conheça mais sobre o Observatório Animal.
Sobre a Alianima
A Alianima é uma organização de proteção animal e ambiental que atua para reduzir o sofrimento de animais impactados pela ação humana e refrear a degradação dos ecossistemas brasileiros, adotando uma perspectiva não-antropocêntrica e embasamento técnico-científico para compor suas ações. Saiba mais aqui.