Suíno vivo: Demanda firme garante mais uma semana de alta
O mercado do suíno vivo surpreendeu em janeiro e deve permanecer positivo em fevereiro. Nesta semana as cotações encerraram em alta na maior parte das praças de comercialização.
A explicação para esse cenário é o aquecimento na procura por animais, aliado a redução no volume de animais terminados. Conforme relata Pedro Gabone, da Fazenda e Frigorífico Santa Rosa, em São Paulo, as indústrias encontram difícil para cumprir as escalas de abates. “Neste momento, estamos com falta de animais vivos para o abate e, por isso, estamos em busca de animais em outros estados. No meu caso, animais abatidos”, afirmou.
"O produtor deixa de entregar aquele volume todo de animal para colocar mais peso, reduzindo a disponibilidade de animais no mercado", explica o presidente da ACCS (Associação Catarinense dos Criadores de Suínos), Losivanio Luiz de Lorenzi.
Em São Paulo, os pesquisadores do Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia aplicada) acreditam que a confirmação da volta do tributo do ICMS no estado “elevou a procura por carne, reforçando a necessidade de novos lotes de animais para abate pelas indústrias paulistas”.
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O levantamento de preço realizado pelo economista do Notícias Agrícolas, André Lopes, apontou valorização em sete praças das oito pesquisadas. A alta mais expressiva ocorreu em Minas Gerais com avanço de 13,95%, deixando o animal vivo cotado em R$ 4,90/kg.
Para o presidente da ACSURS (Associação dos Criadores de Suínos do Rio Grande do Sul), Valdecir Folador, o setor deve contar com cotações acima da média durante todo o primeiro bimestre do ano.
Segundo ele, as indústrias tem relatado que encerraram 2016 praticamente sem estoques, por isso o aquecimento da demanda neste início de ano. "O mesmo relato vale para fevereiro, o consumo deve continuar forte, especialmente no setor de industrializados", conta.
O presidente também destaca que a produção neste ano deve crescer abaixo de 2%, não favorecendo um excedente de oferta no mercado interno. "O suíno que será abatido no final deste ano, sua matriz já está no campo, e podemos notar que não há aumento de plantel ou alojamento", diz.
No atacado da Grande São Paulo o cenário é semelhante. "A carcaça especial se valorizou 6,2% no mesmo período, com o quilo passando para a média de R$ 6,76 nessa quarta. O preço da carcaça comum subiu 8,4%, a R$ 6,39/kg", relata o Cepea em seu boletim semanal.
Exportações
as vendas de carne suína continuam em patamares elevados. Conforme os dados levantados pela ABPA, as vendas do produto in natura totalizaram 54,5 mil toneladas, volume 39,3% acima do registrado em janeiro de 2016, de 39,1 mil toneladas.
Em receita cambial, as elevações chegaram a 76,2%, com US$ 124,6 milhões – contra US$ 70,7 milhões obtidos no primeiro mês do ano passado. Em reais, com R$ 398,5 milhões, o crescimento comparativo atingiu 39% - frente a R$ 286,6 milhões de janeiro passado.
“O crescimento mais expressivo aconteceu nas vendas para a Rússia, acompanhado pelo movimento positivo de compras de Hong Kong, China, Argentina, Singapura e Chile. O resultado do mês seguiu patamares semelhantes à média do ano passado, o que indica um ano positivo para a suinocultura”, ressalta Ricardo Santin, vice-presidente de mercados da ABPA.