Tempo: Primavera começou neste sábado (22) com possível atuação de El Niño e mudanças meteorológicas no país
A primavera começou no Brasil às 22h53 deste sábado (22) e está prevista para terminar em 21 de dezembro. A estação pode ser marcada pela ocorrência do fenômeno climático El Niño, caracterizado pelo aquecimento das águas da superfície do oceano pacífico. Se confirmado, provavelmente, terá de curta duração e intensidade baixa ou moderada.
"A maioria dos modelos dinâmicos e estatísticos, gerados pelos principais centros internacionais de Meteorologia, indicam uma probabilidade superior a 60% que se desenvolva um novo episódio de El Niño, durante o final da primavera/2018 e início do verão de 2019", disse em prognóstico o Inmet (Instituto Nacional de Meteorologia).
O Instituto disse ainda esperar por atualizações futuras sobre o progresso do El Niño. "Existem outros fatores, como a temperatura na superfície do oceano Atlântico Tropical e na área oceânica próxima à costa do Uruguai e da Região Sul, que poderão influenciar o regime de chuvas no Brasil, dependendo da combinação destes fatores durante esta estação".
Anomalias médias da temperatura da superfície do mar (TSM) (° C) nas últimas semanas - Fonte: The Climate Prediction Center/NOAA
Em 2015, por exemplo, um grande evento de El Niño prejudicou as produções de cacau, chá e café em toda a Ásia e África, além de favorecer incêndios florestais em Singapura e inaugurou o inverno mais quente já registrado nos Estados Unidos, sufocando a demanda de gás natural no país.
Climatologicamente, segundo o Inmet, a primavera é caracterizada por ser um período de transição entre as estações seca e chuvosa no setor central do Brasil. "Há o início da convergência de umidade, que define a qualidade do período chuvoso sobre as regiões Centro-Oeste e Sudeste, bem como a parte centro-sul da Região Norte", explicou.
Durante a estação, são esperados acumulados de menos de 100 milímetros no norte da Região Nordeste. Mais chuvas são esperadas no Sudeste, Centro-Oeste, Acre e Rondônia com a Zona de Convergência do Atlântico Sul (ZCAS). No Sul, são previstas chuvas fortes, rajadas de vento, descargas atmosféricas e eventual granizo com Complexos Convectivos de Mesoescala (CCM).
Veja o mapa com a previsão de anomalias de precipitação em todo o Brasil para outubro, novembro e dezembro:
Fonte: Inmet
Veja o mapa da previsão de anomalias de temperatura média em todo o Brasil para outubro, novembro e dezembro:
Fonte: Inmet
Veja as previsões do Inmet para a primavera por região:
Região Norte
As maiores quantidades de chuva durante os meses de junho a agosto ocorreram sobre o Estado de Roraima e norte do Amazonas, com volumes superiores a 700 mm. Entretanto, grande parte da região apresentou chuvas abaixo da média, principalmente no noroeste do Pará e Amapá. Também foram registrados diversos episódios de friagem, durante os meses de inverno (junho a agosto), que atingiram o Acre, Rondônia e sul do Amazonas. Destaca-se ainda que a baixa umidade favoreceu a ocorrência de incêndios florestais em localidades dos estados de Roraima e Tocatins.
Para a Primavera, os modelos climáticos indicam que a Região Norte deve apresentar forte variabilidade espacial na distribuição de chuvas, com significativa probabilidade de áreas com chuvas dentro da faixa normal ou abaixo. É importante destacar que, normalmente existe uma redução das chuvas no meio norte do Pará, Roraima e Amapá, ficando abaixo de 400 mm, durante os meses de outubro e dezembro. Já na parte oeste dos estados do Amazonas, Roraima, Acre e Rondônia, bem como o extremo sul do Pará haverá possibilidade de chuvas acima da média. As temperaturas serão de normal a acima da média.
Região Nordeste
Na Região Nordeste, durante os meses de inverno, as chuvas registradas foram abaixo da média em grande parte da região. Contudo, mesmo na costa leste do Nordeste, em que o trimestre mais chuvoso corresponde aos meses de maio a julho, a ocorrência de chuvas na maioria deste período não resultou em acumulados elevados. Já no interior do nordeste, mais precisamente na região chamada de MATOPIBA (Maranhão, Piauí e Bahia, além do Tocantins), sul do Ceará e parte leste de Pernambuco, os totais de chuva ocorreram dentro da normalidade, com valores inferiores a 50 mm.
