Argentina: o desafio de produzir em zonas inundadas
As intermináveis chuvas das últimas semanas geraram sérios problemas nas empresas agropecuárias da Zona Núcleo da Argentina, cuja solução depende do grau de dano da superfície. Segundo o consultor Julio Lieutier, que trabalha em campos do norte de Buenos Aires, os que se encontram em pior situação são os pequenos produtores, com 100% de suas terras inundadas.
No outro extremo, há quem tenha de 10% a 20% da sua superfície afetada, com algumas partes perdidas. "Em alguns casos, o deterioramento dos cultivos de plantio precoce é baixo e pode chegar a ser compensado com um rendimento superior na zona não afetada. Porém, todos os cultivos de segunda etapa de plantio e os plantios tardios são os que sofrem as maiores perdas", diz o técnico.
Em outras áreas da zona núcleo situadas mais ao norte aparece outra categoria: os que possuem uma porcentagem alta de superfície plantada que foi afetada, tanto de primeira etapa quanto de segunda etapa de plantio, com perspectivas de śérias perdas econômicas se o tempo continuar jogando contra.
Muitas perguntas
Os produtores pequenos muito inundados possuem uma perspectiva preocupante. O objetivo prioritário é recuperar o capital enterrado nesta safra com a menor perda possível e poder encarar a seguinte. Só terão saída com créditos brandos, outorgados por entidades que compreendam a gravidade da situação.
"Os que possuem um baixo grau de dano poderão recuperar as perdas com o plantio de trigo", projeta Lieutier. Os que possuem maior grau de dano devem considerar várias questões. A primeira é que, frente as previsões de La Niña fraco, ocorreu algo muito pior do que um El Niño na zona. Então, o que pode ocorrer no momento da colheita de uma safra tão imprevisível em termos climáticos?
A segunda questão é ver como fica o campo depois da colheita e analisar se será possível o plantio da safra de inverno, que apoiaria o fluxo de fundos em um ano longo. A terceira é como conseguir novo capital operativo para enfrentar as dificuldades e pagar a dívida da presente safra.
Tradução: Izadora Pimenta