ABCS lança Workshops de prevenção à Peste Suína Africana e Clássica
A Associação Brasileira de Criadores de Suínos (ABCS), a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), Associação Brasileira das Empresas de Genética de Suínos (Abegs), Associação Brasileira dos Médicos Veterinários Especialistas em Suínos (Abraves), e Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA) lançaram nesta quarta (14), em Brasília, o Programa de Capacitação de Doenças Virais de Importância na Produção de Suínos. O evento foi realizado na sede da CNA.
Para marcar o lançamento da iniciativa, em Brasília, o presidente da ABCS, Marcelo Lopes, destacou a necessidade de medidas preventivas contra Peste Suína Africana (PSA), que apresenta surto no continente asiático. “Nós precisamos fazer nosso dever de casa. As janelas estão abertas para nós, produtores, para o país exportar, para a indústria e é necessário que nós façamos esses workshops de orientação. Não que nossos veterinários não estejam preparados. Muito pelo contrário, acho que temos excelência de profissionais. Mas é importante entender os perigos que estão rondando nosso país”.
Parceira da ABCS nos workshops estaduais, a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) manifestou apoio às medidas de prevenção de Peste Suína Clássica (PSC) e PSA no Brasil. O presidente da Comissão Nacional de Suínos e Aves da CNA, Iuri Machado, disse que a relevância do Brasil no comércio internacional de carne suína depende da manutenção da sanidade do rebanho. “O Brasil é o quarto maior produtor e exportador de carne suína no mundo, resultado de décadas de investimento em tecnologia, que elevou não só a produtividade, como também a qualidade do produto brasileiro, fazendo com que ele se tornasse competitivo e chegasse ao mercado de mais de 100 países. Para que possamos manter o protagonismo, nós da CNA estamos sempre atentos às tendências e principais acontecimentos do mercado mundial, para poder iluminar o caminho dos nossos produtores”.
O Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) é apoiador do programa. O secretário de Defesa Agropecuária da pasta, José Guilherme Leal, destacou que a assistência da iniciativa privada é fundamental para viabilizar o combate à Peste Suína Clássica em locais considerados não livres da doença no Brasil. “Já está pronto um trabalho para que a gente avance num programa estratégico de erradicação nas 11 unidades da federação, onde a doença ainda está presente. É um trabalho difícil, vai demandar recurso, investimento e articulação de todo setor, tanto Ministério, quanto agências estaduais de defesa e setor privado. A gente tem a realidade das pequenas criações, da subsistência, e nós vamos ter que alcançar esse universo de produtores, de rebanho pequeno e disperso”.
Parlamentares ligados à cadeia produtiva de suínos também manifestaram apoio aos workshops. Presidente da Frente Parlamentar Mista de Suinocultura da Câmara, o deputado federal José Carlos Schiavinato (PP-PR) disse que a iniciativa fortalece a relação entre setor produtivo e poder público, o que beneficia a formulação de políticas de fomento ao setor. “Eu conheci, há pouco, em Mato Grosso do Sul, programas de incentivo aos produtores, com a devolução de parte do ICMS, para que ele possa investir na segurança do seu plantel. Nós estamos fazendo uma campanha, já encaminhei esse material a todos os governadores dos principais produtores de suínos do nosso Brasil, para que eles possam também criar nos seus estados, uma política idêntica para ajudar o produtor rural”.
O presidente da Frente Parlamentar da Agropecuária, deputado federal Alceu Moreira (MDB-RS) destacou a garantia de segurança jurídica como papel fundamental do poder público, para criar um ambiente favorável de investimento dos suinocultores em biosseguridade. “Nós no parlamento, temos que dar a vocês o direito de produzir, sem ter alguém no portão todo dia, dizendo que não pode isso ou aquilo. O que mais existe é gente especialista em dizer o que não fazer. Então, estamos aqui para facilitar todos os processos, sem precarizar”.
Palestrantes do lançamento do workshop
Professor da faculdade de medicina veterinária da Universidade de Brasília, o doutor Cristiano Barros de Melo destacou que o alto fluxo de pessoas entre o Brasil e países onde a Peste Suína tem se proliferado, como a China, pode representar uma porta de entrada para a Peste Suína Africana. “As pessoas muitas vezes não tem noção do problema. Falta um trabalho de educação com a sociedade, para que não tragam produtos de origem animal ou vegetal, que podem trazer agentes infecciosos para o país. A vigilância sanitária brasileira precisa ser empoderada e ter instrumentos legais e fiscais para ajudar nessa batalha”.
A consultora em saúde animal, doutora Masaio Mizuno também destacou a importância do impedimento de importação ilegal de produtos pro país. Mas disse que é preciso saber qual é a forma de entrada e o microorganismo que representam risco à agropecuária. “É preciso conhecer qual é o agente etiológico importante. O primeiro aspecto que tenho que conhecer desses vírus é a sua resistência às condições do ambiente. Não adianta dizer que virá por uma determinada via, por exemplo sapato sujo, se o vírus não resiste nas fezes e morre em 24 horas. Então, se você não conhecer o inimigo, você não pode pensar em como comentar sobre a entrada do vírus e nem comentar sobre medidas de prevenção que se deve adotar”.
Cronograma de workshops
Pelo programa, médicos veterinários e demais profissionais do campo, que atuam na produção suinícola dos 14 estados com maior concentração de rebanho de suínos, vão receber workshops com os seguintes temas: Peste Suína Africana e Peste Suína Clássica (PSA e PSC); Síndrome Respiratória e Reprodutiva dos Suínos (PRRS); Papel do Serviço Veterinário Oficial (SVO) no atendimento às enfermidades de notificação obrigatória; Doenças vesiculares, como febre aftosa, estomatite vesicular, doença vesicular do suíno e senecavírus A; e atuação do Serviço Veterinário Oficial nas doenças vesiculares de suínos. Todos os eventos serão gratuitos e têm o apoio das Federações da Agricultura e afiliadas da ABCS. Os materiais técnicos do evento e o cronograma de cidades visitadas pode ser acessado no site: www.abcs.org.br.
Incidência de Peste Suína Clássica no Brasil
De outubro do ano passado ao início de abril deste ano, o Brasil registrou 44 casos de Peste Suína Clássica, com incidência em pequenas propriedades nos estados do Ceará e Piauí. A região não faz parte da zona livre da doença, que contempla o Distrito Federal e 15 estados (RS, SC, PR, SP, RJ, MG, ES, MS, MT, GO, BA, SE, TO, RO e AC). Juntas, as 16 unidades federativas concentram mais de 95% da indústria suinícola brasileira e são responsáveis por 100% das exportações.
Apesar dos focos isolados da doença não representarem risco imediato ao mercado internacional, o lançamento do Programa de Capacitação de Doenças Virais de Importância na Produção de Suínos é uma forma de a Associação Brasileira dos Criadores de Suínos (ABCS) prevenir a disseminação para áreas livres do país e impedir a entrada da Peste Suína Africana, disseminada na Ásia e na Europa.