Brasil e Argentina começam nova safra com chuvas inadequadas, mostra CWG
O Commodity Weather Group trouxe, nesta semana, seu relatório de médio prazo com previsões climáticas para a América do Sul, América do Norte, China, Europa e África do Sul e seu principal destaque foi a possibilidade de ocorrência do La Niña. A formação do fenômeno, embora ainda cause algumas divergências, está ocorrendo, segundo explicam especialistas e poderia gerar algumas preocupações para os produtores rurais, principalmente, sulamericanos.
"O desenvolvimento do La Niña aumenta as ameaças para o milho e a soja do Brasil, com uma seca podendo ocorrer em outubro no Centro e Nordeste do país. No entanto, as chuvas podem melhorar na sequência", diz o boletim do CWG.
A imagem a seguir mostra entre as principais regiões produtoras da Argentina, as chuvas entre dezembro e fevereiro. Ainda assim, a consultoria acredita em 55% de chance de uma Argentina mais seca e 45% mais úmida.
Demais números do grupo indicam 65% de chances de um início mais lento da temporada das chuvas - o que poderia prejudicar também as floradas do café no Brasil; 50% de possibilidade de que um verão mais quente e seco ameace o potencial produtivo da soja e do milho no Brasil e na Argentina; 30% de chance de uma seca no verão atingir ambas as culturas durante seu desenvolvimento.
Para a Europa, a preocupação se dá com a possibilidade de um período mais úmido, principalmente, no oeste do continente entre outubro e novembro. Já para a Ucrânia e região, o tempo pode ficar mais seco, fazendo os impactos serem mais severos no trigo de inverno.
Na imagem a seguir, o CWG aponta as anomalias nas águas do Pacífico e pontua alguns reflexos:
1. Desenvolvimento mais intenso do La Niña, podendo deixar a Argentina mais seca e a África do Sul mais úmida;
2. Com águas mais frias no oeste do Atlântico, região da antiga União Soviética mais úmida;
3. Oeste do Pacífico com o aquecimento das águas sendo reduzido, tempo mais seco na China;
4. Sudeste do Pacífico com águas mais quente, Brasil central mais seco e Argentina mais úmida.
América do Sul
Com uma presença mais forte do La Niña, de acordo com o boletim do Commodity Weather Group, especialmente o início do verão no Brasil e na Argentina poderão sentir as mudanças. O Centro-Sul e o Nordeste brasileiros poderão ficas mais secos, porém, com as áreas produtoras mais ao norte um tanto mais favorecidas pelas chuvas.
A imagem acima traz, na primeira parte, as previsões de chuvas para a América do Sul - com regiões, a maior parte delas, com chuvas abaixo a média entre outubro e fevereiro. Na seguna parte, o primeiro mapa mostra as temperaturas bem acima da média no próximo mês, mas amenizando nos sequentes até fevereiro.
Ainda no Brasil, o início do plantio da soja e do milho poderia se atrasar no Centro-Oeste, mas ter esse processo recuperado e as condições amenizadas depois do começo de outubro. Porém, o grupo afirma ainda que a oleaginosa e o cereal do Paraná poderiam sofrer com a continuidade do tempo seco durante novembro, o que poderia, se confirmado, prejudicar também o café do Centro-Sul do Brasil.
"Os principais impactos poderiam ser um atraso e um menor potencial das floradas do café, tal qual uma mudança, na primeira safra, de área de milho para a soja no Paraná", diz o grupo internacional.
Os principais focos de seca durante o verão no Brasil poderão atingir o Sul, pegando 40% da safra de milho, 1/3 da produção de soja e 3/4 da safra de arroz. Ao mesmo tempo, as chuvas poderiam melhorar nas demais regiões, trazendo um cenário mais faorável para o restante da soja, milho, cana-de-açúcar e café.
Na Argentina, o excesso de chuvas em outrubro pode atingir e prejudicar a colheita e a qualidade do trigo, além de atrasar a semeadura da soja e do milho . Mas esse padrão poderia melhora ainda em novembro, para os trabalhos de campo de final da primavera. Na sequência, um verão mais quente e seco pode atingir o desenvolvimento da soja e do milho em cerca de metade do cinturão produtivo, com a seca mais severa podendo ser registrada em dezembro.
Para o CWG, a produtividade da soja e do milho na Argentina e do arroz no Brasil é projetada para ficar, ao menos, ligeiramene abaixo da média; o milho próximo da média, e a soja, o café e a cana na média ou acima dela.
"Sobre o La Niña, os riscos principais na América do Sul deverão ser sentidos, caso o fenômeno se confirme, na Argentina, com a seca do verão podendo ser mais severa e duradoura. Para o Brasil, as relações são mais distintas entre as regiões, com a possibilidade de tempo mais seco no norte do país e mais úmido ao norte", diz a consultoria internacional.