EUA perde milhares de cabeças de gado com condições trazidas pelo El Niño

Publicado em 10/02/2016 07:09 e atualizado em 10/02/2016 07:43

Enquanto a Austrália enfrenta secas e temperaturas acima da média, os Estados Unidos sofrem os efeitos do El Niño com excesso de chuvas e nevascas. Desde que o inverno começou no hemisfério norte, fortes tempestades têm trazido prejuízos à agricultura e a pecuária do país. De acordo com o Departamento de Agricultura do Texas, mais de 30 mil cabeças de vacas leiteiras morreram durante a tempestade Goliath, em dezembro de 2015, e novas nevascas intensas ainda atingem o Meio-Oeste americano em Janeiro e Fevereiro. 

Um dos pecuaristas afetados foi Joe Osterkamp, que também é presidente da Associação de Pecuaristas Leiteiros do Texas (Texas Association of Dairymen). Em entrevista exclusiva ao Notícias Agrícolas, ele conta que perdeu mais de 200 cabeças de gado em sua propriedade na cidade de Muleshoe, TX. “A tempestade Goliath durou 2 dias, entre 26 e 28 de dezembro, a temperatura caiu 15 graus, enfrentamos ventos de 143 km/ hora e tivemos acumulo de mais de 1 metro de neve. Durante 24 horas, a visibilidade na fazenda era zero”.

Vacas leiteiras mortas após forte nevasca no município de Muleshoe, Texas. Foto: Joe Osterkamp

 

A propriedade de Osterkamp tem 323 hectares e comporta 2.800 cabeças de gado leiteiro. Ele conta que também cultiva milho e sorgo para fazer silagem e que parte do alimento foi perdido, pois os celeiros ficaram cheios de neve “Levamos 3 dias para limpar o celeiro, nunca vi nada parecido e pessoas que moram nessa região há mais de 70 anos também dizem que este foi a nevasca mais forte que já presenciaram”.      

Prezuízos à industria leiteira no Texas

O diretor executivo da Associação de Pecuaristas Leiteiros do Texas, Darren Turley, informou que os efeitos da nevasca na indústria leiteira no estado será sentida por pelo menos mais dois meses. “Mais de 15 mil cabeças de gado morreram na região dos municípios de Lubbock, Moleshoe e Friona, que foram mais atacados pela nevasca. Essa região é responsável pelo fornecimento de 40% do leite no Texas”.

Turley explica que as vacas são ordenhadas duas vezes ao dia, mas depois da nevasca, ficaram mais de dois dias sem serem ordenhadas. “Quando uma vaca leiteira fica tanto tempo sem ser ordenhada, seu leite começa a secar. As vacas da região ainda estão fornecendo menos leite e isso vai afetar os consumidores e os pecuaristas por mais alguns meses”.

Efeitos do El Niño a longo prazo

Os efeitos do fenômeno climático El Niño devem continuar a afetar os padrões de precipitação e a temperatura ao longo dos Estados Unidos nos primeiros meses de 2016. Em um anuncio à imprensa, o National Weather Service informou que o Sul dos EUA deverá sofrer um aumento de chuvas, enquanto o norte do país terá uma redução no padrão de precipitações”.

Em entrevista exclusiva ao Notícias Agrícolas, John Nielsen Gammon, meteorologista e climatologista do Estados do Texas, afirmou que o El Niño 2015-16 é um dos mais fortes dos últimos 50 anos e continuará afetando a agricultura americana. “Em 2015 registramos a tempestade mais forte no Texas desde 1950 e o padrão de chuvas no estado está acima do normal”. 

Boa notícia para a agricultura da Califórnia

Apesar de prejudicar a pecuária e agricultura e a pecuária no Meio-Oeste dos Estados Unidos, o excesso de chuvas provocado pelo El Niño poderá beneficiar a agricultura na Califórnia, onde 1 terço dos vegetais e dois terços das frutas do país são produzidos. Depois de enfrentaram quatro anos consecutivos de seca, os produtores californianos estão vendo seus reservatórios de água voltarem aos niveis normais. 

Porém, o governo dos Estados Unidos está orientando a população a se preparar para deslizamentos de terra no Sul do Estado. 

A Agência Federal para Gerenciamento de Emergências (FEMA – Federal Emergency Management Agency) estabeleceu uma ‘força tarefa’ desde agosto do ano passado para preparar indústrias, produtores e residentes enfrentar os efeitos do El Niño em todo o país. A agência informou que o solo está excessivamente seco na Califórnia, quase impermeável, e por isso a região fica mais susceptível a inundações, com a ocorrência de chuvas fortes.    

Por: Fernanda Bellei
Fonte: Notícias Agrícolas

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