Nova safra: Chuvas regulares devem chegar só em outubro e estado de atenção permanece no Sul

Publicado em 25/08/2022 11:06 e atualizado em 26/08/2022 09:05
Se confirmado, será o terceiro ano consecutivo com chuvas abaixo do ideal para a safra de grãos no Sul do Brasil

Há pouco menos de um mês para o fim do vazio sanitário da soja, as atenções do produtor brasileiro se voltam para as previsões do tempo para os próximos meses.

As previsões do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) indicam o retorno gradual das chuvas entre os meses de setembro e outubro nas principais áreas de produção, mas alerta para volumes abaixo da média na região Sul do país. Se confirmado, será o terceiro ano consecutivo com regime de chuva fora do ideal para a safra de grãos na região. 

Segundo Heráclio Alves, meteorologista do Inmet, as chuvas começam a retornar em setembro, mas ainda com certa irregularidade e com chuvas abaixo da média em alguns pontos.

"As últimas rodadas mostram que é pouco provável que as chuvas retornem em todas as áreas no mês que vem. Para o Centro-Oeste a tendência é mais favorável a partir de outubro e as condições são mais pessimistas para o Sul do Brasil", afirma. 

O prognóstico para o próximo trimestre (setembro/outubro/novembro) do Inmet prevê chuvas abaixo da média em até 50mm em áreas do Mato Grosso e Mato Grosso do Sul e precipitação podendo ficar até 100mm acima da média em Goiás, Minas Gerais e em toda área do Matopiba. 

Já para São Paulo, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul, até a manhã desta quinta-feira (25), mostravam precipitação de até 100mm abaixo do esperado. O cenário mais crítico é para áreas no sul de São Paulo, Paraná e centro-oeste do Rio Grande do Sul. 

Veja o mapa de previsão de anomalias para o próximo trimestre: 


 

Quando se divide as previsões nos próximos três meses, os modelos mostram que para o mês de setembro os volumes ainda podem ficar entre 10mm e 50mm acima da média no Sul do Brasil, além de mostrar a irregularidade na região Central do país e normalidade nas previsões para o Matopiba. 

De acordo com o Inmet, a provável atuação do La Niña até o início do verão (dezembro) pode impactar nas fases finais das culturas de inverno e segunda safra, além do início da safra de verão no Brasil. Como indicam os modelos climáticos, a permanência do fenômeno, ainda que de intensidade fraca, faz com que a previsão climática nas regiões produtoras seja avaliada com mais atenção. 

“Nos próximos meses, na parte mais sul do Brasil, há uma tendência de irregularidade nas chuvas, ou seja, uma tendência de que chova de maneira mais concentrada em poucos dias”, explica o mestre e doutor em Climatologia e meteorologista do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), Mozar de Araújo Salvador em publicação oficial para o Inmet. 

Veja o mapa de previsão para setembro: 

 

A partir de outubro, no entanto, o cenário muda e as chuvas passam a ser mais frequentes para o Sudeste do Brasil, com exceção de São Paulo que ainda pode continuar com chuvas abaixo da média, assim como pontos do Mato Grosso e do Mato Grosso Sul. A partir deste mês o prognóstico de anomalia passa a mostrar chuvas abaixo da média no Sul do Brasil, com destaque para o Rio Grande do Sul onde a precipitação tende a ficar até 75mm abaixo do esperado. 

"O prognóstico climático aponta o retorno gradual das chuvas, principalmente em outubro, o que será importante para a elevação do armazenamento de água no solo e estabelecimento das fases iniciais das culturas no campo, como a soja, milho e algodão", afirma o Inmet. 

Veja o mapa de previsão para outubro: 


Para o mês de novembro, a previsão mostra chuvas podendo ficar acima ou dentro da média no Sudeste e no Matopiba, mas ainda alerta para permanência de volumes abaixo da média no sul do Mato Grosso e Mato Grosso do Sul. Para os três estados da região Sul do Brasil não há previsão de mudanças significativas e os volumes podem permanecer abaixo da média histórica. 

Veja o mapa de previsão para novembro: 

La Niña 

No Brasil, o impacto do La Niña é observado, principalmente, a partir do aumento do volume de chuva nas regiões Norte e Nordeste e, também, volume abaixo da média na Região Sul. Além disso, o fenômeno provoca uma ligeira queda de temperatura nas regiões Sudeste e Sul.

“Nos próximos meses, na parte mais sul do Brasil, há uma tendência de irregularidade nas chuvas, ou seja, uma tendência de que chova de maneira mais concentrada em poucos dias”, explica o mestre e doutor em Climatologia e meteorologista do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), Mozar de Araújo Salvador.

Segundo ele, os transtornos econômicos para o País são enormes. “A atuação do La Niña impacta na pecuária e na agricultura, setores que podem ser afetados pelo excesso de calor, que, normalmente, vem acompanhado pela falta de chuva. É um efeito duplo da atmosfera que afeta a economia”, completa Mozar.

O evento atual do La Niña, que teve início em outubro de 2021, provocou, entre abril e junho deste ano, uma intensificação do frio, atingindo a temperatura de -1,1 °C, o que classificou o fenômeno como moderado no trimestre. Porém, entre os meses de maio e julho, houve um enfraquecimento (fechando em -0,9°C), o que levou o La Niña para a categoria de evento fraco.

Já na última semana de julho e nas duas primeiras semanas de agosto, houve uma retomada do resfriamento das águas do Pacífico Equatorial, intensificando mais uma vez o fenômeno. Contudo, esse atual resfriamento é menos intenso que o ocorrido nos meses de abril e maio deste ano.

Por: Virgínia Alves
Fonte: Notícias Agrícolas

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