Mês de julho foi marcado por baixo volume pluviométrico na região Centro-Oeste, destaca TEMPOCAMPO
O Sistema TEMPOCAMPO, da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq/USP) mostra que o mês de julho foi marcado por baixo volume pluviométrico, com volumes acumulados ficando abaixo de 30 mm em grande parte da região Centro-Oeste. As maiores chuvas foram observadas em uma faixa que vai do norte do Rio Grande do Sul até o sul do Paraná, com volumes variando de 150 a 180 mm (Mapa 1).
Consequentemente, o armazenamento de água no solo se manteve baixo em toda a região agrícola do país, não superando 15% no Mato Grosso, Goiás, Minas Gerias e em grande parte dos estados de São Paulo e Mato Grosso do Sul. No sul do país o baixo teor de água no solo, de 15 a 30%, atrelado com a ocorrência de geadas foram prejudiciais ao bom desenvolvimento das lavouras (Mapa 2).
As temperaturas máximas oscilaram entre 22 e 25°C no Rio Grande do Sul, Santa Catarina e sul do Paraná. As mínimas ficaram abaixo de 16°C em toda região Sul do país e em boa parte de São Paulo e Minas Gerais, estados nos quais também foram registradas a ocorrência de geadas (Mapa 3 e 4).
Tempo e agricultura brasileira
As entradas de diversas frentes frias no mês de julho trouxeram consigo a ocorrência de geadas que acarretaram em danos a lavouras em diferentes estados produtores do país. Uma sequência de geadas atingiu o estado do Paraná no início do mês e ocasionaram prejuízos a diversas lavouras, além de pastagens. Algumas áreas de milho que ainda se encontravam em formação (enchimento dos grãos) foram afetadas. Ainda assim, as perdas não foram tão significativas pois grande parte das lavouras estaduais já foram colhidas, cerca de 73% da área plantada, ou estão em maturação, 93% do que resta no campo, segundo dados do Departamento de Economia Rural (Deral).
A queda de temperatura acarretou, também, em uma geada que ocorreu no dia 05 de julho e causou perdas generalizadas as lavouras de feijão carioca no estado de São Paulo. Áreas que tiveram seu plantio antecipado e se encontravam em estágio avançado de desenvolvimento sofreram danos irreparáveis. Produtores relataram danos pontuais ocorridos do sul de Minas Gerais até regiões de Goiás, porém a magnitude das perdas ainda está sendo avaliada. Com isso, é esperado um aumento dos preços que deverá chegar até aos consumidores.
Mesmo após perdas pontuais ocasionadas por geadas e baixo volume pluviométrico em julho, as projeções para a safra 2019 de trigo continuam otimistas. As geadas registradas no Rio Grande do Sul foram benéficas para a cultura, uma vez que ajudam no perfilhamento e favorecem a granação. Porém, lavouras de aveia e canola sofreram danos em diversas regiões do estado e podem ter sua produção reduzida.
A entrada de uma massa de ar polar que atuou nas regiões do Sul, Sudeste e Centro-Oeste do país fez com que geadas atingissem cafezais em três estados de destaque, sendo os maiores produtores nacionais. Na madrugada do dia 06 de julho registrou-se a ocorrência de uma geada que atingiu cafezais do norte pioneiro do Paraná até o sul de São Paulo. No dia seguinte uma forte geada trouxe danos a lavouras das regiões altas do Sul de Minas Gerais e ao Cerrado Mineiro. As perdas ocasionadas por esses eventos ainda estão sendo mesuradas, mas é esperado graves impactos na produção da próxima safra de café.
Safra 2019/20 de cana-de-açúcar no Oeste Paulista
As projeções geradas pelo Sistema TEMPOCAMPO para safra 2019/20 de cana-de-açúcar para o Oeste Paulista apontam que as condições meteorológicas para a safra atuais são mais favoráveis que as da safra anterior. O Coeficiente de Produtividade Climática (CPC-TEMPOCAMPO) indica que ganhos de até 5% podem ocorrer em quase toda a região. Destaca-se a região de Presidente Prudente onde perdas de até 1% podem ocorrer, segundo o cenário intermediário (Mapa 5).
A produtividade média da região deverá variar de 71,4 a 73,5 toneladas de cana por hectare (TCH), considerando os cenários pessimista e otimista, respectivamente. As maiores produtividades devem ocorrer na região de Botucatu, variando de 80 a 85 TCH. Em contrapartida, na região de Marilia as produtividades não devem superar 65 TCH (Mapa 6).
O Sistema TEMPOCAMPO prevê a produção para a safra 2019/20 de cana-de-açúcar para o Oeste Paulista entre 108,9 a 112,1 milhões de toneladas. Isso representa cerca de 35% da produção estadual prevista para a safra atual, que deve ficar entre 317,1 a 324,9 milhões de toneladas, considerando os cenários pessimista e otimista, respectivamente.
As ocorrências de geadas no início do mês podem trazer prejuízos a produção da de cana de açúcar no estado de São Paulo. Dentre as regiões atingidas, destaca-se o Oeste Paulista, cujo os efeitos foram mais pronunciados. Lavouras dessa região já haviam sido afetadas por geadas do final de junho, que além de danos causados devem ter sua produção penalizada devido ao florescimento de alguns canaviais. Os impactos sobre a produção devem ser mais pronunciados nas próximas semanas e os prejuízos ainda estão sendo levantados.