Reflexos da pandemia sobre os preços do ovo e do frango abatido
Na presente década (até aqui, nove anos e nove meses), o preço registrado pelo frango abatido resfriado no Grande Atacado da cidade de São Paulo foi, em média, quase dois terços (63,86%) superior ao do ovo extra branco comercializado no atacado da mesma praça (valor da caixa de 30 dúzias convertido em dúzia).
Naturalmente, nesses 117 meses foram registradas várias situações extremas. Por exemplo, frango vivo sendo comercializado por valor 150% superior ao do ovo (novembro de 2014). Ou, opostamente, frango vivo com valor apenas 15% superior ao do ovo (abril de 2019). Porém, mesmo eliminando-se os extremos, a diferença entre os dois produtos permanece acima dos 60%.
Mas em 2020, com a Covid-19, essa relação foi totalmente subvertida. Pois, inicialmente, com o isolamento social, o ovo experimentou forte e inédita valorização, enquanto o valor do frango retrocedia aos mais baixos níveis dos últimos anos. Posteriormente, com a flexibilização do isolamento, o movimento foi totalmente oposto.
A realidade é que, em abril deste ano, fato também inédito, o ovo alcançou quase o mesmo preço do frango abatido, a diferença de preços entre ambos caindo para apenas 2% (frango a R$3,55/kg; ovo a R$3,47/dúzia). Já em setembro corrente volta a ser registrada mais uma daquelas diferenças extremas e bastante superiores à média. Pois, com o frango comercializado pela média de R$5,25/kg (resultado preliminar) e o ovo a R$2,40/dúzia (R$72,00/caixa, média também preliminar), a diferença entre um e outro vai além dos 115%.
Naturalmente, o comportamento mais recente do frango e do ovo tem menos a ver com a pandemia. O frango valoriza-se por conta, principalmente, da competitividade frente às demais carnes, igualmente valorizadas por uma forte demanda externa. Já o ovo padece de uma produção superior à demanda, situação que é agravada (com a Covid-19) pela interrupção da merenda escolar.