Preço do suíno independente baixa até para patamares vistos há dez meses

Publicado em 02/04/2020 16:10
Preço pago ao produtor vai em sentido contrário aos custos de produção em alta; saca de 60kg de milho já é negociada a R$ 59,33 em Campinas

As bolsas de suínos de São Paulo, Minas Gerais e Santa Catarina, que negociam o valor de venda dos animais para os frigoríficos toda quinta-feira, fecharam com preços baixos. No caso de São Paulo e Minas Gerais, o último registo de valores semelhantes foi em maio do ano passado. Na semana passada, estes dois estados não conseguiram entrar em acordo de negociação com frigoríficos. 

A Bolsa de Suínos do Estado de São Paulo estava há duas semanas sem referência de preços por não conseguirem acordo com os frigoríficos. Nesta quinta-feira (2), o valor negociado foi de R$ 90 a arroba, ou R$ 4,80 o quilo do animal vivo. 

A última vez que este valor foi registrado foi em 24 de maio do ano passado, com a saca de milho de 60kg custando R$ 35,71. Hoje, a saca do produto é negociada a R$ 59,33 na região de Campinas. 

Segundo Valdomiro Ferreira, presidente da Associação Paulista de Criadores de Suínos (APCS), o mercado está pressionado, com oferta e demanda desajustadas. 

"A expectativa do segmento é que para para a próixima semana a situação começe a melhorar por causa da entrada da massa salarial, Páscoa e uma possível flexibilização do isolamento a partir do dia 7, quando se encerra o decreto de isolamento".

Em Minas Gerais, que na semana passada também não obteve negociação entre suinocultores e frigoríficos, nesta quinta acordaram o valor de R$ 4,40/kg do animal vivo. 

"Foi uma reunião que demorou 1h30, a mais longa da história da bolsa mineira. A última vez que negociamos a este valor foi em maio do ano passado", disse Alvimar Jalles, consultor de mercado da Associação de Suinocultores do Estado de Minas Gerais (ASEMG).

De acordo com Jalles, atualmente o suinocultor está saindo no prejuízo, já que os custos de produção, em média, estão em R$ 4,60. "Antes dessa destruição pelo coronavírus, estávamos negociando a R$ 5,90/kg", disse.

Para ele, o suinocultor deve preservar o caixa neste momento apenas para despesas essenciais, reduzir ao mínimo os investimentos para assegurar a continuidade na atividade.

Segundo Losivânio de Lorenzi, presidente da Associação Catarinense de Criadores de Suínos (ACCS), o número de animais para venda caiu, e o preço também baixou. Ele explica que a queda foi de 12,85% em relação ao que foi negociado na semana anterior, fechando nesta quinta-feira em R$ 4,68/kg vivo. 

Com isso, a margem de lucro para o suinocultor fica curta, já que ele estima os custos de produção em torno de R$ 4,30/kg. "Ficamos ainda mais preocupados porque não sabemos o que acontecerá na semana que vem, é uma incerteza, e qualquer projeção que a gente fizer agora, será especulação", disse Lorenzi. 

O último registro de preço semelhante, segundo ele, foi em outubro do ano passado, quando o quilo do suíno vivo estava cotado em R$ 4,69. "Para essa época, esperávamos um preço médio de R$ 5,60/kg, conforme o mercado estava caminhando. Esse ano se mostrava promissor", disse.

 

Por: Letícia Guimarães
Fonte: Notícias Agrícolas

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