Ministério entrega certificação que eleva status sanitário da produção de aves

Publicado em 22/11/2016 06:48

Pela primeira vez no Brasil, uma empresa do setor produtivo de aves recebeu o certificado oficial de Compartimento de Reprodução Livre de Influenza Aviária e da doença de Newcastle. O Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) concedeu a certificação a três filiais da empresa COOB Vantress Brasil, em Minas Gerais, São Paulo e Mato Grosso do Sul. A medida é importante porque aumenta o status sanitário das aves do país. A certificação foi concluída em parceria entre o Mapa, a Organização Mundial de Saúde Animal (OIE) e a Associação Brasileira de Proteína Animal.

O Brasil é o maior exportador de carne de frango do mundo e o segundo maior exportador de carne de peru. Atualmente, o país é certificado como livre de Newcastle e Influenza aviária o que permite que, na eventual ocorrência de um foco, o governo possa definir estratégias para certificar uma zona livre. Agora com a certificação da COOB, em casos de emergência em que o surto possa se disseminar para outros locais para além da zona, é possível manter compartimentos que seriam ilhas produtivas em funcionamento, mesm em casos de surto.

“O certificado é uma garantia que o Brasil agora tem de que, se algum problema surgir ,nós teremos como conviver sem sair do mercado. A venda de aves pelo Brasil é algo em torno de US$ 8 bilhões. Já pensou o Brasil sem esses US$ 8 bi na balança comercial, além dos impactos na cadeia produtiva interna? Além de comemorar o avanço, queremos estimular outras empresas para que acelerem esses processos. Não vamos esperar uma crise para começar a correr atrás”, disse o ministro Blairo Maggi durante a cerimônia de entrega do certificado.

Duas outras empresas do setor, a JBS e a BRF, estão no processo de adequação para conseguir o selo. O diretor-executivo da COOB para a América Latina, Jairo Arenazio, contou que a criação do sistema começou em 2006, quando foi definida a nova estratégia da empresa que previa que entre 30% e 35% dos negócios deviam vir do comércio exterior. “Naquele momento, verificamos que apesar de o Brasil ser considerado uma ilha sanitária no mundo, nós tínhamos que criar alguma metodologia que garantisse o trânsito internacional da produção. Em 2008 nós juntamos o Mapa, a BPA e a OIE em um grande projeto com o objetivo de fazer um modelo de compartimento piloto que servisse para o mundo inteiro. Esse processo está sendo finalizado hoje”, comemorou.

Compartimentação

O chefe de divisão de Sanidade de Aves do Mapa, Bruno Pessamilio, explicou que a compartimentação é um conceito da Organização Mundial de Saúde Animal que visa a certificação de uma subpopulação animal em um sistema produtivo, independente de sua localização geográfica. “O compartimento é uma garantia a mais para as empresas do setor de poder manter sua produção e suas exportações mesmo em situações de crise sanitária”, explicou.

A metodologia de compartimento é pautada por alguns pilares. O primeiro é um rigoroso sistema de proteção. As unidades produtivas, sejam grandes ou incubatórias, precisam de um elevado nível de biosseguridade e proteção dos seus planteis, o que inclui desde procedimentos operacionais do dia a dia, como limpeza, desinfecções e rotinas de protocolo de controle de visitas, até uma série de demandas operacionais registradas. “O segundo pilar é que seja feito todo o protocolo de vigilância, ou seja, coleta de materiais para análise de Newcastle e Influenza para não apenas dizer que não tem o vírus, mas provar”, explicou Pessamillo.

Segundo o especialista, a vantagem para as empresas que adotarem o sistema é que ele funciona como um seguro: em caso de uma doença de alto impacto econômico, aquelas que têm o compartimento poderão continuar operando e exportando. “Por exemplo, recentemente os Estados Unidos teve um foco de Influenza aviária que alcançou 15 estados e chegou a comprometer 50 milhões de aves, que foram sacrificadas. Nesse caso, o país, que é o segundo maior exportador do mundo, perdeu diversos mercados. Porque o mundo não quer comprar animais ou carne com problemas sanitários. Quando essas doenças entram, devastam a economia. O compartimento é uma forma de manter o seu sistema produtivo em operação.”

O certificado sanitário de compartimento tem adesão voluntária das empresas. 

Investimento

O sistema requer investimentos em infraestrutura e formação profissional. "É uma energia tremenda, consultores que foram contratados, treinamentos internos, visitas e uma série de reuniões com a OIE para chegarmos ao projeto como é hoje”, contou Arenazio. Apesar dos custos, ele avalia que vale a pena para a empresa.  “É um projeto oneroso, mas ele realmente se paga porque, a partir do momento que você garante um status sanitário maior, isso garante trânsito internacional. Nós conseguimos sair de cinco países para os quais exportávamos em 2006 para mais de 25 países hoje nos quatro continentes e isso ajudou muito.”, concluiu.

Fonte: Agência Brasil

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