Previsões do NOAA mostram verão nos EUA com chuvas acima da média e temperaturas abaixo
Campo alagado nos EUA - Foto: Pamela Smith / DTN The Progressive Farmer
Já são 6 dias de verão nos Estados Unidos, mas o calor necessário para as lavouras de soja e milho dos Estados Unidos ainda não chegou. As previsões mais atualizadas pelo NOAA, o serviço oficial de clima do governo dos Estados Unidos, indicam que as primeiras semanas de julho podem trazer temperaturas ligeiramente acima da média para a época, o que poderia ajudar no desenvolvimento das plantas, já bastante atrasado em relação a anos anteriores.
O primeiro mapa mostra as previsões para 1º a 5 de julho e já indica temperaturas mais elevadas a partir do começo do mês que vem.
O segundo traz condições semelhantes, porém, de forma menos intensa, como mostra a imagem a seguir.
"Normalmente, este não seria um cenário favorável para a primeira semana de julho (de temperaturas acima da média), mas este ano é bem-vindo já que o desenvolvimento da soja e do milho está tão atrasado. No entanto, não é ideal que temperaturas tão altas se estendam por todo o verão. 'Perfeitamente normal' (dentro da média) é o que o eu tenho dita que seria o ideal este ano", diz a especialista da Reuters Internacional, Karen Braun.
Ainda segundo ela, essa falta de força das temperaturas para subir tem contribuído muito para essa germinação e crescimento mais lentos, principalmente do milho, este ano. E destaca ainda que mais a leste do Corn Belt as chuvas são, de fato, o principal problema, porém, a falta de calor também é bem preocupante no oeste.
No último boletim semanal de acompanhamento de safras do USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos), dez estados americanos indicaram uma piora nas condições de suas lavouras e a maior parte deles está na porção leste do cinturão, entre eles Missouri, Ohio, Indiana e Illinois.
"Em muitos campos visitados parece mais a segunda semana de maio do que a última de junho. Algumas lavouras ainda não germinaram e não irão polinizar até o final de agosto, e será um desafio para a safra amadurecer antes das primeiras geadas", explica o PhD. em agricultura norte-americano, Michael Cordonnier.
Campo de milho em Sheffield, Illinois - Foto: Tom Polansek/Reuters
No caso da soja, as condições melhores também são vistas mais a oeste do Corn Belt e os estados que têm as piores condições das plantações são observadas no mesmos estados em que o milho registrou uma baixa nas condições.
"E o desenvolvimento da soja também está bastante atrasado com cerca de 15% da área ainda não plantada, cerca de 4,86 milhões de hectares (12 milhões de acres), e 29% ainda não germinado, ou aproximadamente 10,12 milhões de acres (25 milhões de acres)", diz Cordonnier.
Os mapas que trazem as previsões mais alongadas, no entanto, podem voltar a preocupar os produtores norte-americanas. No período de julho a setembro, de acordom com informações do NOAA, boa parte do Corn Belt ainda podem sofrer com chuvas acima da média, principalmente a porção mais oeste do cinturão.
No mesmo período, que refere-se ao verão norte-americano, a previsão é de que as temperaturas fiquem abaixo da média em estados como Illinois, Iowa, Missiouri, Kansas, Nebraska e partes de Indiana e Wisconsin.
Todo essse atraso, essas condições e os desafios que as lavouras e os produtores norte-americanos ainda têm pela frente dão uma importância ainda maior aos boletins divulgados semanalmente pelo USDA que trazem o acompanhamento da safra, bem como esse da sexta-feira em que irá ajustar o tamanho da área efetivamente plantada nos EUA nesta temporada.
"Esse problema do atraso no plantio e por conta dos estados que afetou torna o relatório de área plantada historicamente importante para a direção do mercado", diz o presidente da Global Commodity Analytics and Consulting, Mike Zuzolo, em entrevista ao The Guardian.
Também à publicação internacional, a produtora do centro de Illinois, Krista Swanson, explica que se trata de um "efeito dominó" os problemas causados pelo plantio tardio. A polinização não ocorre de maneira adequada, o excesso de umidade no solo cria uma estrutura superficial e insuficiente das raízes e que deixam as plantas suscetíveis a um provável tempo seco, além da maturação que acontecerá tarde.
Assim, a colheita nos EUA deverá se estender, pelo menos, até o meio de outubro, forçando os produtores a correrem contra o tempo para não serem ainda mais prejudicados pelas geadas, que podem causar sérias perdas nos campos americanos.