Rabobank: segundo trimestre de 2021 é de contexto frágil para o mercado de frango no Brasil

Publicado em 29/03/2021 16:24
Retomada do pagamento do auxílio emergencial e ampliação do programa de vacinação contra a Covid-19 serão cruciais para melhora do consumo interno

A queda nas exportações e no consumo interno de carne de frango no Brasil desafiou ainda mais o setor produtivo nos primeiros meses de 2021, conforme aponta relatório do Rabobank, que traz as expectativas para o segundo trimestre do ano. 

De acordo com a análise do banco, o fim do pagamento do auxílio emergencial por parte do Governo Federal em janeiro, depois de nove meses, além do recrudescimento da pandemia da Covid-19 no país enfraqueceu ainda mais o consumo e pressionou os preços da proteína avícola. No mesmo período, os custos com a alimentação das aves continuaram escalando, reduzindo a margem de lucro dos avicultores. 

Em fevereiro deste ano, o preço do frango inteiro resfriado era 31% superior ao mesmo período de 2020 e do frango vivo, 38% maior; em comparação feita pelo banco, a nutrição das aves aumentou 112% na mesma época.

Segundo o relatório do banco, parte da redução da lucratividade resultante desta diferença de movimento de preço X custo de produção foi compensada pelas exportações e pelo câmbio desvalorizado. Esta pressão fez com que algumas regiões produtoras reduziram o ritmo para adaptar oferta à demanda. 

Para os meses seguintes, é provável que a demanda interna se recupere, impulsionada por um novo pacote de ajuda econômica à população. No curto prazo, o aumento no ritmo da vacinação será crucial para sustentar a demanda doméstica, aponta o Rabobank

MERCADO GLOBAL

A perspectiva geral para a indústria global de aves está melhorando gradativamente, mas grandes diferenças entre países devem continuar, e os negócios a nível mundial continuarão competitivos, segundo o Rabobank. 

A indústria está encarando grandes desafios relacionados à disrupção de mercados causados pela pandemia da Covid-19, custos de alimentação das aves muito altos e voláteis, casos de influenza aviária no hemisfério norte e volatilidade vinda da conturbada tentativa de recuperação dos países afetados pela Peste Suína Africana. 

Entre os pontos-chave para os produtores está o planejamento com disciplina o aumento da oferta, foco na redução dos custos de produção, eficiência na produção e na formulação das rações, assim como estar preparado para grandes balanços na demanda causadas por decisões tomadas por governantes em relaçãoi à pandemia. 

À medida em que países reabrem as redes de foodservice e enquanto o controle da Covid-19 melhora, seja por meio da vacinação ou medidas de restrição, a indústria de aves deve começar a se recuperar. Em média, 35% do consumo global de carne de frango se dá via foodservice. 

Em países em que muitos destes fatores de disrupção aconteceram simultaneamente, os preços das aves subiram. Alguns governantes passaram então a intervir para proteger as próprias economias contra a inflação. Este tipo de situação pode ocorrer com mais frequência em 2021 devido à Covid-19, quebra na produção devido à influenza aviária e altos custos de produção. 

Por: Letícia Guimarães
Fonte: Notícias Agrícolas e Rabobank

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