IBGE: Com alta no preço das carnes, ovos têm maior produção em 33 anos

Publicado em 10/12/2020 09:16

A produção de ovos de galinha chegou a 1,01 bilhão de dúzias no 3º trimestre deste ano. É a maior registrada na série histórica, iniciada em 1987. Houve aumentos de 3,8% na comparação com o 3º trimestre de 2019 e de 3,6% frente ao apurado no 2º trimestre de 2020. Os dados são das Pesquisas Trimestrais da Produção Pecuária, divulgadas hoje (10) pelo IBGE.

De acordo com o supervisor das pesquisas, Bernardo Viscardi, o aumento na produção de ovos reflete uma mudança no consumo das famílias. “A alta no preço das carnes, registrada ao longo do 3º trimestre, tende a fomentar o consumo de ovos de galinha, por se tratar de uma fonte de proteína mais acessível”, diz ele, detalhando que o pico de produção ocorreu em agosto, quando foram contabilizadas 338,76 milhões de dúzias.

Entre os rebanhos, o abate de frangos atingiu 1,51 bilhão de cabeças no 3º trimestre, aumento de 2,8% em relação ao mesmo período de 2019 e  de 7,0% na comparação com o 2° trimestre de 2020. No comparativo mensal, foi registrado o melhor mês de julho de toda a série histórica, que começa em 1997.

“A maior demanda das famílias por proteínas mais acessíveis também impulsionou o desempenho do abate de frangos, que se aproximou do patamar recorde atingido no 1° trimestre de 2020, período em que os efeitos da pandemia ainda estavam no início. Os três estados do Sul lideram o setor: Paraná, com 32,9% da participação nacional, seguido por Rio Grande Sul (14,0%) e Santa Catarina (13,5%)”, comenta Viscardi.

O abate de suínos também cresceu, alcançando o novo recorde de 12,71 milhões de cabeças no 3º trimestre de 2020, o que representa aumentos de 8,1% em relação ao mesmo período de 2019 e de 4,5% na comparação com o 2° trimestre de 2020. Esse é maior resultado da série histórica, com destaque para os meses de julho e agosto, que registraram os maiores níveis da atividade.

“Os meses mais frios do ano, geralmente, coincidem com o aumento do abate desse animal, impulsionado pelo aumento do consumo interno. Além disso, o desempenho recorde das exportações de carne suína no período também contribuiu com o resultado do setor”, explica o analista do IBGE.

Por outro lado, o abate de bovinos continuou caindo no 3º trimestre. Foram 7,69 milhões de cabeças, quantidade 9,5% inferior à obtida no 3° trimestre de 2019, mas 4,6% acima da registrada no 2º trimestre de 2020. Foi o menor resultado para um 3º trimestre desde 2016. Na comparação mensal, agosto apresentou a maior queda em relação à 2019, com menos 12,4% de cabeças abatidas.

“A queda no abate de bovinos vem desde o início do ano, principalmente por conta da restrição da oferta de fêmeas pelos pecuaristas. Apesar da retração da atividade na comparação anual, nos meses de julho e agosto foram verificados recordes para a exportação de carne bovina, mesmo produzindo menos internamente”, acrescenta Bernardo Viscardi.

Aquisição de leite chega a 6,45 bilhões de litros, maior volume da série

A aquisição de leite cru também foi recorde, com 6,45 bilhões de litros coletados no 3º trimestre. Só em agosto foram captados 2,18 bilhões de litros de leite. O resultado representa um aumento de 2,6% em relação ao 3° trimestre de 2019, e alta de 10,7% em comparação com o 2º trimestre de 2020. É o maior volume desde 1997, início da série histórica.

“Isso mostra uma recuperação do período do isolamento social, quando a alimentação fora do domicílio ficou restrita devido ao coronavírus. O consumo de queijo e outros laticínios, que ajudam a movimentar esse mercado, está muito relacionado à alimentação fora de casa”, afirmou Viscardi.

Os curtumes, por outro lado, declararam ter recebido 8,19 milhões de peças de couro bovino, uma redução de 4,6% em relação ao adquirido no 3° trimestre de 2019 e alta de 11,9% frente ao 2° trimestre de 2020. O mês de maior aquisição foi julho, quando foram registradas 2,84 milhões de peças. Cabe lembrar que a Pesquisa Trimestral do Couro investiga apenas os curtumes que efetuam curtimento de pelo menos 5 mil unidades inteiras de couro cru bovino por ano.

“O desempenho do couro acompanha o abate de bovinos. O isolamento social afetou muito a exportação couro, que ainda vinha enfrentando uma desvalorização por conta da concorrência com a fibra sintética”, encerra o analista.

Fonte: IBGE

NOTÍCIAS RELACIONADAS

Rio Grande do Sul: Secretaria da Agricultura contém foco de doença de Newcastle com agilidade na região de Anta Gorda
Congresso Nacional Mulheres da Suinocultura volta ainda mais forte
Frango: estabilidade domina as cotações nesta segunda-feira (29)
Estabilidade prevalece nesta segunda-feira (29) para as cotações no mercado de suínos
Perto de julho chegar ao fim, exportações de carne de frango ainda não 'empataram' com os resultados de julho do ano passado
Carne suína exportada até a 4ª semana de julho supera dados de julho do ano passado com tranquilidade