Soja & Milho: Clima incerto nos EUA segue alimentando trajetória de altas em Chicago
"Agora que o calendário virou para maio, a situação da umidade do solo se torna ainda mais importante. Os solos mais secos estão concentrados no noroeste do Corn Belt, com a Dakota do Norte sofrendo com 93% de seu territórios sob severa seca e a Dakota do Sul com 19% em condições de seca extrema", explica o phD em agronomia e um dos mais renomados especialistas norte-americanos, Dr. Michael Cordonnier, sobre a safra 2021/22 dos Estados Unidos.
O tempo seco em partes do país, em especial na porção oeste, tem permitido que os trabalhos de campo avancem de forma muito significativa, com o ritmo da soja sendo recorde e o do milho, o mais veloz desde 2015. E embora o cenário seja bom para a semeadura, traz certa preocupação ao produtor norte-americano, que passou por um inverno bastante seco também e que registra agora sofre com baixos níveis de umidade no solo.
Tais condições poderiam comprometer a germinação das lavouras recém plantadas, uma vez que além da falta de chuvas, o que também preocupa é o tempo muito frio. As baixas temperaturas, abaixo da média para este período da primavera, estão concentradas mais a leste e deverão durar, de acordo com as últimas previsões, até a segunda quinzena de maio.
Pelo Twitter, o analista internacional Kevin Van Trump trouxe uma imagem do Drought Monitor comparando maio de 2020 com maio de 2021 apontando áreas mais extensas de seca - em amarelo e laranja - em estados muito importantes para a produção norte-americana e diz: "sem espaço para soluções na nova safra".
E Van Trump chega para engrossar o coro dos analistas e consultores de mercado. O quadro onde o consumo supera a produção tanto de soja, quanto de milho precisa da uma nova colheita vinda dos Estados Unidos saudável e cheia. Níveis recordes, é sabido pelo mercado, não deverão ser alcançados, uma vez que a nova área deve apresentar - ao menos até este momento - um crescimento pouco expressivo em relação à temporada anterior.
No último dia 31 de março, o USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) estimou a área de milho em 36,87 milhões de hectares, apenas 0,33% maior do que a da safra 2020/21 e a de soja em 35,45 milhões, com um aumento de 5%, enquanot o mercado esperava um incremento de até 8%.
Em junho, o departamento americano revisa estes números e, mais uma vez, o mercado espera por mudanças diante da necessidade maior da demanda e frente aos bons preços que seguem sendo registrados pelas duas culturas na Bolsa de Chicago. São as máximas para a oleaginosa e o cereal em oito anos.
Analistas internacionais têm classificado este rally para os grãos como histórico, principalmente para o milho, que dobrou de preço em um ano. "Mercado físico forte refletindo também uma demanda resiliente, baixos estoques ou ambos direcionaram as altas. E mais o fluxo monetário", resume Bryan Doherty, analista de mercado do portal norte-americano SuccessfulFarming.
Ao mesmo tempo, nesta quinta-feira (6), o contrato novembro/21 alcançou os US$ 14,00 por bushel pela primeira vez em oito anos, com uma alta de 27% no acumulado desde 2021, segundo a especialsta em commodities agrícolas Karen Braun, da Reuters Internacional.
"É o melhor desempenho do contrato no período em quase 50 anos, mas ainda encenou perdas históricas em relação ao milho", diz Karen.
E assim, os produtores vão tentando redesenhar suas estratégias.