A previsão do modelo estatístico do INMET para a primavera, indica o predomínio de áreas com maior probabilidade de chuvas próximas a média ou ligeiramente abaixo durante a estação. Ressalta-se que, o trimestre de outubro a dezembro é o mais seco da parte leste do nordeste. As temperaturas estarão mais elevadas sobre a região sul do Maranhão e do Piauí e no oeste da Bahia.
Região Centro-Oeste
A Região Centro-Oeste apresentou chuvas de normal a ligeiramente abaixo da normal durante o inverno, segundo sua característica climatológica, que é de baixa ou nenhuma pluviosidade. Com a permanência das massas de ar seco e quente durante os meses de junho a agosto, as temperaturas médias foram acima da normal climatológica e favoreceu a ocorrência de queimadas e incêndios florestais, principalmente nos estados do Mato Grosso e Goiás. Em alguns dias entre os meses de junho a setembro, a umidade relativa do ar apresentou valores abaixo de 20% nos horários com temperaturas mais elevadas. Já em localidades no sudoeste do Mato Grosso e leste do Mato Grosso do Sul, as temperaturas médias foram abaixo da média, devido a entrada de algumas massas de ar frio que passaram pelo Brasil.
A previsão para a Primavera indica alta probabilidade das chuvas ocorrerem de normal a ligeiramente abaixo da normal em grande parte da Região Centro-Oeste, exceto no sudoeste do Mato Grosso do Sul e extremo norte mato-grossense, em que as chuvas serão mais regulares. As temperaturas serão acima da média, principalmente no sul do Mato Grosso do Sul.
Região Sudeste
Na Região Sudeste, a ação dos sistemas de alta pressão que atuaram nos meses de junho e julho sobre grande parte do Brasil, inibiu o avanço de sistemas frontais nesta região e a distribuição espacial das chuvas seguiu as suas características típicas para o período, com baixa ou ausência de precipitação. Entretanto, as chuvas dos primeiros dias de agosto de 2018 igualaram ou ultrapassaram a média climatológica. Além disso, houve alguns episódios de geadas, com intensidade variando de fraca a forte, nos estados de São Paulo e Minas Gerais, principalmente nos meses de julho e agosto.
A previsão para os próximos três meses, indica que devem permanecer áreas com chuvas abaixo da faixa normal nesta estação, exceto em algumas áreas de São Paulo em que podem haver chuvas mais fortes, principalmente no mês de novembro. De modo geral, o modelo climático do INMET indica que as temperaturas devem permanecer acima da média em grande parte da região no mesmo período.
Região Sul
Durante os meses de inverno, os maiores volumes de chuva ocorreram no centro-leste do Rio Grande do Sul e sudeste de Santa Catarina. Logo nos primeiros dias de junho, deu-se o início da temporada de temperaturas abaixo de zero grau. A atuação das massas de ar frio ao longo do trimestre junho-julho-agosto, causaram queda na temperatura e formação de geadas, com intensidade variando de moderada a forte, em áreas serranas e planalto. Destaca-se que durante a primeira semana de julho e também de agosto, houve registro de neve na serra catarinense. De modo geral, o inverno seguiu um comportamento típico da estação.
O indicativo de um possível retorno do evento El Niño durante esta primavera, aliado a um aumento da temperatura no oceano Atlântico sobre a costa da Argentina e sul do Brasil, contribuem para o aumento das precipitações em grande parte da Região Sul. Portanto, o prognóstico da Primavera indica que as chuvas deverão ficar acima da faixa normal nos três estados da região, enquanto que as temperaturas médias devem predominar dentro da normalidade no Rio Grande do Sul e acima da média no restante dos estados.
Chuva chegando em Itaiópolis (SC). Envio de Paulo Marcelo Adamek
Plantio de soja na instância Irber em Pranchita (PR). Envio de Josy Cagol
Soja em emergência em Prudentópolis (PR). Envio do técnico agropecuária Leandro Volaniuk
Envie sua foto ou vídeo! Fale com a gente pelo WhatsApp (19) 99767-0241
» Clique e veja mais informações na página de Clima e acompanhe cinco satélites em tempo real