El Niño Costeiro afeta a costa do Peru e traz temor para alcance global
A Bolsa de Cereais de Buenos Aires (BCBA) divulgou sua nova Perspectiva Agroclimática para a América do Sul, na qual aponta a presença de um "El Niño costeiro" frente ao Peru, o que traz um temor de que o fenômeno poderia ter alcance global, produzindo fortes impactos.
Este fenômeno é caracterizado pelo aquecimento do mar da costa do Peru, o que causa intensas tempestades sobre este país e as regiões próximas. Suas causas são pouco conhecidas. Algumas fontes relacionam este fenômeno com erupções vulcânicas submarinas que esquentam o mar, mas essa explicação ainda não é irrefutável.
Ele também se diferencia do El Niño comum por não deixar os ventos Alísios debilitados. Isso faz com que esse alcance seja local, mas, ao mesmo tempo, possibilita que o "El Niño costeiro" ocorra independentemente de um episódio global como o El Niño, o La Niña ou o período neutro.
Por causa disso, ainda que, a nível global, o La Niña tenha se manifestado em fraca intensidade, o Peru experimentou chuvas torrenciais que causaram grandes danos, tanto sobre seu território como sobre as áreas próximas do Equador, Bolívia, Paraguai, no sul do Brasil e no norte e no litoral da Argentina.
Possibilidade de um El Niño global é pouco provável
Mesmo que o El Niño Costeiro não tenha relação direta com o El Niño, esta evolução tem gerado um forte temor de que o fenômeno se converta em um verdadeiro "El Niño", que poderia causar impactos catastróficos sobre a região, já que seus efeitos se somariam aos do recente Super El Niño 2015/16.
Não obstante, para que esse fenômeno se concretize, seria necessário que os ventos Alísios, que até o momento se mantêm fortes, reduzam abruptamente sua intensidade.
Assim, a emergência de um novo El Niño de alcance global pode ser possível, mas pouco provável.
Esse risco, entretanto, só poderá ser descartado ao longo do mês de maio, que é quando os Alísios mostram seu verdadeiro vigor.
Estado do Atlântico Sul
Adicionalmente, se observa que uma massa de ar quente que avança para o sul, causa lapsos úmidos e de calor e uma massa de ar polar produz rajadas frequentes na região dos pampas argentinos, com ar frio e seco, desatando fortes tempestades, com risco de granizo, ventos e aguaceiros torrenciais, seguidos por quedas de temperatura bem marcadas.
Isso se manifesta por conta das correntes marítimas que influenciam sobre o leste da América do Sul: a corrente marítima quente do Brasil e a corrente marítima fria das Malvinas.
Durante março e abril, a corrente quente do Brasil superou, em forma tardia, a corrente fria das Malvinas, levando chuvas intensas sobre o sul da região dos pampas e provocando tempestades localizadas na costa patagônica.