Árabes perdem posição para a Ásia na importação de frango

Publicado em 10/12/2020 08:30

O bloco de países árabes perdeu a primeira posição entre os importadores de frango brasileiro. Agora, a Ásia está em primeiro lugar. A queda foi puxada pela estratégia de produção local da Arábia Saudita, segundo a Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), e também pela queda no turismo em Dubai, nos Emirados Árabes, e do turismo religioso, como a peregrinação a Meca, como efeitos da pandemia de coronavírus.

Segundo Luís Rua, diretor de Mercados da ABPA, os árabes seguem sendo o maior importador de frango inteiro do Brasil. “Mas nesse ano, no acumulado do ano, a Ásia já superou como região, tendo aí em torno de 40% das exportações brasileiras de carne de frango brasileiro, e se a gente considerar todos os produtos, frango inteiro e cortes, algo em torno de 33% vai para o bloco de países árabes”, informou à ANBA durante coletiva de imprensa da associação, nesta quarta-feira (09).

A diminuição da fatia de mercado, de acordo com Rua, tem a ver com a diminuição nas compras da Arábia Saudita e dos Emirados Árabes Unidos, principais países do mercado árabe para o frango brasileiro. “Teve um efeito muito em função da redução do turismo, seja o turismo em Dubai, seja o turismo religioso na Arábia Saudita, mas o que a gente vê nos últimos três meses é que, com a diminuição dos casos de covid-19 na região, o consumo já voltou e nossas exportações voltaram ao patamar que sempre estiveram, na casa das 40, 45 mil toneladas na Arábia Saudita e algo entre 25 e 30 mil toneladas nos Emirados Árabes, o que é uma boa notícia e dá uma boa perspectiva para 2021 nesses dois mercados”, informou. Os valores são mensais.

Arábia Saudita

Entre janeiro e novembro de 2020, a Arábia Saudita comprou 418,8 mil toneladas de frango do Brasil, volume 2% menor que o do mesmo período do ano passado, e se estabelece em segundo lugar pelo segundo ano consecutivo no ranking de países compradores, atrás da China, que se consolidou na primeira posição com 615,7 mil toneladas importadas, alta de 20% no mesmo comparativo.

O presidente da ABPA, Ricardo Santin (foto acima), informou à ANBA na coletiva que a Arábia Saudita vem comprando menos do Brasil desde o ano passado por uma decisão interna de incentivo à produção local. “O Brasil está disposto e tem condições de voltar a abastecer a Arábia como maior importador. A decisão é deles. O Brasil não força a venda e nem faz dumping com ninguém. Vendemos aquilo que querem comprar. A Arábia era sempre nosso maior importador e resolveu, por política própria, ter uma sustentabilidade de produção local e nós respeitamos as decisões do Reino. Mas estamos prontos e ficaremos muito felizes em ver a Arábia voltar a ser o maior importador”, declarou.

Santin enfatizou que o Brasil segue sendo o maior produtor de frango halal do mundo. “O Brasil continua vocacionado para ser o grande parceiro do Oriente Médio e não é de agora, sempre foi e já vendemos milhões de toneladas para lá nos últimos 40 anos. Vamos continuar sendo parceiros independentemente da posição, se é o maior mercado ou não, sempre será importante para o Brasil como um todo”, disse.

Os Emirados Árabes aparecem em quarta posição no ranking de maiores importadores de frango brasileiro, com 272,2 mil toneladas embarcadas de janeiro a novembro, queda de 14% em relação ao mesmo período de 2019. O Iêmen aparece na décima posição, com 99,8 mil toneladas importadas, alta de 5% no mesmo comparativo.

Panorama

O Brasil exportou entre janeiro e novembro 3,849 milhões de toneladas de carne de frango ao mundo, se mantendo nos mesmos níveis de 2019, com leve alta de 0,7% no comparativo com o mesmo período do ano passado. Em receita, foram US$ 5,54 bilhões, queda de 13%, devido à alta do dólar. A ABPA projeta que as exportações anuais se mantenham ou cresçam até 0,5% até o fim de dezembro, no comparativo com o ano de 2019.

“Esperávamos crescimento de 3% e vamos ficar entre 0% e 0,5% nas exportações de frango. Com a pandemia, estamos bem, conseguimos manter a produção e a exportação, apesar de todas as dificuldades da pandemia”, disse Santin. O presidente informou ainda que houve um aumento no consumo de carne de frango internamente e listou a perda da capacidade econômica e o aumento nos preços da carne bovina como principais fatores.

Somente no mês de novembro, o País exportou 350,7 mil toneladas, alta de 5,6% em volume, e US$ 476,8 milhões, queda de 11,3% em receita em comparação a novembro de 2019.

Ovos

Os Emirados aparecem na liderança entre os compradores de ovos do Brasil, com 44% do mercado de exportação. Eles importaram, entre janeiro e novembro, 2.124 toneladas de ovos brasileiros, uma queda de 47% em relação ao mesmo período do ano passado. Segundo a ABPA, o setor foi resiliente e conseguiu manter a produção e a exportação no período de pandemia. A associação estima crescimento de cerca de 5% na produção (em bilhões de unidades) e de 50% no volume de exportação de ovos para 2021.

Novos mercados

A ABPA falou também sobre a abertura de novos mercados neste ano. Entre eles, está o Marrocos, que abriu mercado para o material genético avícola, e o Egito, que abriu mercado para derivados de carne de aves.

Luis Rua afirmou à ANBA que este é um passo importante na relação comercial com o Egito. O “Quando conseguimos abertura para termoprocessados de aves no Egito, efetivamente isso mostra a confiança do Egito nas nossas exportações, e o Brasil introduz esse produto de altíssimo valor agregado. O Egito já é um dos 15 principais mercados de carne in natura, e essa é uma possibilidade que se abre pra também para exportarmos produtos processados de carne de aves”, disse.

Sobre o Marrocos, o diretor afirma que essa é uma parceria que se consolida entre os países. “No caso do material genético de aves para o Marrocos, estamos fornecendo genética para o desenvolvimento daquela avicultura, e com isso a gente espera também acessar mais esse mercado do ponto de vista da carne de frango in natura. Hoje a gente exporta muito pouco volume para lá e seria um mercado interessante pra avançarmos”, declarou Rua.

Fonte: Agência de Notícias Brasil-Árabe

NOTÍCIAS RELACIONADAS

Rio Grande do Sul: Secretaria da Agricultura contém foco de doença de Newcastle com agilidade na região de Anta Gorda
Congresso Nacional Mulheres da Suinocultura volta ainda mais forte
Frango: estabilidade domina as cotações nesta segunda-feira (29)
Estabilidade prevalece nesta segunda-feira (29) para as cotações no mercado de suínos
Perto de julho chegar ao fim, exportações de carne de frango ainda não 'empataram' com os resultados de julho do ano passado
Carne suína exportada até a 4ª semana de julho supera dados de julho do ano passado com tranquilidade