EUA 2016/17: Plantio deve contar com boas condições climáticas no Corn Belt, mostram previsões
A primavera começa em março nos Estados Unidos e meteorologistas internacionais já começam a trazer suas previsões climáticas e as condições que o tempo trará para o plantio da safra 2016/17 de grãos dos Estados Unidos. E segundo o Centro de Previsões do Serviço Nacional de Clima do país (CPC), os primeiros mapas já mostram que o Corn Belt, a principal região produtora norte-americana, não deve contar com extensos períodos de seca entre janeiro e abril. Os eventos de seca, ainda ocasionados pelo fenômeno El Niño devem limitar-se, portanto, às áreas mais ao extremo Noroeste do país.
Monitor da Seca nos EUA - Apenas as áreas em marrom indicam períodos de estiagem - Fonte: NOAA
Para o período de fevereiro a abril, o CPC prevê temperaturas acima da média por todo o Norte dos Estados Unidos, incluindo as Planícies Norte e todo o Meio-Oeste, enquanto temperaturas abaixo do normal para o intervalo podem ser registradas do Texas às fronteiras com o Golfo do México. Já sobre as chuvas, acumulados acima da média são esperados nas Planícies do Centro e do Sul, enquanto os mais baixos devem estar localizados na costa leste do Corn Belt.
Previsão das Temperaturas nos EUA - Fevereiro a Abril - Fonte: NOAA
Previsão das Chuvas nos EUA - Fevereiro a Abril - Fonte: NOAA
O CPC destaca ainda que, apesar de o pico do El Niño já ter passado e que o fênomeno começa a perder força, este ainda é o principal direcionador das condições climáticas neste primeiro trimestre do ano. Assim, as questões agora se dão em torno desse enfraquecimento e da transição para um período de La Niña. E, ainda de acordo com o instituto, há mais chances da ocorrência desse fênomeno - cerca de 79% - do que de o clima voltar a uma neutralidade no trimestre seguinte.
Previsões do CPC para fevereiro
Previsão das Temperaturas nos EUA - Fevereiro - Fonte: NOAA
Previsão das Chuvas nos EUA - Fevereiro - Fonte: NOAA
E como explica o agrometeorologista Marco Antônio dos Santos, da Somar Meteorologia, o enfraquecimento do El Niño também favorece o início da implantação das culturas, principalmente no caso do milho, que começa a ser semeado antes, já que essas temperaturas mais elevadas facilitam o degelo da neve e facilita o aquecimento do solo.
"O plantio do milho, que ocorre já entre o final de março e início de abril, não terá atrasos significativos como aconteceu nos últimos dois anos por conta de frio e excesso de chuvas. Então, o plantio ocorre dentro de uma normalidade", explica.
Para o desenvolvimento da nova safra norte-americana, porém, os efeitos do clima ainda são incertos, já que seguem os estudos sobre se o El Niño será ou não, efetivamente seguido por um La Niña, e que condições podem trazer às lavouras.
"Para ter chuvas no verão americano precisamos de uma forçante, que é o El Niño, e esse ano não vamos ter El Niño, então, nada impede que se tenha períodos mais prolongados de estiagem no Meio-Oeste americano ou nas demais regiões produtoras", explica o agrometeorologista.
Além disso, Santos lembra ainda que os solos norte-americanos têm uma capacidade maior de absorção de água e, com boas chuvas durante a primavera, os efeitos de um período mais seco no verão poderiam ser amenizados. "É um ano para se olhar para os EUA, pois perdas podem vir a ocorrer", diz.
La Niña
Ainda segundo o agrometeorologista, mesmo ainda sem uma confirmação efetiva da ocorrência do La Niña, a safra 2016/17 dos EUA "ocorrerá em um contexto climático totalmente diferente do que foi observado nos últimos dois anos, ou seja, o padrão da atmosfera e da temperatura das águas do oceano Pacífico estarão completamente diferentemente da safra 2015/16 e também da 2014/15".
No entanto, ele explica ainda que a formação desse fenômeno não impacta tão severamente o ínicio da nova safra norte-americana e, portanto, caso as perdas venham a ocorrer, deverão ser mais localizadas do que generalizadas.
"Vai depender muito de como será o regime de chuvas na primavera. Caso esse La Niña se intensifique durante e entre no verão americano com chuvas muito abaixo da média, aí sim poderemos ter grandes impactos na produtividade da soja, milho e algodão. E o problema ficaria extremamente grave se o La Niña se estender até 2017, aí podemos nos remeter às perdas de 2012, quando tivemos uma grande quebra", completa Santos.