EUA: Milho deve ter redução considerável de área e produtividade após tempestade, diz especialista

Publicado em 14/08/2020 15:17 e atualizado em 16/08/2020 17:15

Embora os prejuízos ainda estejam sendo contabilizados no Corn Belt depois do rastro devastador deixado pela tempestade desta semana, já há perspectivas no mercado norte-americano de que números de área e produtividade de milho serão revisados nos próximos meses. Afinal, uma área de 240 mil km² foi atingida por ventos de até 160 km/h. 

Imagem de radar, do National Weather Service, mostra caminho do 'derecho' e sua intensificação

"Nunca na minha carreira vi tantos acres tendo sido tão severamente prejudicados por vento. E 'só' vento. A escala deste problema é sem precedentes", diz o agrônomo Ken Ferrie ao Farm Journal. Segundo ele, os produtores norte-americanos sofrerão não só com as perdas de rendimento e potencial durante o período de enchimento de grãos, mas também com dificuldades na hora da colheita. 

Diante do que já pôde ser contabilizado, os especialistas no Meio-Oeste afirmam que há algumas certezas já estabelecidas como o fato de que colheita será mais lenta, de que a dinâmica logística, principalmente de armazenagem terá que ser revista, além de já se cogitar problemas com a oferta de sementes em 2021.

"A tempestade chegou bem às áreas produtoras de sementes de milho em Iowa e acredito que estes campos ainda passarão p por momentos difíceis. Assim, teremos que acompanhar o abastecimento de sementes na próxima primavera", diz Ferrie. 

​O vídeo a seguir é da unidade de DesMoines, Iowa, do National Weather Service

 

 

Ao jornal americano The Washington Post, Steve Bowen, meteorologista e chefe de pesquisas sobre catástrofes da resseguradora Aon, afirma que os danos causados pelo fenômeno 'derecho' são de bilhões de dólares para a agricultura. 

"Isso tem todos os ingredientes para um impacto agrícola de um bilhão de dólares em Iowa e Illinois", escreveu ele em uma mensagem no Twitter, noticiou o TWP. "Com isso dito, levará algum tempo para os agricultores determinarem quanto da safra derrubada pode ser aproveitada para a colheita. Quando combinado com o resto dos danos à propriedade física de casas, empresas, veículos e infraestrutura, é inteiramente plausível que o derecho tenha sido responsável por um custo econômico de bilhões de dólares por conta própria", completa. 

Imagens de satélite da NASA registraram a destruição causada pela tempestade em algumas áreas agrícolas norte-americanas:

Ainda de acordo o The Washing Post, Jan Dutton, o presidente do Prescient Weather, um grupo privado de previsões especializadas para a agricultura, cerca de 4,57 a 6,86 milhões de toneladas (180 a 270 milhões de bushels) de milho podem ter sido prejudicadas.

Campos de milho no norte de DesMoines/Iowa - Fotos: Dustin Hoffmann/Twitter

"O milho estava sofrendo com a seca. Então, choveu um pouco na semana passada. E agora isso. Todos os meus oito campos de milho parecem planos e uma boa parte quebrou, não apenas inclinou", disse Jim Smith, produtor norte-americano no Twitter. A foto acima é de uma de suas lavouras.

"Eu vi a imagem de satélite, delineei os condados em Iowa que foram afetados pelo derecho e observei quais condados estavam dentro do domínio. A perda estimada é o esquivalente a uma compra da China", explica Dutton. No entanto, o executivo acredita ainda que boa safra dos outros estados produtores dos EUA podem amenizar o déficit em Iowa. 

Imagem mostra silos destruídos em um elevator da Heartland Co-Op em Luther/Iowa - Foto: Daniel Acker/Getty Images

Abaixo, a declaração de Carl Jardon, vice-presidente da Iowa Corn Growers Associaton (ICGA), em nota: 

“A colheita começará em breve e um terço da safra de Iowa está achatada, é difícil dizer neste momento se todo o milho vai se recuperar e o impacto do rendimento potencial. 2020 foi um ano de quedas para o agricultor. Tem sido um impacto após o outro com disputas comerciais, baixa demanda e ataques ao etanol e ao Renewable Fuel Standard, além de uma pandemia global e os preços mais baixos do milho em mais de uma década". 

PREVISÃO DO TEMPO

Para a segunda metade de agosto, as previsões climáticas mostram que um padrão mais seco começa a se estabelecer. "Após rodadas de chuvas intensas sobre a principal região produtora dos Estados Unidos, agora as previsões se tornam mais secas. A ARC alerta que há regiões em Iowa e norte de Illinois que carecem de novas rodadas de precipitações, caso contrário as produtividades entrarão em contração", afirmam os especialistas da ARC Mercosul.

Ainda de acordo com a equipe de meteorologia da ARC, há uma massa de ar quente de alta pressão que ganha força, principalmente, sobre a região Oeste dos EUA e que dificulta a chegada de chuvas generalizadas nos estados do Missouri, Illinois, Indiana e Ohio, ao menos nos próximos sete dias. No mesmo intervalo, as chuvas poderão ser melhores na porção do extremo leste do Corn Belt. 

" Em linhas gerais, os mapas para a safra norte-americana começam a trazer pioras na qualidade da safra, o que resultará em quedas de produtividade - caso as leituras se con- firmem. Vale lembrar que o mês de Agosto é crucial para o desenvolvimento da soja no Cinturão, quando a maioria da cultura entra em enchimento de grãos", afirma a equipe da ARC.

Leia Mais:

+ EUA: USDA anuncia ajuda para produtores rurais afetados por tempestade de vento

+ Tempestade severa castiga o Corn Belt e ARC Mercosul estima perdas de 700 mil a 1,2 mi de t no milho

+ Área afetada pelo vendaval alcança faixa de 240 mil km² no coração do Corn Belt, relata analista americano

Com informações da ARC Mercosul, Farm Journal e The Washington Post

Por: Carla Mendes | Instagram @jornalistadasoja
Fonte: Notícias Agrícolas

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