La Niña deve ser "débil", aponta relatório da Bolsa de Cereais de Buenos Aires
A Bolsa de Cereais de Buenos Aires (BCBA) publicou na última segunda-feira (17) seu novo Relatório Sazonal sobre o clima, com uma projeção que vai até outubro de 2017 e na qual se destaca que o desenvolvimento do fenõmeno climático La Niña perde força.
Até este momento, as previsões passam por um estado entre um La Niña "débil" ou com "frio neturo".
"Ainda que com menor intensidade que a prevista inicialmente, o La Niña vai afirmando gradualmente a sua presença sobre as zonas do oeste do Cone Sul que se encontram mais próximas do Oceano Pacífico, onde fica o seu foco de ação", indicou a BCBA.
Por esta causa, Peru, Bolívia, Chile, o noroeste argentino, a província de Cuyo e o noroeste da região pampeana, onde os efeitos do La Niña são positivos, terão chuvas acima do normal, que irão repor as reservas de umidade dessas áreas, que durante as temporadas anteriores sofreram uma seca prolongada.
Por outro lado, o leste do Paraguai, o sul do Brasil, o Uruguai e o leste da Argentina, onde a ação do La Niña é negativa, devem ser pouco afetadas por este fenômeno, ao mesmo tempo em que experimentarão uma ação positiva do Atlântico, dando como resultado um cenário próximo ao normal, em seus valores médios, ainda que bastante perturbado pelos fatores antagônicos atuantes.
"Desta maneira, os fatores climáticos se combinarão para prover um cenário favorável para a produção em maior parte da área agrícola do Cone Sul", aponta o informe, que foi elaborado pelo engenheiro agrônomo Eduardo Sierra.
O estado do Oceano Atlântico Sul
Desde meados do ano passado, o Atlântico Subtropical mostra um movimento antagônico entre a corrente marítima quente do Brasil, que traz água quente do Equador até o sul, e a corrente marítima fria de Malvinas, que traz água fria do Mar Glacial Antártico até o norte.
Este fenômeno vem produzindo perturbações que enviam ar frio e úmido para o continente, causando uma grande persistência de mau tempo sobre o litoral atlântico.
Se espera que esta situação persista durante a maior parte da temporada 2016/17, provocando chuvas sobre as áreas próximas ao Litoral Atlântico, mitigando consideravelmente a ação do "La Niña" sobre essas zonas.
Risco de geadas na primavera
O mês de outubro trará risco de geadas localizadas até o centro da província de Buenos Aires e nas regiões serranas próximas à Cordilheira, ao mesmo tempo em que no norte e nas zonas baixas da Argentina, apenas será possível observar entradas de ar fresco, sem capacidade de dano.
Em novembro, os riscos de geadas virão apenas para as regiões serranas da província de Buenos Aires e outras regiões serranas.
Em dezembro, como é normal, desaparecerá todo o risco de geadas, mas ainda serão produzidas algumas interrupções de ar fresco, que afetarão o Litoral Atlântico e as zonas serranas.
Risco de calor extremo no verão
Os fatores climáticos atuantes farão com que o calor do verão modere a sua intensidade, ficando abaixo ou próximo do normal.
Na área em que a La Niña provocará efeitos positivos (Bolívia, noroeste argentino, Chaco paraguaio, o oeste do Chaco argentino, a província de Cuyo e partes do Chile), a elevada nubulosidade associada às chuvas e os solos bem providos de água se unirão para moderar as temperaturas.
Em toda a extensão próxima ao Litoral Atlântico do Brasil, Uruguai e Argentina, assim como na parte oriental do Paraguai, os ventos marítimos provocados pelo choque das correntes quentes e frias, farão com que as temperaturas se mantenham abaixo do normal, mas porém, com alguns episódios de calor intenso.
Semana climática no Brasil
No último final de semana, os estados de Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, o sul de Goiás, o sul de Minas Gerais, São Paulo, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul receberam chuvas. No entanto, essas chuvas foram mais leves e espaçadas nessas áreas, que precisam de um maior nível de umidade do solo, portanto, essas regiões, que incluem as principais produtoras de soja e milho do Brasil, irão precisar de maiores volumes de chuva.
Nesta semana, o Rio Grande do Sul recebe chuvas intensas, que irão melhorar a umidade do solo mas, ao mesmo tempo, atrapalhar a colheita do trigo.