Corn Belt: Chuvas melhoram nos próximos dias, mas seguem limitadas no Oeste
O USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) trouxe seu novo boletim mensal de oferta e demanda nesta quarta-feira, 12 de julho, indicando um aumento nas safras de soja e milho da nova temporada e acabou surpreendo o mercado. Os investidores, afinal, esperavam por uma redução nos índices de produtividade, principalmente do milho, em função das adversidades climáticas que vêm sendo observadas nas últimas semanas no Meio-Oeste americano, principal região produtora dos EUA.
Faltam chuvas no corredor Oeste do Corn Belt e agora os traders estão ainda mais atentos ao desenvolvimentos das lavouras norte-americanas, em especial, dessa região. Os estados que mais preocupam agora são as Dakotas e o Nebraska. Ainda assim, a colheita de soja foi revisada para 115,94 milhões e a de milho para mais de 362 milhões de toneladas na safra 2017/18 e o impacto dos novos números em Chicago foi imediato. A produtividade, porém, foi mantida em, respectivamente, 54,42 e 180,67 sacas por hectare.
No entanto, o momento continua sendo de extrema atenção ao mercado climático e, apesar de algumas chuvas que começam a aparecer para o Oeste do Meio-Oeste nos próximos dias, especialistas nacionais e internacionais afirmam que as mesmas são insuficientes, ao menos nesse momento, para reverter o cenário atual. Além disso, os principais modelos meteorológicos começam a divergir novamente e trazer alguma insegurança ao mercado.
Para os próximos cinco dias, de acordo com as últimas previsões do NOAA, o serviço oficial de clima do governo norte-americano, as chuvas são mais expressivas e volumosas do que as observadas há algumas semanas, incluindo a região Oeste, apesar de ainda limitadas.
E para o Oeste do Meio-Oeste norte-americano, nos próximos sete dias, os volumes são ainda mais expressivos, porém, de forma ainda pontual e também limitada. Para este intervalo, são esperados acumulados de 6,35 mm de chuvas para as Dakotas e no Nebraska. No Kansas, os índices podem ser ligeiramente maiores.
"No front meteorológico, para os próximos 10 dias, os dois principais modelos – americano e europeu – estão divergindo, com o modelo europeu diminuindo a abrangência do sistema de alta pressão, o que indica a diminuição das temperaturas, porém o bloqueio atmosférico ainda impede a entrada de sistemas de chuva, principalmente para o oeste do Cinturão, ou seja, tempo predominantemente para grande parte do Corn Belt, principalmente nas Dakotas. Já o modelo americano trabalha com o sistema de alta pressão mais para o centro-sul americano, o que mantém as temperaturas acima da média e ainda com previsão de chuvas abaixo do normal para grande parte das áreas agrícolas", explica o diretor da Labhoro Corretora, Ginaldo Sousa.
Os modelos indicados pelo Commodity Weather Group (CWG) mostram chuvas abaixo da média para as Dakotas, por exemplo, nos intervalos de 1 a 5 e 11 a 15 dias. No entanto, ao se observar o período de 6 a 10, essas chuvas na Dakota do Sul poderiam vir acima do normal. Ainda assim, em seu reporte desta quinta-feira (13) volta a chamar atenção para pontos de seca na Dakota do Sul, Dakota do Norte, noroeste de Iowa, sudoeste de Minnesota, centro do Kansas, leste do Missouri e leste de Illinois, condições que podem durar até a próxima semana.
"As chuvas no Meio-Oeste ajudam o desenvolvimento da soja e do milho, enquanto nas Planícies as precipitações, apesar de ainda limitadas, podem trazer algum alívio para o trigo. O mesmo acontece no Delta e no Sudeste para a soja, o milho e o algodão", resume o boletim do CWG.
Nas previsões mais alongadas, para os próximos 16 a 30 dias, as temperaturas parecem ficar dentro da média para a maior parte do Corn Belt, enquanto as chuvas ainda se mostram limitadas em alguns pontos.
De acordo com informações apuradas pela AgResource Brasil (ARC Brasil), a massa de ar quente que vinha estacionada sobre o oeste dos Estados Unidos começa a se deslocar lentamente sentindo leste, atingindo parte das Planícies e o oeste do cinturão produtivo na próxima semana. "Na medida em que se desloca, um padrão com temperaturas mais quentes e precipitações mais escassas são observadas nas áreas cobertas. Até o momento, chuvas são irregulares e com índices pluviométricos limitados até os últimos dias de julho", informa a ARC Brasil.
O portal internacional Agriculture.com dividiu a região produtora em três sub-regiões, mostrando que as condições climáticas são bastante irregulares neste momento. São elas as Planícies do Norte, o oeste e centro-sul do Meio-Oeste e o nordeste do Meio-Oeste.
Nas Planícies do Norte, incluindo as Dakotas e Montana, o clima quente e seco causa uma seca que varia de moderada a extrema, com a soja, nessas áreas, "com sede com de uma boa chuva". Na segunda área - oeste e centro-sul do Meio-Oeste, estão o oeste de Nebraska, sul de Iowa e de Illinois, o cenário já é mais ameno, porém, as condições de seca podem levar a seca, avaliada pelo Drought Monitor, à faixa de "moderada". Já no nordeste do Meio-Oeste - de Minnesota, descendo por Iowa e por Indiana e Illinois, as condições já são muito mais favoráveis.
Imagem do Drought Monitor indica as áreas de soja que estão experienciando a seca - nos locais demarcados em vermelho. As áreas em verde escuro são onde há uma maior área cultivada com a oleaginosa, e a verde claro, menor.
"Voltamos a bater na tecla que estamos em um importante Mercado Climático e enquanto os modelos meteorológicos não entrarem em sintonia, principalmente com relação ao sistema de alta pressão e os mapas não mostrarem definição, os preços devem continuar voláteis em Chicago", complementa o diretor da Labhoro.