Mauro Costa Beber divulga análise climática no último dia do ano e compara dados de 30 anos
No mês de dezembro de 2020 tivemos chuvas abaixo da média em todo o Rio Grande do sul, assim como em setembro, outubro e novembro, -- mas foram chuvas bem distribuídas no mês, o que é muito importante (mais importante do que o volume), diz o produtor rural gaucho Mauro Costa Beber, que há 30 anos usa e distribui dados climáticos para utilização na agricutura.
Desta vez, o estudioso faz o balanço do ano de 2020 e aponta: "ainda poderemos ter boas produtividades na soja". (veja abaixo suas considerações:
-- "Aqui no Pontão dos Buenos, município de Condor, centro-norte do Rio Grande do Sul, choveu 163 mm, em 9 dias, sendo que a média do mês de 30 anos é de 214 mm e dos 11 anos de La Niña a média é de 175 mm.
Nos anos onde os oceanos estavam mais parecidos com este ano choveu 156 mm.
Choveu 76% da média de 30 anos e 93% da média dos anos de La Niña e 106% da média dos anos do passado onde os oceanos estavam mais parecidos com este ano.
Foi um mês com baixos volumes de chuva no Rio Grande do sul, chuvas essas que foram mais generalizadas, mas bem mal distribuída, o que é normal no verão. As chuvas na maior parte do mês ocorrem em forma de pancadas no final da tarde, com alguns vendavais e queda de granizo.
Novamente a correlação com os oceanos aconteceu, pois nos anos parecidos do passado também choveu abaixo da média como eu comentei na análise climática do dia 01/12/2020 (quando estimava uma precipitação de 150 mm para o mês, com boa distribuição).
No mês de dezembro tivemos muitas instabilidades, muitos dias com pancadas de chuva, mas de baixo volume e mal distribuídas.
As chuvas em dezembro são muito importantes para a produtividade do milho, mas para soja mesmo com volumes menores, ainda poderemos ter uma boa produtividade, pois o mês que determina a produtividade é fevereiro.
Tenho como exemplo 2013, 2017 e 2018, quando choveu 80, 97 e 108 mm respectivamente em dezembro e no ano seguinte a produtividade da soja foi excelente.
As temperaturas diárias em dezembro variaram bastante, tivemos frio com temperatura mínima de 13 graus no dia 06/12/2020. Também teve calor, com temperaturas de 35 graus no dia 28/12/2020. Tivemos grande amplitude térmica em vários dias.
Hoje (31/12/2020)o preço balcão da soja está em R$ 138,00, Trigo R$ 70,00 e do milho R$ 74,00.
RESUMO DO ANO 2020
1- A safra de verão teve uma grande oscilação na produtividade no Rio Grande do Sul e uma quebra de aproximadamente 35% na produtividade da soja no estado devido ao déficit hídrico.
2- As culturas de inverno tiveram um clima favorável para o desenvolvimento, mas uma geada no dia 21/08/2020 e uma estiagem associada com calor forte em outubro também prejudicaram a produtividade, mas o preço de venda foi muito bom.
3- Choveu acima da média apenas nos meses de junho, julho e agosto, nos outros meses choveu bem abaixo da média.
4- As temperaturas ficaram parecidas com os anos análogos do passado.
5- A agricultura continuou produzindo e batendo recordes, mesmo com a pandemia e os preços dos principais produtos agrícolas, como soja, trigo e milho, quase dobraram de valor no ano.
6- Foi um ano de muitos erros nas previsões de tempo em todo o Brasil. Foi um ano difícil para os meteorologistas e para quem usa as previsões para o planejamento diário, semanal ou de safra.
7- O plantio da soja atrasou em todo o Brasil, mas aqui na região a emergência foi boa com poucos replantios.
8- Nos meses de outubro, novembro e dezembro houve uma alternância de períodos com frequência de chuvas, com períodos maiores secos em todo o Brasil.
9- Os rios aqui na região terminaram o ano com um nível muito baixo.
10- Está baixa a incidência de pragas e doenças na soja aqui na região.
11- No ano de 2020 teve muitas vendas para o ano de 2021 no Brasil com um valor médio de R$ 95,00 por saca de soja.
(Outras informações deste e dos últimos anos estão no www.agropecuariabrasitalia.com.br em clima, estudos climáticos ou análises climáticas)
METODOLOGIA
Esta análise climática foi feita por correlação estatística, por mim, Mauro Costa Beber, com dados dos últimos 31 anos do tempo e do clima, dados da nossa propriedade, localizada em Condor, centro norte do Rio Grande do Sul, quando os oceanos estavam com as temperaturas parecidas com as deste momento.
Também tem dados de estações do INMET de vários locais do Rio Grande do Sul, um dado do Paraná e um do Paraguai. Coloquei ainda imagens de previsões de outros institutos de previsão climática.
Eu não faço previsão, mas um estudo da correlação das chuvas com produtividade e das chuvas com as temperaturas dos oceanos.
Pesquiso com atenção todos os anos do passado e vejo nos mapas de anomalia de temperatura dos oceanos, os anos em que as águas estavam com as temperaturas parecidas com as deste ano nos oceanos como um todo, "pois só olhando os dados numéricos não tenho a dimensão da correlação".
Em minha visão, os meteorologistas ficam à mercê das previsões novas feitas em outros países que mudam muito em pouco tempo, "ou todos os dias"...
Eu me pergunto, por qual motivo mudam tanto?
As previsões do IRI, Universidade de Columbia, EUA, são previsões para um trimestre ("como interpreta-las nesse espaço de tempo"?).
No ano passado tiveram 20% de acerto ("eu conferi") e é o que é usado no Brasil por todos os meteorologistas... todos olham os mapas deles de anomalia de precipitação, colocam nas suas análises, comentam, como se fosse acontecer aquilo (só que com20% de acerto), em vez de olhar os anos análogos do passado -- onde encontrei 83% de média de correlação nos últimos 36 meses.
Isso significa que dos 12 meses do ano, os acontecimentos do passado se repetem em 10 meses aqui na nossa propriedade, -- pois tem meses que não tem correlação com os oceanos e meses que a correlação não acontece, o que é normal quando se trata de clima.
-- "Isso eu divulgo para que todos possam refletir e não se deixarem influenciar tanto por essas previsões".
Em outubro completei 4 anos de estudo do clima e do tempo. Muito eu aprendi. Hoje vejo meteorologistas e climatologistas falando da temperatura do Atlântico, que antes nunca falavam..., devem ter visto os meus estudos.
Se os supercomputadores, que usam modelo matemático, usassem a temperatura do Atlântico nos algoritmos (não sei se usam) teríamos melhores previsões de tempo e de clima para o Brasil.
Não é só do volume mensal de chuva, mas muitos outros dados que se repetem nos anos análogos.
Desculpem a sinceridade, mas temos que evoluir, melhorar as previsões para o Brasil".
MAURO COSTA BEBER --
PS: A importância da água para a vida e para o desenvolvimento humano é impressionante. Podemos ver no Brasil nos locais onde chove melhor, as cidades são mais desenvolvidas, pois a água faz as plantas produzirem mais. Precisamos evoluir no cuidado com esse bem precioso.