Ritmo da China para recompor plantel suíno é ponto de atenção para soja, diz Itaú BBA

Publicado em 12/05/2020 18:34

Por Nayara Figueiredo

SÃO PAULO (Reuters) - A recomposição do rebanho suíno na China, dizimado pela peste suína africana (PSA), tem sido o motor para a firme demanda do país por soja, mas a velocidade deste processo representa também o principal ponto de atenção para as aquisições pelos chineses, principais compradores da oleaginosa do Brasil, disse à Reuters o Itaú BBA nesta terça-feira.

Mais cedo, o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) elevou em 5% a projeção para as exportações globais de soja na safra de 2020/21, de 153,98 milhões de toneladas para 161,93 milhões de toneladas, com vendas lideradas pelo Brasil e EUA. A China deve responder pela importação de 96 milhões de toneladas no período.

"Caso tenha um arrefecimento na recomposição do rebanho chinês, esse será o nosso grande ponto de atenção, pois pode pressionar as cotações internacionais da soja", afirmou o gerente de consultoria Agro do Itaú BBA, Guilherme Bellotti.

A oleaginosa importada pelos chinesas é processada na indústria local e utilizada na alimentação dos suínos.

Apesar de acompanhar os indicadores de recomposição do rebanho, Bellotti não apontou qualquer problema neste momento na China, maior consumidor global de carne suína.

Segundo o especialista do banco, a recomposição do rebanho de suínos após o surto da PSA, iniciado no ano passado, é o principal balizador da atual demanda da China por soja.

O país asiático tem mantido o alto nível de aquisições do grão brasileiro, ao mesmo tempo em que amplia as importações da oleaginosa norte-americana em cumprimento à fase 1 do acordo comercial entre China e Estados Unidos.

O USDA projetou as exportações de soja do Brasil no novo ciclo em 83 milhões de toneladas, ante 84 milhões de toneladas em 2019/20.

Os embarques norte-americanos de soja para 2020/21 foram estimados em 55,8 milhões de toneladas pelo USDA.

"Podemos dizer que este foi o primeiro relatório que incorpora a retomada de compras da China para a soja norte-americana", disse Bellotti.

Ele alertou que este movimento entre os dois países que travaram uma guerra comercial no ano passado já reduziu o prêmio para as exportações brasileiras da oleaginosa nos portos.

Para março de 2021, o Itaú BBA vê os prêmios em 23 centavos de dólar por bushel, ante os 46 centavos de dólar registrados nesta temporada.

Além do ritmo de compras chinesas, o especialista acredita que "outra questão que pode mexer com preços no mercado da soja é o aumento na área plantada dos Estados Unidos".

Com o avanço, de acordo com o USDA, a produção norte-americana da oleaginosa deve alcançar 112,26 milhões de toneladas em 2020/21, enquanto o Brasil deverá produzir um recorde de 131 milhões de toneladas.

"Isso faz com que tenhamos um aumento na produção global (em 2020/21), na casa de 8%", disse Bellotti, o que torna ainda mais necessárias as importações da China em ritmo firme para manter o equilíbrio no mercado.

Fonte: Reuters

NOTÍCIAS RELACIONADAS

Frango: estabilidade domina as cotações nesta segunda-feira (29)
Estabilidade prevalece nesta segunda-feira (29) para as cotações no mercado de suínos
Perto de julho chegar ao fim, exportações de carne de frango ainda não 'empataram' com os resultados de julho do ano passado
Carne suína exportada até a 4ª semana de julho supera dados de julho do ano passado com tranquilidade
Carne suína do Paraná chega a 70 países; exportações têm 2º melhor 1º semestre da história
Sorologia confirma sanidade de suínos na Bahia