Especialista argentino vê La Niña configurado e destaca efeitos sobre a safra de verão do país
O fenômeno La Niña deve se intensificar e atuará durante toda a safra de verão da Argentina, segundo um especialista consultado pela Bolsa de Comércio de Rosario (BCR), o doutor em Ciências Atmosféricas José Luis Aiello.
Segundo explicou Aiello, a situação "está complicada" por conta da aceleração do resfriamento que o Pacífico Central sofreu. Além disso, ele alertou que a safra de soja e milho 2017/18 não contará com chuvas normais no país e que os rendimentos não estarão em seus níveis mais altos como os dos três últimos ciclos.
"O principal responsável pelas chuvas de verão de grande escala é o Pacífico Equatorial Central. Ele já havia tido um resfriamento leve e depois se intensificou a tal ponto que o boletim de novembro do NOAA anunciou a volta do La Niña. Hoje estamos com um índice do Pacífico que corresponde com uma Niña. O impacto é direto: são menos efetivos os mecanismos de umidade atmosféria no semestre mais quente. Isso já está acontecendo. Na nossa região, a oferta de água fica mais baixa e isso deve seguir sobre toda a safra de verão. A única alternativa que temos para receber chuvas moderadas ou fortes serão dadas pelas instabilidades, que vão ser mais frequentes pelo efeito das mudanças climáticas e dos mecanismos regionais", sinalizou.
Em relação à área central da Argentina, o especialista confirmou que haverá chuvas, mas que estas serão abaixo do normal. "As de maior intensidade irão ocorrer no norte do país. Temos que ter em conta ainda o componente da radiação solar e dos ventos de superfície, que estarão presentes e, lamentavelmente, ajudam na evaporação".
Para os produtores argentinos, ele disse que realizar as melhores práticas para que os cultivos possam usar de maneira mais efetiva as reservas de umidade que existem na profundidade dos solos é uma das principais táticas para este momento.
Tradução: Izadora Pimenta