Proteína Animal: Projeções para o segundo semestre de 2016

Publicado em 13/07/2016 14:29 e atualizado em 13/07/2016 15:04
Por Francisco Turra, presidente-executivo da ABPA

Crise econômica, desaceleração dos negócios, fechamento de fábricas, desemprego.  O cenário brasileiro do primeiro semestre foi de estragos em praticamente todos os setores produtivos.  Com a expansão do índice de desemprego no país, os níveis de consumo foram fatalmente impactados.

Neste contexto, ao longo dos seis primeiros meses deste ano, os produtores e exportadores de proteína animal viram o preço do milho dar saltos e alcançar patamares superiores a R$ 60,00 a saca.  Agora, com a colheita da safrinha de milho e o leve “respiro” diante das cotações praticadas no cereal, é a vez da soja “pesar” nos custos e na competitividade dos produtores avícolas e suinícolas do Brasil.

Para somar-se a estes fatores desfavoráveis, a queda do câmbio a patamares de R$ 3,30 impôs um aperto às margens do setor.  Recentemente, a ABPA havia manifestado preocupação com relação à importância da manutenção do câmbio a R$ 3,50, para a manutenção da capacidade competitiva das agroindústrias exportadoras.

Foi uma tempestade quase perfeita.  Empresas anunciaram suspensão de turnos.  Outras, fecharam unidades ou suspenderam contratos de arrendamento.  Apesar disto, o setor tem se esforçado para evitar demissões.

Diante deste contexto, a ABPA – por meio de suas análises periódicas junto às agroindústrias associadas – tem acompanhado uma notável redução dos níveis de alojamento de pintinhos.  Mantidos estes patamares, a expectativa é que os volumes de produção caiam para cerca de 13 milhões de toneladas, 4% a menos em relação à expectativa inicial do ano, que era de 13,5 milhões de toneladas.

No caso de suínos, os mesmos efeitos sobre a produção deverão resultar em queda sobre a expectativa inicial de crescimento de produção para este ano (que se esperava chegar a 3,76 milhões de toneladas).  Agora, o setor espera repetir volume próximo do produzido no ano passado, de 3,64 milhões de toneladas.

Um alento neste cenário é o incremento das exportações.  As novas projeções da ABPA indicam que os volumes embarcados de carne de frango devam crescer neste ano 8% em relação ao total exportado em 2015%.  Há grande expectativa coma manutenção das vendas para a China (consolidada como segundo maior mercado importador de carne de frango do Brasil), além do bom ritmo dos embarques para o Oriente Médio e outros países da Ásia, como Japão e Coreia do Sul.

Já para a carne suína, as vendas totais de 2016 em volumes deverão superar em 28% o total registrado nos 12 meses do ano passado.  Assim como para o setor de frangos, a China tem se destacado nas importações da carne suína brasileira.  Outros grandes mercados, como Rússia (maior importador), Argentina, Chile e Singapura também aceleraram suas compras neste primeiro semestre.

EXPORTAÇÕES DE CARNE DE FRANGO

Os embarques de carne de frango (considerando todos os produtos, entre in natura e processados) de junho atingiram 411,9 mil toneladas, volume 4,1% superior ao registrado no mesmo período do ano passado.

O bom desempenho de junho contribui para que o setor encerrasse o primeiro semestre com exportações 13,86% maiores que o realizado nos seis primeiros meses de 2015.  Ao todo, neste ano, foram embarcadas 2,266 milhões de toneladas – 276 mil toneladas a mais em relação ao ano anterior.

Já em receita cambial, o saldo do semestre registrou retração de 1,25%, com total de US$ 3,384 bilhões.  Em junho, a queda foi de 3,5%, com US$ 661,7 milhões.

Em ritmo diferente, os resultados dos embarques em reais apresentaram resultados positivos, com elevação de 6,2% em junho (com R$ 2,265 bilhões) e de 21,72% no semestre (com R$ 12,442 bilhões).

 

 

JAN-JUN 16

PARTICIPAÇÃO

1

ARABIA SAUDITA

379.764.833

17,0%

2

CHINA

256.417.859

11,5%

3

JAPAO

215.142.311

9,7%

4

UNIÃO EUROPÉIA

200.314.651

9,0%

5

EMIRADOS ARABES

159.216.306

7,1%

6

HONG KONG

124.231.187

5,6%

7

AFRICA DO SUL

123.118.945

5,5%

8

COVEITE

64.459.919

2,9%

9

EGITO

54.069.178

2,4%

10

COREIA DO SUL

47.544.684

2,1%

11

RUSSIA

47.287.174

2,1%

12

CINGAPURA

43.407.772

1,9%

13

OMA

41.049.873

1,8%

14

CATAR

39.628.802

1,8%

15

MEXICO

33.535.891

1,5%

 

OUTROS

399.122.402

17,9%

 

S U B T O T A L

2.228.311.787

100%

 

EXPORTAÇÕES DE CARNE SUÍNA

As exportações brasileiras de carne suína (considerando todos os produtos) totalizaram, em junho, 61,322 mil toneladas, volume 29,5% superior ao registrado no mesmo período do ano passado. 

No acumulado do ano, o setor já acumula alta de 54,7% em relação ao primeiro semestre de 2015, totalizando 353,3 mil toneladas.

A receita dos embarques em dólares chegou a US$ 122,9 milhões em junho, número 14,8% maior na comparação com o sexto mês de 2015.  No semestre, os ganhos chegam a US$ 633,8 milhões, dado 14,8% maior na comparação com os seis primeiros meses do ano passado.

Já o saldo em reais chegou a R$ 420,7 milhões em junho, resultado 13% superior ao alcançado no mesmo período de 2015.  No acumulado do ano, a receita obtida chegou a R$ 2,328 bilhões, 40,8% acima do alcançado no primeiro semestre de 2015. 

15 maiores importadores do primeiro semestre

 

 

JAN-JUN 16

PARTICIPAÇÃO

1

RUSSIA

118.935.241

34,1%

2

HONG KONG

86.698.868

24,8%

3

CHINA

41.423.331

11,9%

4

CINGAPURA

17.143.699

4,9%

5

ANGOLA

15.318.990

4,4%

6

URUGUAI

13.330.703

3,8%

7

CHILE

10.052.972

2,9%

8

ARGENTINA

9.575.826

2,7%

9

GEORGIA

4.740.018

1,4%

10

EMIRADOS ARABES

4.562.431

1,3%

11

COSTA DO MARFIM

2.705.834

0,8%

12

ALBANIA

2.433.154

0,7%

13

ARMENIA

1.770.969

0,5%

14

CONGO, REP. DEM.

1.733.554

0,5%

15

LIBERIA

1.555.576

0,4%

 

OUTROS

17.141.716

4,9%

 

TOTAL

349.122.882

100%

 

OVOS

As exportações brasileiras de ovos totalizaram em junho 528 toneladas, 21,9% a menos que o total embarcado pelo setor no mesmo mês de 2015.  Já no semestre o setor acumula alta de 6,8%, com 7,487 mil toneladas exportadas.

No resultado cambial, o setor acumula alta de 8,8% no ano, com US$ 10 milhões obtidos neste primeiro semestre.  Em junho, entretanto, houve decréscimo de 16,8%, com saldo de US$ 798 mil.

Já no desempenho em reais, houve incremento de 44,4% no total obtido pelo setor nos seis primeiros meses deste ano em relação ao ano anterior, com R$ 38,2 milhões.  No mês, entretanto, houve retração de 8,4%, com R$ 2,7 milhões.

Fonte: ABPA

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