Número de mortos por chuvas no RS sobe para 90; há 132 desaparecidos

Publicado em 07/05/2024 09:34 e atualizado em 07/05/2024 10:38

Por Amanda Perobelli e Leonardo Benassatto

ELDORADO DO SUL (Reuters) -O número de mortes causadas pelas chuvas devastadoras que atingiram o Rio Grande do Sul na semana passada subiu para 90 e outros quatro óbitos estão sob investigação, enquanto 132 pessoas seguem desaparecidas e milhares estão desalojadas e enfrentado todo tipo de escassez.

Segundo comunicado da Defesa Civil do Estado, em balanço divulgado na manhã desta terça-feira, 388 municípios foram afetados pelos eventos climáticos em todo Rio Grande do Sul, além de haver mais de 155 mil pessoas desalojadas e 361 feridas.

As chuvas provocaram cheias em rios em várias regiões do Estado, alegando completamente as cidades, além da destruição de estradas e pontes. Afetaram ainda os serviços de fornecimento de água, energia elétrica e de telefonia para centenas de milhares de pessoas.

Os eventos climáticos afetaram no total mais de 1,3 milhão de pessoas, segundo a Defesa Civil.

Nesta terça-feira, o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), disse que a Casa votará o projeto de decreto legislativo que reconhece o estado de calamidade no Rio Grande do Sul, indicando que a medida deve ser aprovada. O decreto foi aprovado pela Câmara na segunda-feira, poucas horas após ter sido enviado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Em entrevista à GloboNews, Pacheco defendeu que a situação "atípica" do Rio Grande do Sul demanda soluções que sejam "atípicas e anormais". O decreto legislativo abre caminho para o envio de recursos federais ao Estado sem que isso afete a meta fiscal do governo.

Ele também indicou que o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, deve apresentar nesta semana uma medida específica para a dívida do Rio Grande do Sul com a União.

No programa "Bom dia, presidente!", do CanalGov, desta terça-feira, Lula disse que só será possível saber o tamanho dos estragos causados pelas chuvas no Estado quando as águas baixarem.

Lula reiterou que não faltará apoio do governo federal ao Rio Grande do Sul para o que está sendo chamado de pior desastre climático da história do Estado.

SITUAÇÃO CRÍTICA E ESFORÇOS DE RESGATE

A situação em várias cidades gaúchas permanecia crítica nesta terça-feira, à medida que se intensificam os esforços de resgate de pessoas ilhadas por enchentes e sobreviventes relatam a escassez de suprimentos básicos.

Nos arredores de Eldorado do Sul, no leste do Estado, pessoas relataram à Reuters falta de comida, além de muitas pessoas dormindo na estrada por não terem outra opção.

"É muito triste isso. Eu nunca vi uma coisa dessa. Eu acho que isso é um sinal para o pessoal ser mais humano. Não sei o que está acontecendo nesse mundo", disse Moacir Egídio à Reuters, aos prantos, na beira de uma estrada próxima a Eldorado do Sul.

Pequenas embarcações podiam ser vistas atravessando a cidade alagada, em busca de mais sobreviventes, que incluíam famílias inteiras com suas bagagens carregadas em mochilas e até carrinhos de supermercado.

"Eu estou com pessoas desconhecidas aqui. Não sei onde está a minha família. Só tenho que agradecer a Deus por ter conseguido tudo isso aqui", afirmou Ricardo Junior, referindo-se a suprimentos recém-adquiridos.

Nesta terça-feira, a Marinha do Brasil ativou uma operação de fuzileiros navais que levará um hospital de campanha com 40 leitos, além de mais profissionais de saúde, para Canoas, outra cidade bastante afetada pelas chuvas no Rio Grande do Sul.

Os fuzileiros navais atuam no Estado desde sexta-feira em operação coordenada pelo Comando Conjunto Sul, que conta com um contingente de 300 militares, 50 viaturas e 31 embarcações. Eles buscam a desobstrução de vias, resgate de pessoas isoladas e transporte e distribuição de alimentos.

(Reportagem adicional de Fernando Cardoso, em São Paulo, e Rodrigo Viga Gaier, no Rio de JaneiroEdição de Pedro Fonseca)

Fonte: Reuters

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