Exceto pela quarentena da Covid-19, ovo tem mesmo comportamento de 2019
O desempenho do ovo nesta segunda quinzena de abril tem sido motivo de preocupação para todo o setor produtivo. Afinal, depois de alcançar as melhores cotações nominais da história, em pouco mais de 10 dias o produto sofreu um recuo de preço superior a 20% e fecha abril corrente valendo menos que em fevereiro deste ano, quando apenas começava a se delinear uma recuperação das perdas do início do ano.
Sem dúvida, a perspectiva de maiores retrações é inquietante – em especial porque se contrapõe aos custos, sobremaneira elevados. Mas – foi surpreendente constatar! – exceto pelo movimento anormal determinado pelo início da quarentena da Covid-19, o comportamento do ovo no primeiro quadrimestre de 2020 foi absolutamente similar ao do mesmo período do ano passado.
Claro: os valores nominais atuais, bem como os percentuais de variação em relação ao ano anterior são diferentes. Mas os movimentos de alta e de baixa até aqui observados vêm apresentando variações mínimas em comparação a 2019.
Isso pode ser melhor visualizado no gráfico abaixo, contendo dois eixos verticais. À esquerda, na cor azul, está a evolução diária dos preços médios (base: cargas fechadas do ovo branco extra comercializadas no atacado da cidade de São Paulo) no decorrer dos quatro primeiros meses de 2019. À direita, em vermelho, os mesmos preços em 2020, com um adicional de R$20,00 por caixa de 30 dúzias.
Como se constata, até os primeiros dias de março a curva de 2020 acompanhou com diferenças mínimas a do ano anterior. É a partir daí que as primeiras altas começam a ocorrer, provavelmente mais como efeito do início da Quaresma (26 de fevereiro). Com a decretação da quarentena (em São Paulo, início em 24 de março) os preços caminham para seu máximo: em 30 dias, incremento de quase 20% e uma estabilização que persistiu até o final da primeira quinzena de abril e foi seguida, nesta segunda quinzena, por um recuo agora superior aos ganhos anteriores.
Espera-se que doravante, com o descarte das poedeiras menos produtivas, o setor consiga dar novo equilíbrio aos preços. Porque, convenhamos, por ora pouco se pode esperar do mercado consumidor.