Suínos: demanda aquecida leva preços de toda a cadeia suína a patamares recordes
Após passar por períodos conturbados em anos recentes, a suinocultura brasileira, enfim, vivencia um bom momento. Segundo dados do Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada), da Esalq/USP, os preços de toda a cadeia (suíno vivo, carne e cortes) estão em movimento de alta desde o final de setembro em praticamente todas as regiões levantadas pela Equipe.
Esse cenário é reflexo tanto da oferta reduzida de animais para abate quanto das aquecidas demandas interna e externa. No caso da procura doméstica, pesquisadores do Cepea relatam forte aumento, o que se deve ao período de final de ano, quando tipicamente atacadistas começam a formar estoques, e ao preço recorde da principal carne concorrente, a carcaça casada bovina, que leva o consumidor a procurar outras fontes de proteína.
A maior demanda internacional, por sua vez, está atrelada aos contínuos surtos de Peste Suína Africana (PSA) na Ásia, que tem feito com que a agentes dessa região – especialmente da China – aumentem as compras externas da proteína. O Brasil, vale lembrar, é o quarto maior exportador mundial da carne suína.
De acordo com dados do Cepea, nessa terça-feira, 26, os Indicadores do suíno vivo de Minas Gerais, São Paulo, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul atingiram R$ 5,90/kg, R$ 5,75/kg, R$ 5,38/kg, R$ 5,15/kg e R$ 5,01/kg, respectivamente, recordes nominais da série histórica do Cepea, iniciada em julho de 2010. Em termos reais (os valores foram deflacionados pelo IPG-DI de outubro/19), o Indicador de Minas Gerais é o maior desde janeiro/19 e o de São Paulo, desde meados de fevereiro/17. Para os estados da região Sul, por sua vez, os Indicadores reais também são os maiores desde janeiro/15.
No atacado da Grande São Paulo, a carcaça comum foi negociada a R$ 8,38/kg no dia 26 e a carcaça especial, a R$ 8,89/kg, ambos recordes nominais da série histórica do Cepea, iniciada em janeiro de 2004. Em termos reais (neste caso, os preços foram deflacionados pelo IPCA de outubro/19), as médias dessa terça são as maiores desde janeiro/15, para ambos os produtos.
EXPORTAÇÃO – As exportações brasileiras de carne suína aumentaram expressivamente em outubro, atingindo o terceiro maior volume da série história da Secex, iniciada em 1997. De acordo com a Secretaria, foram embarcadas 67,3 mil toneladas de produtos suínos, 17,8% a mais que em setembro/19. Para a China, especificamente, o volume de outubro somou 25,5 mil toneladas, crescimentos de 14,7% frente ao mês anterior e de 81% em relação a outubro/18.
De janeiro a outubro deste ano, foram exportadas 582,9 mil toneladas de carne suína, 12% a mais que no mesmo período de 2018. Desse total, 183,1 mil toneladas tiveram como destino a China, o equivalente a 31% das vendas totais.