Corn Belt deve receber chuvas melhores nos próximos dias e mercado foca novos números do USDA
Em um mês, aproximadamente, a nova safra de soja do Brasil terá início e o mercado já está bastante atento - e até mesmo um pouco ansioso - pela oferta que o maior produtor e exportador mundial deverá trazer ao cenário global que vem sofrendo de escassez de produto. Enquanto o plantio não começa por aqui, os traders permanecem muito focados ainda na conclusão da nova safra norte-americana, nas condições climáticas em que as lavouras irão se concluir no Corn Belt também neste final de agosto.
Nesta semana, as perspectivas se intensificam à espera do novo boletim mensal de oferta e demanda que o USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) que chega na quinta-feira, dia 12, principalmente depois do último reporte semanal de acompanhamento de safras divulgado nesta segunda-feira (9) com 60% dos campos de soja e 64% dos de milho em boas ou excelentes condições, contra 74% e 71% do mesmo período do ano passado, respectivamente.
"As chuvas e as temperaturas amenas beneficiaram o milho na semana passada e eles conseguiram algumas chuvas muito necessárias em partes do oeste do cinturão, que estavam bastante secas. Já a soja não se beneficiou tanto das condições da última semana", explicou o phD em agronomia, Dr. Michael Cordonnier.
Nesta semana, por outro lado, as condições sinalizam alguma melhora e boas áreas estão recebendo precipitações melhores. E estas chuvas são bem vindas, principalmente, nos pontos do Meio-Oeste americano onde os níveis de umidade do solo ainda são mais baixos, em uma fase das plantas onde a presença da água é determinante para a definição e garantia da produtividade tanto da soja, quanto do milho.
No trigo de primavera americano, as perdas são drásticas em função das adversidades climáticas.
"Os solos ficaram mais secos nas últimas duas semanas e de 18, apenas dois indicaram algum aumento nos níveis - Ohio e Wisconsin - enquanto todos os demais apresentaram redução. E entre os estados que se destacam baixa umidade do solo são Dakota do Norte, Dakota do Sul, Minnesota, Arkansas e Iowa. O estado mais seco é a Dakota do Norte, com 92% de seu território classificado com níveis baixos ou muito baixos. As chuvas no último final de semana e no começo desta semana podem ajudar a melhorar as condições no oeste e norte do Corn Belt, ajudando em um possível aumento da umidade", explica o especialista.
O boletim diário do Commodity Weather Group desta terça-feira (10) mostra que tais precipitações já começam a limitar o estresse hídrico a cerca de 20% do Meio-Oeste americano, e volumes melhores são esperados em partes de Illinois, Indiana e partes da região do Delta. No oeste do Meio-Oeste, as chuvas também podem se expandir.
E o modelo europeu, como relata o analista de mercado Eduardo Vanin, da Agrinvest Commodities, também sinaliza melhores condições para os Estados Unidos nos próximos dez dias. De acordo com mapas trazidos nesta terça-feira, deve voltar a chover nas Dakotas e em Minnesota e seguirá chovendo em Illinois, maior estado produtor de soja e segundo maior produtor de milho.
Os mapas do NOAA, o serviço oficial de clima dos EUA, para os próximos 8 a 14 dias - período de 17 a 23 de agosto - mostram chuvas acima da média justamente na região das Dakotas, Minnesota, partes do Nebraska a extremo noroeste de Iowa.
A preocupação são as elevadas temperaturas esperadas para a metade norte dos Estados Unidos. No entanto, caso as boas chuvas se confirmem, o cenário pode ser amenizado.