NOAA eleva para 75% chances de ocorrência de El Niño nos próximos meses

Publicado em 16/10/2018 11:13

O Centro de Previsão Climática do NOAA (Administração Oceânica e Atmosférica Nacional) dos Estados Unidos elevou para até 75% as chances de ocorrência de um El Niño nos próximos meses e seguir pelo inverno no hemisfério Norte e verão no Hemisfério Sul. Os reflexos desse fenômeno são sentidos em diversos países.

"A previsão oficial favorece a formação de um El Niño fraco e consistente com o recente fortalecimento das anomalias do vento a Oeste e tendências positivas de temperatura no oceano superficial e subsuperficial", disse o Centro em sua previsão mensal para o El Niño.

Ainda segundo o Centro do NOAA, é provável que o El Niño se forme os próximos meses e perdure até o inverno no hemisfério Norte em 2018/19 com chances 70% a 75%. "No geral, as condições oceânicas e atmosféricas refletiram o ENSO-neutro, mas com as tendências recentes indicativas de um El Niño em desenvolvimento".


Anomalias médias da temperatura da superfície do mar (TSM) (° C) nas últimas semanas - Fonte: The Climate Prediction Center/NOAA

Nos próximos meses de 2018 e início de 2019, o Brasil estará no ápice do desenvolvimento da safra de grãos 2018/19, com culturas como soja, milho, arroz e feijão e depois há a colheita. Além disso, a safra de café em áreas do Centro-Sul também estará em desenvolvimento e a de cana-de-açúcar em colheita.

O El Niño é caracterizado pelo aquecimento das águas da superfície do oceano pacífico e a atmosfera reage. No mapa divulgado pelo Centro, é possível ver claramente esse aquecimento sazonal nas águas da superfície do mar em grande parte do Pacífico equatorial e os ventos alísios estão diminuindo, ambos precursores de um episódio do fenômeno.

De acordo com a Reuters internacional, os efeitos do El Niño tendem a ser sentidos no Sudeste Asiático, Austrália e América do Sul, locais em que pode ter um efeito considerável sobre as temperaturas e chuvas. Na América do Norte, os impactos e variáveis são mais complicadas, mas também com efeitos.

"À medida que o oceano aquece, os analistas do governo dos Estados Unidos e da Austrália estimam que agora há o triplo da chance normal de ocorrência do El Niño neste inverno, embora seja provável que seja um episódio relativamente fraco", informou a agência de notícias.

No último dia 9, o Departamento de Meteorologia da Austrália também divulgou sua previsão para o fenômeno, com chances de ocorrência de 70% neste ano. Segundo a Reuters internacional, a previsão ocorre justamente em um momento em que as condições secas prejudicaram plantações e pastagens na Austrália.

Leia mais:
» Departamento da Austrália vê 70% de chance de El Niño em 2018

Veja o mapa com previsão de anomalias de precipitação nos meses de novembro, dezembro e janeiro em todo o Brasil:


Fonte: Inmet

Em 2015, um grande evento de El Niño prejudicou as produções de cacau, chá e café em toda a Ásia e África, além de favorecer incêndios florestais em Singapura e inaugurou o inverno mais quente já registrado nos Estados Unidos, sufocando a demanda de gás natural no país.

Veja o que Reuters aponta que o El Niño pode significar para a safra de grãos brasileira:

A última vez em que o El Niño ocorreu, a safra de soja do brasil caiu e a segunda safra de milho foi um desastre, segundo análise da Reuters internacional. Com a iminente chance de nova ocorrência do fenômeno nos próximos meses, a agência de notícias aponta o que o fenômeno pode significar para a safra de grãos no país.

• Mato Grosso não teve produtividades excepcionais em anos de El Niño. Não é claro que esses pontos sejam relacionados, já que houve apenas quatro fases quentes de El Niño desde a temporada 2005/06, mas há coincidências.

• Goiás segue a tendência de Mato Grosso. Juntos, os dois estados produzem quase 40% da safra de soja do Brasil.

• A produtividade da soja no Paraná tem sido mediana nos anos de El Niño. Muitas das piores colheitas desse segundo maior estado produtor de soja do Brasil coincidiram com o fenômeno La Niña.

• Os padrões climáticos podem variar se o El Niño persistir até o começo do próximo ano ou ficar neutro. Fato é que os efeitos. Os efeitos desse fenômeno no Brasil têm sido frequentemente desfavoráveis.

• Com o resfriamento das águas do Pacífico, depois do pico do El Niño, as chuvas no Centro-Oeste do Brasil tendem a ficar abaixo da média. O efeito é mais expressivo durante a safrinha de milho.

• O Mato Grosso, não surpreendentemente, colheu uma das suas piores safrinhas que se tem conhecimento em 2016, no fim do El Niño. O estado também teve, talvez, a pior umidade do solo no período.

• O El Niño neste ano não deve ter a mesma força que há três anos. Modelos projetam, em média, anomalias de temperatura de no máximo menos 0,9°C em janeiro. No fim de 2015, as anomalias superavam os 2,5°C.

• Modelos não apontam queda acentuada nas temperaturas oceânicas a partir do começo de 2019. Essa notícia pode ser boa para o Brasil.

Por: Jhonatas Simião
Fonte: Notícias Agrícolas

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