Novo 'ciclone bomba' deve atingir o Meio-Oeste dos EUA nesta semana
Imagem: CNN
Um segundo "ciclone bomba" está se formando sobre os Estados Unidos e pode trazer mais chuvas fortes sobre o Meio-Oeste americano, causando mais estragos e, potencialmente, mais inundações. As informações partem de agências de notícias e institutos de meteorologia nesta manhã de terça-feira (9) e podem significar mais preocupação para os produtores norte-americanos.
Já há previsões mostrando uma tempestade sobre o Meio-Oeste dos EUA e ainda esta semana as Planícies poderiam ser atingidas pelo ciclone. Ao se confirmar, essa seria a segunda vez em menos de um mês que chuvas dessa intensididade e magnitude chegam à região, conforme informa a CNN.
Os mapas meteorológicos mostram essas tempestades se intensificando a partir desta terça, rapidamente, e trazendo, inclusive, mais neve às regiões na quarta-feira (10). Pontos de Wyoming, Dakota do Sul, Nebraska e Minnesota já registram essa tempestades de inverno. Além das tempestades e da neve, são esperados também ventos bastante fortes.
Mapa mostra previsões de chuvas e neve até sexta-feira (12) - Fonte: CNN
Mapa mostra previsões de chuvas nesta quarta-feira (10) - Fonte: CNN
O frio também se intensifica nas planícies e, a partir de quinta-feira (11), podem cair até 12 graus Farenheit em apenas 12 horas, ainda segundo a rede internacional de televisão.
Mapa do modelo americano para quinta-feira (11) já sinaliza intensificação das chuvas e chegada da neve - Fonte: CNN
E será a partir de quinta-feira que as adversidades climáticas se intensificam nas porções mais ao leste dos EUA, chegando a estados como Illinois, Indiana, Kentucky e Tennessee. "Tornados, queda de granizo e ventos fortes são esperados, além das tempestades" informam os meteorologistas da CNN, Dave Hennen e Allie Mazurek.
Previsão para quinta-feira (11) pelo modelo europeu - Fonte: CNN
Todas essas condições intensificam ainda mais as preocupações já existentes entre os americanos com as cheias do final de março, que ainda castigam alguns locais, além de as áreas enfrentarem também o problema do degelo que continua acontecendo também em alguns pontos.
"Já temos visto enchentes ao longo do Red River por conta da neve derretida. Agora, com mais chuva, mais cheias são esperadas. Na Dakota do Sul e no oeste de Minnesotta, os rios James e Elm continuarão a sofrer com inundações de média e grande intensidade", completam os especialistas.
Previsão de chuvas até sábado - Fonte: CNN
Meteorologistas ouvidos pelo site da Time afirmam que este ciclone bomba deverá ser semelhante em intensidade e queda de neve se comparado ao do último dia 13 de março.
"Essas nevascas irão piorar as condições de cheia no Nebraska com mais neve e, em seguida, seu derretimento. Estas são mais notícias ruins para produtores rurais do estado que já estao sofrendo e com dificuldades de se adaptar ao calendário por conta do clima", diz Ryan Maue, meteorologista do site weathermodels.com à Time.
O mapa do NOAA atualizado nesta terça-feira, 9 de abril, e válido para o período até o dia 16, mostra que chuvas fortes no Meio-Oeste americano neste intervalo, com acumulados podendo chegar a até 76,2 mm em alguns pontos.
Também do NOAA, o mapa que mostra as chuvas para os próximos 6 a 10 e 8 a 14 dias continuam mostrando que os totais em quase todo o país deverão ficar acima da média para este período do ano.
Chuvas previstas para os próximos 6 a 10 dias - Fonte: NOAA
Chuvas previstas para os próximos 8 a 14 dias - Fonte: NOAA
Já as condições de temperatura, ainda segundo o instituto, deverão mostrar alguma melhora nos mesmos intervalos, e no Meio-Oeste americano a tendência é de que voltem a se aproximar da normalidade, principalmente entre 16 e 22 de abril, como mostra o segundo mapa.
Clima x Plantio
Todas essas adversidades têm sido acompanhadas de perto pelos produtores americanos e muitos, onde elas não se mostram tão severas já iniciaram seus trabalhos de campo da safra 2019/20. De acordo com números reportados pelo USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) nesta segunda-feira (8), 2% da área de milho prevista para o país já está semeada.
O índice se mostra em linha com o mesmo período do ano passado e com a média das últimas cinco safras.
Em diversos estados há a preocupação de que os agricultores não consigam cumprir os calendários ideais para a semeadura de milho e soja. No entanto, é importante lembrar que a janela ideal para o cereal vai até a metade de maio e, no caso da oleaginosa, até o meio de junho.
"O risco de geadas em outubro limita o cultivo tardio do milho, uma vez que o ciclo de desenvolvimento do cereal é mais extenso do que a oleaginosa", explica o diretor da ARC Mercosul, Tarso Veloso.
Nos Estados Unidos, o plantio também se divide entre duas regiões, sendo o Delta do Mississipi, no Sul do país, e o Meio-Oeste. Neste primeiro, os trabalhos começam mais cedo, em março, e representa uma porção menor da produção norte-americana. O "grosso" da produção está localizado no Meio-Oeste, onde está o Corn Belt.
Assim, é possível observar que os preços - tanto da soja quanto do milho - ainda não reagem a essas condições ou às notícias de mais problemas com o clima norte-americano ainda. A questão, porém, é monitorada diariamente pelos traders.
Outra situação que se considera é a considerável capacidade de recuperação do produtor americano.
"Em apenas 1 semana, os americanos conseguem colher ou plantar mais de 30% de sua área total – quando o ritmo atinge seu pico. É fácil lembrar do ano passado (2018), não é mesmo? O plantio de soja e milho vinha abaixo de outros anos até a reta final de maio, em que produtores conseguiram uma janela no clima e plantaram mais de 60% de sua área total de soja em apenas 2 semanas", explica a ARC. "Segundo o USDA, os efeitos do atraso no plantio nas produtividades são determinados pelo clima de
julho", completa.
No link a seguir, recupere a entrevista de Tarso Veloso ao Notícias Agrícolas em 29 de março onde ele detalha todas essas particularidades e explica quais outros fatores também têm de ser considerados:
Com informações da CNN, Time, NOAA e da ARC Mercosul