Embrapa mostra os avanços tecnológicos e do mercado do feijão caupi
O feijão-caupi é uma cultura originária da África, introduzida no Brasil pelos colonizadores portugueses, associada ao tráfico de escravos. Sua introdução ocorreu pelo estado da Bahia na segunda metade do século XVI. O feijão-caupi tem vários nomes populares: feijão-macassar e feijão-de-corda, na região Nordeste; feijão-de-praia, feijão-da-colônia e feijão-de-estrada, na região Norte; feijão-miúdo. Na região Norte, há ainda o manteiguinha, com grãos extrapequenos de cor creme e, principalmente, na Bahia o fradinho, com grãos médiograndes com tegumento branco rugoso e grande halo preto.
As pesquisas com a cultura no Brasil, tudo indica, que só começaram em 1903, quando Gustavo R. P. D'Utra, publicou o primeiro trabalho de qual se tem conhecimento "Os feijões de macassar". O melhoramento genético de feijão-caupi, propriamente dito, muito provavelmente, começou em 1925 quando Henrique Lôbbe publicou o trabalho “Estudo sobre doze variedades de caw-pea”. Com base no histórico do feijão-caupi no Brasil pode-se dividir o seu melhoramento genético em quatro fases, considerando as instituições envolvidas, o grau de interação entre elas e o nível de organização e planejamento dos trabalhos:
1ª Fase - De 1925, tomando como marco o trabalho de Lôbbe até 1963. Nesse período, os trabalhos eram realizados de forma isolada, não havendo articulação nem continuidade nas pesquisas.
2ª Fase - De 1963, quando foi criada junto ao Departamento Nacional de Pesquisa e Experimentação Agropecuárias (DNPEA) a Comissão Brasileira de Feijão – CBF até 1973. Nessa fase, após a criação da CBF, o DNPEA, por meio de seus institutos regionais passou a articular de forma mais participativa as ações de pesquisas com melhoramento em feijão-caupi. Nesse período, iniciou-se a integração das pesquisas com feijão-caupi no plano regional. Nesse período foram feitas muitas publicações importantes e lançadas as primeiras cultivares melhoradas.
3ª Fase - De 1973, quando foi criada a Embrapa, até 1991. Esse foi um período de grandes avanços. A Embrapa absorveu as funções do DNPEA, e desse modo, as unidades descentralizadas da Embrapa absorveram as funções dos institutos regionais. Em 1974 foi criado o Centro Nacional de Pesquisa de Arroz e Feijão (CNPAF), em Santo Antônio de Goiás, a partir do qual, em 1977, foi formalizado um convênio entre a Embrapa e o International Institute of Tropical Agriculture (IITA), localizado em Ibadan, Nigéria, que vigorou de 1977 a 1986.
A partir desse convênio, 236 foi montada uma equipe de pesquisa só para o feijão-caupi e articulada a uma rede nacional de pesquisa para a cultura. Essa rede foi liderada pelo Dr. João Pretagil Pereira de Araújo e pelo Dr. Earl Eugene Watt (representante do IITA). Logo depois, foi estruturado o Programa Nacional de Pesquisa de Feijão, que incluía o feijão-comum e o feijãocaupi com os programas de melhoramento de ambas as culturas, sendo coordenados pelo CNPAF. Nesta fase consolidou-se a rede nacional de pesquisa de feijão-caupi, a qual incluía as unidades descentralizadas da Embrapa, empresas estaduais, institutos estaduais de pesquisa e universidades, componentes do Sistema Nacional de Pesquisa Agropecuária (SNPA). Nessa fase s e iniciou a Reunião Nacional de Pesquisa de Feijão-Caupi (RENAC) que em 2006 deu origem ao Congresso Nacional de Feijão-caupi (CONAC).
4ª Fase - De 1991, quando a coordenação do Programa Nacional de Feijãocaupi passou do CNPAF para Embrapa Meio-Norte, até o presente. A Embrapa MeioNorte reestruturou o trabalho internamente. Reiniciou os contatos e as parcerias com as instituições componentes do SNPA, reorganizou a rede de pesquisa, primeiramente na região Nordeste e, em seguida, na região Norte. Nessa fase, as empresas estaduais de pesquisa passavam por grandes dificuldades, algumas sendo extintas. Com base nos avanços alcançados na fase anterior, principalmente com relação à produtividade de grãos e à resistência a doenças causadas por vírus, nesta fase os objetivos voltaram-se também para o melhoramento da arquitetura da planta, da qualidade de grão e da adaptação às condições de cerrado. Com esse trabalho a rede de pesquisa de feijãocaupi passou a se estender pelas regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste, indo do Estado de Roraima ao do Mato Grosso do Sul e do Estado de Pernambuco ao de Rondônia.
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