Estratégia e planejamento favorecem crescimento da suinocultura mineira
Em Minas Gerais, 80% dos 1,4 mil suinocultores atuam de forma independente. Isso faz com que os produtores do estado precisem investir mais em planejamento de longo prazo para manter a atividade. Com estoques de milho e fábricas de ração próprias, as granjas de mineiras trabalham com custos elevados, mas conseguem preços melhores no momento da venda, quando comparados aos valores praticados no Sul do Brasil. O diagnóstico é da Expedição Suinocultura que percorreu 2,7 mil quilômetros pelas regiões de Belo Horizonte e da Zona da Mata mineira.
O projeto é uma iniciativa do Núcleo de Agronegócio Gazeta do Povo e está na estrada desde o início de agosto. A equipe de técnicos e jornalistas já visitou os estados de Santa Catarina, Rio Grande do Sul e Paraná – principais produtores e exportadores de carne suína do país – e concluiu as saídas de campo percorrendo as principais regiões produtoras de Minas Gerais. Além da capital mineira, as regiões de Ponte Nova e Pará de Minas foram contempladas no último roteiro. Juntos, os quatro estados respondem por 80% da atividade no Brasil.
Segundo apuração da Expedição Suinocultura, o cenário mineiro é bastante distinto do encontrado no Sul do Brasil. Enquanto os paranaenses, catarinenses e gaúchos verticalizam a produção e trabalham de forma integrada, os mineiros preferem o ciclo completo, mantendo as fases de berçário, creche, recria e terminação na mesma propriedade. “Em Minas Gerais, mais da metade da produção vêm dos pequenos produtores, aqueles com menos de 500 matrizes”, explica o integrante da expedição, Gabriel Azevedo.
Manter o ciclo completo e a independência, no entanto, significa trabalhar com custos mais altos, principalmente quando o assunto é ração. “Em Minas Gerais, o gerenciamento e o escoamento da produção são distintos do resto do país”, destaca Azevedo. Cada propriedade precisa desenvolver uma estratégia de mercado e negociar insumos em separado. Na maioria das granjas visitadas, a Expedição Suinocultura encontrou silos cheios e fábricas de ração próprias. Para reduzir custos, muitos suinocultores optaram por estocar milho quando a saca custava R$ 30 e para sobreviver ao período de alta, quando os preços se aproximavam de R$ 60. O plano de ação de longo prazo permitiu, inclusive, que alguns produtores aumentassem o número de matrizes, mesmo em um período de dificuldade para o setor nacional. Outro ponto crucial para a manutenção da atividade em Minas é o preço.
Negociação
A valorização do produto é resultado do trabalho desenvolvido pela Associação dos Suinocultores do Estado de Minas Gerais (Asemg). Há 35 anos, a entidade criou e mantém a primeira Bolsa de Suínos do país. Toda segunda-feira, representantes dos produtores e dos frigoríficos se reúnem em Belo Horizonte para debater e acordar o valor pago por quilo do suíno vivo no estado. A eficácia da negociação também é medida semanalmente, por meio da plataforma Mercominas. “A Asemg faz um levantamento com o atacado, o varejo, produtores e frigoríficos para verificar se os preços praticados ao longo da semana respeitaram o acordo fechado na rodada anterior”, explica Azevedo.