Clima: Com La Niña, Brasil terá safra de verão marcada por eventos climáticos extremos, diz Inmet

Publicado em 12/01/2018 11:17

Agências climáticas globais elevam mês a mês as chances de ocorrência do fenômeno climático La Niña, ainda que com fraca intensidade e duração até o fim do verão no Hemisfério Sul. Com essa condição, segundo Expedito Rebello, coordenador geral do Inmet (Instituto Nacional de Meteorologia), o país deve ter até meados de abril eventos climáticos extremos.

A atuação desse fenômeno climático, em sua forma mais clássica, geralmente, favorece menores volumes de chuvas no Sul do Brasil. Enquanto que na maior parte da região Norte e Nordeste, as chances são de precipitações acima da média durante todo o período de ocorrência e no Centro-Oeste e Sudeste todo tipo evento pode ocorrer, já que estão bem na área central do país.



Temperaturas da superfície do mar no Oceano Pacífico, em comparação com a média. As áreas azuis são mais frias do que a média, enquanto as áreas laranja são mais quentes do que a média (Foto: The Climate Prediction Center/NOAA)

De acordo com Rebello, eventos característicos de La Niña já ocorrem no Brasil. "Temos claramente uma irregularidade de chuvas no Rio Grande do Sul desde novembro. Mas há extremos, como as chuvas volumosas registradas no Paraná. Também está chovendo bastante no Norte e há uma tendência de precipitações chegando em fevereiro no Nordeste após seis anos de seca", afirma.

Em meio a essa condição, a safra brasileira de verão será marcada por eventos climáticos extremos e tradicionais culturas brasileiras de verão, como soja, milho, algodão, arroz e feijão serão impactadas. Segundo a Conab (Companhia Nacional de Abastecimento), a safra 2017/18 de grãos deve ficar em 227,9 milhões de toneladas. Ela será 4,1% menor que a anterior, que foi recorde no país.

Em entrevista à Agência Brasil, o superintendente de Informações do Agronegócio da Conab, Aroldo de Oliveira Neto, observou que não há como prognosticar a intensidade dos efeitos do fenômeno La Niña na safra do país. O Inmet pede que os produtores fiquem atentos com as previsões específicas de suas regiões.


Precipitação acumulada nos últimos 90 dias em todo o Brasil - Fonte: Inmet

A mais recente atualização das condições de La Niña veio do serviço meteorológico do governo dos Estados Unidos após os níveis semanais de resfriamento do oceano atingirem -0,8 °C. O órgão informou na quinta-feira (11) que chances do fenômeno se desenvolver são de 85% a 95%, com uma transição ENSO-neutro e duração para até o inverno Hemisfério Norte.

"Com base nas últimas observações e orientações de previsão, os meteorologistas acreditam que as chances de um La Niña de fraca a moderada está crescendo e acabará por se enfraquecer na primavera", disse a agência em informativo.  Para que o La Niña seja confirmado, as temperaturas devem ficas abaixo de -0,5°C por três meses consecutivos.

O La Niña é causado pelo resfriamento das águas do Oceano Pacífico e, em outras localidades ao redor do globo também pode incitar mudanças climáticas, como o aumento das chuvas no Sudeste Asiático e Austrália. Para os Estados Unidos, o NOAA disse que a perspectiva favorece temperaturas acima da média e precipitação abaixo da média em toda a parte Sul do país, enquanto a parte Norte poderia ver temperaturas abaixo da média e acima da precipitação mediana

Reflexos do fenômeno nos EUA

Segundo Rebello, a recente onda de frio nos Estados Unidos causada pela Corrente de jato (Jet Stream) mostra claramente mais um sinal de ocorrência de La Niña, com o ar quente sendo empurrado na parte Oeste dos Estados Unidos e a Corrente de Jato inversa empurrando o ar frio na parte Leste. "Esses extremos são consequências claras do fenômeno", explica.


Anomalias meteorológicas típicas de janeiro a março e circulação atmosférica durante El Niño e La Niña de moderada a forte intensidade - Fonte: NOAA

Estado de alerta para La Niña Costeiro

Em um boletim divulgado nesta quinta-feira (11), a comissão encarregada do Estudo Nacional do Fenômeno El Niño (ENFEN) do Peru manteve o estado de alerta de "La Niña Costeiro", já que as condições frias permanecem na superfície do mar na região central equatorial do Oceano Pacífico (Niño 3.4), na ordem de -0,8°C e na região Niño 1+2 (porção do Oceano Pacífico localizada na costa do Peru), a -1,5°C. Contudo, espera-se que as condições na temperatura da superfície do mar sejam normalizadas nos próximos dois meses.

O ENFEN estima que, para o verão de 2018, as condições de La Niña têm probabilidade de ocorrência em 76% no Pacífico Central, seguida de condições neutras, estas com probabilidade de 23%, enquanto as condições para um evento de El Niño seriam de apenas 1%. No Pacífico Oriental, frente à costa norte do Peru, é mais provável que ocorram condições neutras (70%), seguidas pela condição de La Niña (23%). As condições para um El Niño teriam probabilidade de 7%.

Espera-se, assim, que as condições de La Niña permaneçam no Pacífico Central até o final do verão de 2018, mantendo a maior probabilidade de chuvas acima do normal para as regiões andina e amazônica.

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Por: Jhonatas Simião // Izadora Pimenta
Fonte: Notícias Agrícolas

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