Avicultores integrados em Cianorte ameaçam paralisar atividades se não houver reajuste
Após fazerem manifestação em Cianorte, no Paraná no último dia 25 contra preços baixos pagos pela Avenorte, avicultores integrados à empresa ameaçam paralisar as atividades, se recusando a receber novos lotes de pintos de corte para alojamento a partir do dia 6 de maio.
De acordo com o gerente administrativo da Associação Dos Avicultores de Cianorte (Aavic), José Paulo Ferreira, o aviso sobre a possibilidade de suspensão das atividades nas grajas já havia sido dado à empresa há 60 dias.
"A gente já vem tentando negociar com eles há algum tempo um reajuste no pagamento, e eles sempre protelando essas negociações para o próximo mês, próximos 60 dias, mas com a crise do coronavírusus, eles disseram que não havia nem como negociar por causa de aglomeração de pessoas", disse.
Ferreira afirma que ao todo, são cerca de 150 proprietários de granjas integrados à Avenorte, e que na manifestação realizada no último sábado, em torno de 120 participaram da carreata pelas principais vias de Cianorte, até chegarem em frente à empresa.
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Ele explica que atualmente, o valor pago aos integrados é de R$ 0,2816/kg, e que o primeiro pedido de reajuste foi para que o preço subisse para R$ 0,38/kg.
"A empresa negou, disse que era inviável por causa dos índices de exportação e da fraca demanda no mercado interno. Propusemos então apenas a inflação acumulada em 4 anos, reajuste 15% que daria R$ 0,32".
De acordo com Ferreira, a empresa também recusou a proposta e não ofereceram outra negociação. Como última tentativa de consenso antes da manifestação, o grupo propôs à empresa o parcelamento do reajuste, sem sucesso.
"Estamos aguardando resposta da integradora, porque a gente não quer que aconteça isso de paralisar. Acredito que eles devam estar analisando também, porque a insatisfação se tornou pública. Precisamos de um reajuste, porque hoje os avicultores já trabalham no vermelho".
O QUE DIZ A AVENORTE
"A empresa Avenorte Agrícola Cianorte LTDA – Grupo Guibon Foods – vem por meio desta esclarecer que há 21 (vinte e um) anos de existência sempre contou com seus parceiros integrados, respeitando-os e ouvindo suas reivindicações e solicitações, pois sabe da importância que eles possuem em sua cadeia produtiva.
Dessa maneira, esclarece que a empresa realiza a remuneração de sua parceria em valor superior à média dos pagamentos efetivados no Estado do Paraná (fonte AgriStats), bem como que corrigiu o valor da integração baseado na inflação de 2019, além de ter aceito 06 (seis) das 09 (nove) reivindicações solicitadas pela CADEC, cujo órgão é o representante de seus parceiros integrados
A Avenorte esteve atenta à realidade do setor, e entende como válido o posicionamento dos parceiros integrados. Ciente disso, nunca deixou de prezar pelo atendimento das suas necessidades, tratando-os comercialmente de modo justo. Não poderia ser diferente, pois o futuro das atividades depende diretamente do sucesso comercial dos parceiros.
É de conhecimento de todos que em 20.03.2020 o Senado Federal aprovou o decreto de estado de calamidade pública elaborado pelo Presidente da República, que terá eficácia até 31.12.2020, tornando indubitável o cenário extraordinário de força maior e os seus graves prejuízos e reflexos de natureza sanitária e econômica, entre elas a redução drástica nas vendas das mercadorias produzidas pela Empresa, fazendo com que a mesma esteja trabalhando com defasagem; além de ter ocorrido em nossa região a paralisação, por força maior, de 02 (dois) frigoríficos.
Vale dizer que, em razão da Força Maior causado pelo estado de calamidade, muitas empresas de porte considerável estão renegociando contratos e até mesmo partindo para o descumprimento contratual, como é de pleno conhecimento de todos. A Avenorte, por sua vez, segue cumprindo com todas as suas obrigações, mantendo sua empregabilidade, e assim pretende continuar, desde que mantidas as condições atuais.
De tal modo, a empresa está à disposição para o diálogo, como sempre esteve; contudo, diante do atual cenário econômico, não há meios nem condições de alteração dos valores hoje praticados, até que se normalize a situação".