Corn Belt deve ter condições mais favoráveis de clima nos próximos dias; grãos recuam
Após uma severa onda de calor que vinha preocupando produtores norte-americanos em diversas partes do país, as condições para os próximos dias parecem ser mais favoráveis no Corn Belt, de acordo com as previsões atualizadas durante este final de semana.
Segundo as informações do NOAA, o serviço oficial de clima do governo dos EUA, as temperaturas poderão ficar ligeiramente acima da média na próxima semana. "Mas o calor não parece ser ameaçador em muitos pontos e, algumas áreas poderão ficar mais secas", explica o analista sênior do portal Farm Futures, Bryce Knorr.
Ainda acordo com a instituição, as chuvas ainda se concentram mais no leste dos EUA, principalmente nos estados da costa do país, como mostra o mapa a seguir com a previsão para 22 a 19 de julho. No centro do cinturão e mais a Oeste, os volumes esperados para o período são bem mais limitados.
"E o calor está mais fraco, com temperaturas abaixo dos 32ºC (90ºF)", disseram os especialistas do Commodity Weather Group. "A exceção é o Sudoeste dos EUA", completam.
No intervalo de 27 a 31 de julho, ainda segundo o NOAA, as temperaturas ficam um pouco mais altas do que os índices médios da época, como ilustram as imagens a seguir, assim como se espera para o período de 29 de julho a 4 de agosto.
Previsão de temperaturas nos próximos 6 a 10 dias nos EUA - Fonte: NOAA
Previsão de temperaturas nos próximos 8 a 14 dias nos EUA - Fonte: NOAA
No primeiro itervalo, as chuvas não serão tão bem distribuídas, e deverão se mostrar acima da média em estados como Illinois, o norte de Indiana, parte do Missouri, de Iowa e do Arkansas.
Já no segundo, nos próximos 8 a 14 dias, as chuvas são melhores distribuídas, porém, ainda mais localizadas na região leste norte-americana.
Os mapas do CWG mostram condições semelhantes, com menos calor sendo esperado. "Os próximos 6 a 15 dias serão mais quentes, porém, com as temperaturas alcançando picos de 32ºC (90ºF) a 35º₢ (95ºF), principalmente no Kansas e podendo alcançar o sul do Nebraska e o oeste do Missouri".
E até 5 de agosto, o Commodity Weather Group indica chuvas esparsas, se concentrando em diferentes regiões nos próximos 1 a 5; 6 a 10 e 11 a 15 dias, como indicam os mapas acima. Algumas das preocupações maiores são com áreas de Iowa e Illinois, os dois maiores estados produtores de soja e milho dos EUA.
"Áreas que já vinham sofrendo com a seca no centro e sudeste de Iowa e também no centro de Illinois e do Kansas - o que alcança até 20% da área de soja e milho - estão mais propensos a não receberem esta chuva e o stress hídrico pode crescer nestas regiões", diz o CWG.
Olhando um pouco mais adiante, no intervalo de 6 a 20 de agosto, são esperadas chuvas abaixo da média e temperaturas ligeiramente acima. "As chuvas limitadas ameaçam aumentar o stress hídrico em regiões mais ao centro e leste do Meio-Oeste americano, onde as raízes estão mais rasas tanto na soja quanto no milho", afirma o boletim diário do instituto de meteorologia.
RELATÓRIO SEMANAL DO USDA
Ainda assim, o mercado esperava que o USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) traga uma manutenção ou até mesmo uma correção para cima dos índices de lavouras de soja em boas ou excelentes condições. Embora não seja generalizada, a expectativa pesou sobre as cotações dos grãos negociados na Bolsa de Chicago nesta segunda-feira (22).
Mas o USDA mostrou que o índice de lavouras de soja em boas ou excelentes condições ficou em 54%, o mesmo da semana anterior, como muitos previam no mercado. São 34% dos campos em condições regulares e 12% em situação ruim ou muito ruim, também números sem alterações.
Por outro lado, reduziu o índice do milho de 58% para 57% em uma semana. Parte do mercado apostava nessa ligeira baixa, enquanto outros analistas acreditavam que o boletim poderia trazer o número em 59%. Assim, 30% das plantações estão regulares e 13% em condições ruins ou muito ruins, contra 12% da semana anterior.
Em sua seção "Feedback From The Field", no Farm Futures, ou "feedback do campo", os produtores norte-americanos vêm relatando problemas no campo e registrando condições de deterioração de suas lavouras tanto de soja, quanto de milho, em função do calor extremo.
Pela segunda semana consecutiva, os registros mostram que quem mais sofre neste momento é a soja. "Para a maior parte dos produtores, a preocupação maior da última semana foi o calor", diz. "Depois de uma primavera extremamente chuvosa, agora vivemos dias muito secos. Por estar muito seco, o calor realmente castiga as lavouras, especialmente onde foram plantadas com muita umidade", relatou um produtor do noroeste de Ohio.
Marcando a desuniformidade da safra 2019/20 dos EUA, há ainda o agricultor que continua a sofrer severamente com as chuvas. Nas proximidades do rio Mississipi, ao norte de Missouri, por exemplo, há relatos de campos ainda alagados e com as lavouras em condições muito ruins. Já nas Planícies, o problema ainda é o frio e as chuvas.
USDA: Embarques semanais de soja dos EUA ficam dentro das expectativas
O USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) trouxe os novos números de embarques semanais de grãos e soja dos EUA. Na semana encerrada em 18 de julho, o país embarcou 559,462 mil toneladas de soja, contra mais de 850 mil da semana anterior. Ainda assim, o total ficou dentro das expectativas do mercado, que variavam de 440 mil a 730 mil toneladas. No acumulado do ano comercial, os embarques americanos da oleaginosa somam 39.278,790 milhões de toneladas, contra mais de 51 milhões do ano passado, nesse mesmo período.
De milho, os embarques semanais totalizaram 438,045 mil toneladas, também bem abaixo da semana anterior, quando o volume passou de 690 mil toneladas. As expectativas do mercado variavam de 480 mil a 740 mil toneladas. Os EUA já embaracaram, na temporada, 43.609,681 milhões de toneladas do cereal, contra mais de 49,8 milhões da anterior neste intervalo.
Já os embarques semanais de trigo foram de 433,117 mil toneladas, contra o intervalo esperado de 330 mil a 540 mil toneladas. O volume superou o registrado na semana anterior, quando foram embarcadas 348,519 mil toneladas. Em todo o ano comercial, os embarques norte-americanos do grão já somam 3.393,362 milhões de toneladas, contra pouco mais de 2,6 milhões do mesmo período do ano anterior.